Um dia, todos os povos
serão irmãos
No livro
Diálogos com
Cientistas e
Sábios,
[1] a
autora, Renée
Weber, doutora
em filosofia
pela
Universidade de
Colúmbia (EEUU),
relata que em
1985 se
encontrava na
Suíça, na cidade
de Rougemont,
onde faria uma
entrevista com o
famoso filósofo
e sábio indiano
Krishnamurti (1895-1986).
Ela havia
agendado o
compromisso
meses antes,
mas,
estranhamente, o
filósofo não
queria permitir
a gravação do
encontro. Weber
pretendia
conversar com o
autor de Diálogos
sobre a Vida acerca
do BIG
BANG, ou
Grande Explosão,
a teoria mais
aceita, por
diversos
cientistas, para
explicar a
origem do
Universo,
anunciada em
1948 pelo
cientista russo,
naturalizado
americano,
George Gamow
(1904-1968).
[2] Era
intenção da
jornalista dar
continuidade à
temática,
abordada em
outra entrevista
com o físico
Stephen Hawking
(1942 -), e que
também consta do
seu livro.
Contudo,
Krishnamurti
evita,
delicadamente,
tocar no
assunto: “– Por
que falar da
Grande Explosão,
quando o
mundo está em chamas,
as pessoas estão
chorando, o
homem se mostra
incrivelmente
cruel para com o
semelhante?” Ela
insiste, mas ele
se esquiva,
atencioso,
preferindo
conversar sobre
a condição
humana. Amor
e compaixão são os
seus assuntos
preferenciais
naquele momento.
E enfatiza: a
menos que a
Humanidade
desmantele a sua
violência por
dentro, a partir
de uma radical
mudança pessoal,
todos os nossos
planos estarão
fadados ao
fracasso. Até
que seja
solucionado o
problema humano
básico, nada
mais interessa.
Há,
efetivamente,
nestes dias, explosões
mais
inquietantes em
todo o mundo,
ameaçando a paz
no planeta,
exigindo atenção
especial. Não é
de hoje, porém,
este estado
de guerra.
Ficamos
estarrecidos,
consultando uma
página na Internet,
onde nos
deparamos com
uma longa
história dos
conflitos
humanos, uma
grande variedade
de
beligerâncias,
desde 3.000 anos
antes de Cristo,
com os primeiros
embates entre
povos da
Mesopotâmia (o
atual Iraque) e
invasores;
guerras entre
gregos e persas;
a Guerra do
Peloponeso,
entre Atenas e
Esparta; as
conquistas de
Alexandre, o
Grande, na Ásia,
tomando o
império persa e
chegando até a
Índia; as
Guerras Púnicas,
quando Roma
derrota Cartago.
Tivemos guerras
de um dia, dos 6
dias, dos 30
dias, dos mil
dias, dos cem
anos, guerra de
Tróia, de
Secessão, do
Bacalhau
(disputa entre a
Islândia e o
Reino Unido, em
1970, sobre a
jurisdição da
área pesqueira);
Guerra dos
Emboabas, dos
Farrapos, dos
Alfaiates. Em
1945 começa a
Guerra Fria; em
1979, o Projeto
Guerra nas
Estrelas, um
escudo protetor
antimísseis. A
Primeira Guerra
mundial. A
Segunda Guerra
Mundial, com 55
milhões de
mortos, 35
milhões de
feridos e 3
milhões de
desaparecidos.
Guerra da Coreia,
do Vietnã
(1960-1973), do
Golfo (em 1991),
e entre
Israelitas e
Palestinos. Os
recentes
conflitos
armados entre a
Coreia do Sul e
a do Norte e os
ataques ao
Afeganistão,
após os
atentados
terroristas
suicidas a
Washington e
Nova York em 11
de setembro de
2001. E neste
momento crucial
da História?
Estaremos
vivendo uma
terceira guerra
mundial, diferente
das anteriores,
lenta e longa?
Na citada página
da Web,[3] o
autor informa
que “amargurado
com a invenção
da bomba
atômica, o
físico alemão
Albert Einstein
(1879-1955)
teria dito: Não
sei como será a
terceira guerra
mundial, mas a
quarta será de
paus e pedras”.
Realmente, as
consequências
das guerras são
estarrecedoras.
A segunda guerra
mundial, por
exemplo. Divaldo
Franco, em 1990,
realizou uma
jornada
doutrinária ao
exterior e fez
uma visita ao
campo de
concentração e
de trabalhos
forçados em
Mauthausen, na
Áustria. Nesse
local, entre
1938 e 1945, os
alemães nazistas
dizimaram
122.762 pessoas,
com os maiores
requintes de
crueldade, longe
de qualquer
piedade ou
compaixão.
Outros campos de
concentração
foram mais
terríveis,
culminando com a
morte de 6
milhões de
pessoas, na
operação chamada
por Adolf Hitler
(1889-1945) de solução
final. Tudo
isto está
relatado no
livro Ante os
Tempos Novos
(1. ed. LEAL),
de autoria de
Divaldo Franco e
Suely Caldas
Schubert. No
livro, uma
indagação (pag.
77): por
que será que o
homem pode ser
tão cruel e ao
mesmo tempo tão
gentil? Por que
será que o homem
é tão impiedoso
e explodem essas
guerras? Estudiosos
apontam quatro
causas de
aspecto social:
políticas e
ideológicas,
econômicas,
religiosas e
educacionais.
Existe, porém,
uma causa mais
profunda, bem
mais profunda,
que muitos
pesquisadores,
historiadores e
religiosos não
atentam
corretamente,
porque lhes
falta a correta
visão
psicológica do
homem, do seu verdadeiro
passado e
da sua verdadeira
natureza, e
que uma soberana
lei, a lei
da reencarnação e
seu mecanismo de
reajuste, que é
a legislação em
torno das
causas e dos
efeitos,
rege os destinos
humanos.
Allan Kardec
(1804-1869),
estudioso da Palingênese e
orientado pelos
Espíritos
Elevados,
conhecia as
causas sociais
das guerras e da
ausência da paz
no mundo; mas
sabia que o
homem era o epicentro da
questão, e
renascera com a
missão de
oferecer
solução, através
do Espiritismo,
a esse problema.
Por isso, ao
dialogar com os
Espíritos
Codificadores,
busca penetrar o
bisturi espírita
na investigação
dessa realidade,
e indaga, na
pergunta 742 de
O Livro dos
Espíritos: — Que
é o que impele o
homem à guerra? E
as Entidades
Amigas
respondem: —
Predominância da natureza
animal sobre
a natureza
espiritual e
transbordamento
das paixões.
[4] (grifamos)
A causa
fundamental da
guerra é o homem
belicoso. “A
causa principal
da guerra está
no atraso dos
indivíduos e das
sociedades
humanas, donde
derivam as
paixões
desordenadas que
tomam o caráter
de violência e,
com sua
impetuosidade,
produzem os
conflitos”. O
que fazer,
então? A guerra
desaparecerá, um
dia, da face da
Terra? Ou
devemos perder a
esperança? Foi o
que Allan Kardec
perguntou, na
questão 743 de
O Livro dos
Espíritos: — Da
face da Terra,
algum dia, a
guerra
desaparecerá? —
SIM, quando os
homens
compreenderem a
justiça e
praticarem a lei
de Deus. Nessa
época, TODOS OS
POVOS SERÃO
IRMÃOS. (destaque
nosso) Portanto,
é preciso que o
homem lute
contra as suas
paixões. “O
homem ainda
cultiva suas
pequenas
guerras, mantém
suas pequenas
violências”.
Como declarou
Krishnamurti, é
preciso depor
as armas,
desarmar-nos por
dentro,
“instalando em
nós o Reino de
Deus, da piedade
fraternal, da
tolerância”.
É o que afirma
Joanna de
Ângelis em O
Ser Consciente
[5], ao
destacar que a
grande
problemática-desafio
da criatura
humana é a
aquisição da
paz, e que a paz
mundial é uma
utopia! E que a
paz externa só é
possível através
da paz
íntima. E
sugere uma
revisão do
comportamento
humano através
de uma viagem
para dentro de
si, por meio do
silêncio
interior, para
o ser humano
compreender o
significado da
sua vida, a
gravidade da sua
conduta em
relação a Deus,
ao próximo, a si
mesmo, e o
egoísmo ceder
lugar à
generosidade, à
doação, e,
então, em
silêncio íntimo,
empreender a
grande
experiência de
viver o self em
harmonia com as
leis da vida.
Referências:
[1]
Edição Círculo
do Livro. p. 263
a 275.
[2]
Almanaque Abril
1997. p. 171.
[3]
Texto A Evolução
das Guerras, de
Marcelo Ferroni.
[4]
76. ed. FEB.
[5]
Ângelis, Joanna
de. Divaldo
Franco. 1. ed.
LEAL. p. 117,
120.