Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Pais superprotetores não educam para a autonomia

 

O amor-próprio é construído a partir do amor que nos é oferecido por outros. Zygmunt Bauman

 

É um fato: quando os pais são superprotetores e controlam a vida da criança, impedindo escolhas e opiniões, o filho acaba não desenvolvendo sua autonomia e autoconfiança. Cresce fragilizado e muito vulnerável a qualquer contratempo.

Nós, adultos, precisamos aceitar que nossos filhos sejam desde cedo expostos a determinadas experiências frustrantes, difíceis ou permeadas por desafios para criar estratégias próprias de resolução de conflitos, por exemplo.

Crianças que crescem sob constante vigilância e intervenção dos pais tendem a apresentar dificuldades para enfrentarem obstáculos, perdendo facilmente o ânimo frente a situações novas ou desconhecidas.

Na realidade, quando impedimos nossos filhos de sofrerem decepções ou se obrigarem a encarar pequenas dificuldades do dia a dia, empecilhos normais ao cotidiano de uma vida, limitamos a construção da autoestima. Sem espaço para errar e aprender com os próprios tropeços, a criança tende a crescer com medo de falhar e dependente da validação externa. A insegurança se torna, dessa forma, um obstáculo constante.

É nas escolhas singelas cotidianas que a criança começa a entender o que funciona, o que não faz sentido, o que precisa mudar e como seguir em frente apesar dos desacertos, das frustrações.

Evitar que os filhos cometam equívocos  pode parecer uma forma de cuidado, mas, na prática, é um bloqueio de crescimento.

A coragem para enfrentar desafios começa cedo — e é construída quando a criança percebe que pode aprender, errar, consertar e continuar, mesmo quando algo não sai como esperado.

Pais atentos, diferentemente de pais superprotetores, abrem espaço para que a criança desenvolva sua própria autonomia. Eles simplesmente recuam, cedem, para que o filho consiga, de acordo com seu ritmo, desenvolver-se e avançar, à medida que a infância e a adolescência são apenas breves estágios na vida da pessoa humana.

E você? Protege demais o seu filho, ou permite que ele explore, erre, cresça?

 

Notinhas

A criança que foi superprotegida pelos pais na infância se tornará frágil e indecisa quando crescer.

Para se tornar uma pessoa plena e feliz, a criança precisa acreditar em si mesma – o que não acontece quando sempre tem alguém fazendo por ela (algo corriqueiro na casa de pais superprotetores).


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita