Pais superprotetores não educam para a
autonomia
O amor-próprio é construído a partir do amor que nos é
oferecido por outros. Zygmunt
Bauman
É um fato: quando os pais são superprotetores e
controlam a vida da criança, impedindo escolhas e
opiniões, o filho acaba não desenvolvendo sua autonomia
e autoconfiança. Cresce fragilizado e muito vulnerável a
qualquer contratempo.
Nós, adultos, precisamos aceitar que nossos filhos sejam
desde cedo expostos a determinadas experiências
frustrantes, difíceis ou permeadas por desafios para
criar estratégias próprias de resolução de conflitos,
por exemplo.
Crianças que crescem sob constante vigilância e
intervenção dos pais tendem a apresentar dificuldades
para enfrentarem obstáculos, perdendo facilmente o ânimo
frente a situações novas ou desconhecidas.
Na realidade, quando impedimos nossos filhos de sofrerem
decepções ou se obrigarem a encarar pequenas
dificuldades do dia a dia, empecilhos normais ao
cotidiano de uma vida, limitamos a construção da
autoestima. Sem espaço para errar e aprender com os
próprios tropeços, a criança tende a crescer com medo de
falhar e dependente da validação externa. A insegurança
se torna, dessa forma, um obstáculo constante.
É nas escolhas singelas cotidianas que a criança começa
a entender o que funciona, o que não faz sentido, o que
precisa mudar e como seguir em frente apesar dos
desacertos, das frustrações.
Evitar que os filhos cometam equívocos pode parecer uma
forma de cuidado, mas, na prática, é um bloqueio de
crescimento.
A coragem para enfrentar desafios começa cedo — e é
construída quando a criança percebe que pode aprender,
errar, consertar e continuar, mesmo quando algo não sai
como esperado.
Pais atentos, diferentemente de pais superprotetores,
abrem espaço para que a criança desenvolva sua própria
autonomia. Eles simplesmente recuam, cedem, para que o
filho consiga, de acordo com seu ritmo, desenvolver-se e
avançar, à medida que a infância e a adolescência são
apenas breves estágios na vida da pessoa humana.
E você? Protege demais o seu filho, ou permite que ele
explore, erre, cresça?
Notinhas
A criança que foi superprotegida pelos pais na infância
se tornará frágil e indecisa quando crescer.
Para se tornar uma pessoa plena e feliz, a criança
precisa acreditar em si mesma – o que não acontece
quando sempre tem alguém fazendo por ela (algo
corriqueiro na casa de pais superprotetores).