Esclarecimentos oportunos
A mediunidade não pode ser objeto de comércio,
especulação ou meio de vida.
“O charlatanismo, e só ele, pode pretender a
possibilidade de ter aberto um escritório de comércio
com os Espíritos.”- Allan
Kardec
Quando nos entregarem um panfleto na via pública
propagando serviços de um “médium-espírita” a
tanto por cabeça, propondo revelar o passado, o futuro e
resolver este ou aquele problema financeiro, emocional,
sentimental, etc..., não deve existir a menor dúvida que
se trata de charlatanice, que o Espiritismo
absolutamente não abona.
Na verdade, tal pessoa não é médium-espírita, vez que o
Espiritismo não é o proprietário particular da
mediunidade e não se responsabiliza pelo seu mau uso.
Mas, sem dúvida alguma, os Espíritos que porventura se
manifestam através de médium-não-espírita-remunerado,
são Espíritos e médiuns levianos. Nenhum Espírito
Superior se prestaria a coadjuvar um médium-comerciante.
A mediunidade seriamente praticada não se presta a esse
tipo de coisa.
Francisco Cândido Xavier foi o modelo de médium-sério,
visto que nunca cobrou nada de ninguém e através de sua
abendiçoada mediunidade chegaram até nós mais de quatro
centenas de livros ditados pelos Espíritos amigos; isso
sem falar nas milhares de cartas de desencarnados que
vêm, através dos canais mediúnicos consolar os que ainda
estamos do lado de cá.
Jesus traçou os serviços,
a serem prestados gratuitamente pelos médiuns ao
proclamar: “(...)
restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos,
curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai
gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido".
Entende Allan Kardec que
o significado desta última frase é que “ninguém
deve cobrar por aquilo que nada pagou. O dom da
mediunidade que Deus dá gratuitamente para alívio
dos que sofrem e como meio de propagação da fé, não pode
ser objeto de comércio nem de especulação, nem de meio
de vida.
Jesus expulsou os mercadores do templo. Condenou assim o
tráfico das coisas santas sob qualquer forma. Deus não
vende a Sua bênção, nem o Seu perdão, nem a entrada no
Reino do Céu. Não tem, pois, o homem, o direito de
lhes estipular preço".
E complementa, ainda, o
Mestre Lionês: “os
médiuns atuais — pois que também os apóstolos tinham
mediunidade — igualmente receberam de Deus um dom
gratuito: o de serem intérpretes dos Espíritos, para
instrução dos homens, para lhes mostrar o caminho do bem
e conduzi-los à fé, não para lhes vender palavras que
não lhes pertencem, a eles médiuns, visto que não são
frutos de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem
de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a
todos; não quer que o mais pobre fique dela privado e
possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não
tive o consolo de receber os encorajamentos e os
testemunhos de afeição dos que pranteio, porque sou
pobre. Tal a razão pela qual a mediunidade não constitui
privilégio e se encontra por toda parte. Fazê-la pagar
seria, pois, desviá-la do seu providencial objetivo.
(...) O simples bom senso repele semelhante
procedimento. Não seria também uma profanação evocarmos,
por dinheiro, os seres que respeitamos, ou que nos são
caros?! É fora de dúvida que se podem assim obter
manifestações; mas, quem lhes poderia garantir a
sinceridade?
Os Espíritos levianos, mentirosos, brincalhões e toda a
caterva dos Espíritos inferiores, nada escrupulosos,
sempre acorrem, prontos a responder ao que se lhes
pergunte, sem se preocuparem com a verdade. Ora, a
primeira condição para se granjear a benevolência dos
bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a
abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e
material”.
O Espiritismo é ao mesmo tempo: ciência, filosofia e
religião. Existem muitas meias verdades e muitos
interesses subalternos movimentados no sentido de
vulgarizar e desmoralizar o Espiritismo, confundindo-o
com outros tipos de crenças, principalmente com as
originárias da mãe África.
É bom sempre lembrar e
realçar que o Espiritismo, como corpo de doutrina,
nasceu no ano de 1857, dia 18 de abril, na França,
quando veio a lume a primeira edição de “O
Livro dos Espíritos”.
A Doutrina Espírita é o “Consolador” prometido
por Jesus, que viria relembrar tudo que Ele ensinara e
explicar as coisas que Ele não teve condições de revelar
àquele tempo. Ela tem por precípua finalidade a melhoria
das criaturas, ensejando-lhes as condições para alcançar
a alforria espiritual por méritos próprios, realizando,
assim, na prática, a profecia de Jesus, que postula: “conhecereis
a verdade e a verdade vos libertará".
-
KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o
Espiritismo. 129.ed. Rio: FEB, 2009, cap.
XXV, I, item 2.