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Meu caro Nuno Serrão,
Do que se diz no
outro mundo
Em torno à
condenação.
Na luta em que
vamos indo,
Seu pedido, caro
Nuno,
Encerra assunto
excelente
Para debate
oportuno.
Num mundo assim
qual o nosso,
Onde a luta nos
cativa,
Ninguém pode
dispensar
A
crítica
construtiva.
Se erro e se
muitos erram,
É
preciso aparecer
Quem nos aponte
a verdade
Quem nos convide
ao dever.
No entanto, a
critica nobre
Que ampara,
esclarece e
guia,
Traz consigo a
segurança
Dos golpes de
cirurgia.
O
médico em plena
ação,
Não corta, nem
fere à-toa,
Trata ou suprime
a doença
Sem desprezar a
pessoa.
Nesse sentido
assinalo
Que aprendi
desde menino,
A
saber o que é
melhor
Pelo socorro do
ensino.
Mas censura por
si só,
Vertendo verbo
infeliz,
Lembra pedrada
sonora
De quem não sabe
o que diz.
E
já que a vida
devolve
Aquilo que se
lhe oferta,
Toda pedra que
atiramos,
Volta a nós
rápida e certa.
Note o caso de
Nhô Fábio,
Moral de
conversa brava,
Morreu buscando
prazer
Na rua que
detestava.
Nicota falando
às soltas
Acusava a mãe
doente,
Um dia fugiu de
casa
Para morrer
delinquente.
Laurentino
reprovava
A
trilha de
Felisbela .
Foi-se o tempo e
ele finou-se
Apaixonado por
ela.
Jacó censurou o
irmão
Por desposar Nhá
Siluva;
Finou-se o irmão
de repente...
Jacó ligou-se à
viúva.
Falava Artur que
o cigarro
É
só veneno em
consumo;
Depois de tanto
fumar
Morreu no
excesso de fumo.
Pregava contra a
riqueza
Nosso amigo Zé
Romão,
Ganhando na
loteria,
Desertou da
pregação.
Perseguido
injustamente
Por jogo morreu
Quim Cota...
E
o filho que o
acusava
Morreu na frente
da sota.
(1)
Quirino Almeida
zombava
Dos passes de
Nhá Mariana...
Hoje, ele mesmo
procura
Vinte passes por
semana.
A
vida é assim,
caro Nuno...
Condenar não
vale a pena,
Porque a gente
sempre cai
Naquilo que mais
condena.
Irritação e
azedume
Criam angústia e
pesar;
Perante qualquer
ofensa
O
melhor é
perdoar.
Julgar exige
cuidado
Pelos outros e
por si.
Não condene,
ajude sempre,
Que este assunto
é isso aí.
(1)
Sota é a dama
nas cartas do
baralho.
Do capítulo 19
do livro
Retratos da Vida,
de Cornélio
Pires, obra
psicografada
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier.
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