MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
22)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que Odila não foi
informada acerca do
passado de Júlio?
Esta mesma dúvida
intrigava André. Por que
o Ministro não
esclareceu Odila acerca
do assunto? Clarêncio
explicou: "À primeira
vista, seria
efetivamente esse o
caminho a seguir,
entretanto as
recordações do pretérito
não devem ser totalmente
despertadas, para que
ansiedades inúteis não
nos dilacerem o
presente. A verdade para
a alma é como o pão para
o corpo que não pode
exorbitar da quota
necessária a cada dia.
Toda precipitação gera
desastres".
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXVI, pp. 164 e
165.)
B. A reencarnação seria
necessária para a cura
de Júlio?
Sim. O menino, embora
desencarnado, prosseguia
apresentando na fenda
glótica a mesma ferida.
Os cuidados, os recursos
medicamentosos e os
passes magnéticos não
surtiam qualquer efeito.
Visitando com Blandina
inúmeras crianças
infelizes, portadoras de
problemas talvez mais
dolorosos, Odila não
supunha a existência de
tantas enfermidades
depois da morte.
Tentando obter a ajuda
de amigos, para
esclarecer-se
convenientemente, todos
lhe repetiam que os
compromissos morais
adquiridos
conscientemente na carne
somente na carne
deveriam ser resolvidos,
e que, por isso mesmo, a
reencarnação para Júlio
era o único caminho. O
corpo físico funcionaria
como abafador da
moléstia da alma,
sanando-a, pouco a
pouco.
(Obra citada, cap.
XXVII, pp. 166 a 168.)
C. É importante estender
além da família o nosso
raio de trabalho e de
amor?
Evidentemente. O
renascimento de Júlio
serve de exemplo quanto
a isso. Era preciso, no
caso dele, ajustar
providências para a boa
execução da tarefa
reencarnatória. De quem,
todavia, seria possível
obter ajuda? Clarêncio
explicou: "Nesses casos,
a plantação de simpatia
é fator decisivo na
obtenção dos recursos de
que necessitamos... Quem
cultiva a amizade
somente na família
consanguínea,
dificilmente encontra
meios para desempenhar
certas missões fora
dela. Quanto mais
extenso o nosso raio de
trabalho e de amor, mais
ampla se faz a
colaboração alheia em
nosso benefício".
(Obra citada, cap.
XXVII, pp. 168 e 169.)
Texto para leitura
76. A
vida é uma escola
- Odila estava realmente
transformada, e seu
sonho era esforçar-se
para poder receber, em
boas condições, os
entes queridos que
reencontraria, um dia,
na vida espiritual.
Blandina e Mariana
pediram-lhe que ficasse
junto delas, até
situar-se, em
definitivo, no
educandário a que se
destinava, e Odila
aceitou, reconhecida. O
grupo de Clarêncio
despediu-se e retornou
ao seu domicílio
espiritual. André
estava, porém,
intrigado. Por que o
Ministro não esclareceu
Odila acerca do passado
de Júlio? Seria
aconselhável deixá-la
entregue a informações
deficientes? Clarêncio,
após ouvir as
ponderações de André,
explicou: "À primeira
vista, seria
efetivamente esse o
caminho a seguir,
entretanto as
recordações do pretérito
não devem ser
totalmente despertadas,
para que ansiedades
inúteis não nos
dilacerem o presente. A
verdade para a alma é
como o pão para o corpo
que não pode exorbitar
da quota necessária a
cada dia. Toda
precipitação gera
desastres". O Ministro
esclareceu que a própria
Odila, sentindo-se
plenamente integrada no
carinho materno,
assumiria a
responsabilidade do
trabalho alusivo à
reencarnação do menino,
encontrando aí
abençoado serviço de
fraternidade, ao mesmo
tempo que se
reconheceria mais
responsável. "Se
movêssemos as decisões –
acentuou Clarêncio –,
Odila observar-se-ia
anulada em sua
capacidade de agir, ao
passo que, confiando a
ela as deliberações que
o caso reclama,
adquirirá novo
interesse para auxiliar
Zulmira, de vez que a
segunda esposa de Amaro
substituí-la-á na
condição de mãe,
oferecendo novo corpo ao
filhinho..." E aduziu:
"A vida é uma escola e
cada criatura, dentro
dela, deve dar a própria
lição. Esperemos agora
alguns dias.
Interessada em socorrer
o filhinho doente, a
própria Odila virá até
nós, lembrando para ele
a felicidade da volta à
Terra". (Cap. XXVI,
págs. 164 e 165)
77. Odila busca
auxílio para Júlio
- Quatro semanas se
passaram e, como
Clarêncio previu, Odila
foi procurá-lo no Templo
do Socorro. Ela vinha
triste e preocupada.
Júlio prosseguia
apresentando na fenda
glótica a mesma ferida.
Seus cuidados, os
recursos medicamentosos
e os passes magnéticos
não surtiam qualquer
efeito. Visitando com
Blandina inúmeras
crianças infelizes,
portadoras de problemas
talvez mais dolorosos,
não supunha a existência
de tantas enfermidades
depois da morte.
Tentando obter a ajuda
de amigos, para
esclarecer-se
convenientemente, todos
lhe repetiam que os
compromissos morais
adquiridos
conscientemente na carne
somente na carne
deveriam ser resolvidos,
e que, por isso mesmo, a
reencarnação para Júlio
era o único caminho. O
corpo físico funcionaria
como abafador da
moléstia da alma,
sanando-a, pouco a
pouco... Odila estava
amargurada. Que fizera o
menino no pretérito
para receber semelhante
punição? Clarêncio,
profundo conhecedor do
sofrimento humano,
falou-lhe como
sacerdote: "Odila, o
passado agora não é o
remédio próprio.
Atendamos à hora que
passa. Temos Júlio
extremamente necessitado
à nossa frente e o
alívio dele é o nosso
objetivo mais
imediato". A mãezinha
resignada concordou num
gesto silencioso.
"Também creio –
prosseguiu o Ministro –
que a reencarnação do
pequeno é urgente medida
se desejamos observá-lo
no caminho da própria
recuperação." Odila
pediu-lhe então sua
ajuda, e Clarêncio
informou-lhe que Júlio
não era uma criatura
comum, não sendo justo,
por isso, renascer no
mundo a esmo, como
planta inculta
germinando à toa.
Propôs-lhe, assim,
analisar o quadro de
suas relações afetivas,
dizendo: "Tens grande
plantio de amizades
puras na Terra? Em
questões de auxílio,
não podemos perder os
nossos sentimentos de
vista. Tanto para
entrar no reino do
espírito, como para
entrar no reino da
carne, em melhores
condições, não podemos
prescindir da cooperação
de amigos sinceros que
nos conheçam e nos
amem". A mulher entendeu
a observação do Ministro
e revelou que, sempre
ocupada com a casa e a
família, nunca pôde
efetivamente cultivar
tantas afeições, como
seria de desejar. Quem
sabe o Amaro as teria?
(Cap. XXVII, págs. 166 a
168)
78. Processo
reencarnatório -
Clarêncio aproveitou a
citação do nome de Amaro
e assentiu, prontamente.
Amaro seria para o
menino um admirável
companheiro, entretanto
não poderiam dispensar
no cometimento o
concurso de Zulmira, no
trabalho maternal. Para
isso, era
imprescindível Odila
fazer-se mais devotada,
mais amiga... "Um
esforço pede outro. Sem
o lubrificante da
cooperação, a máquina da
vida não funciona",
aditou Clarêncio. Os
olhos de Odila faiscaram
de esperança, e ela
prometeu ajudar: "A
princípio lutei contra
Zulmira, desejando ser
amada de meu esposo,
agora devo lutar em
favor de nossa irmã por
amar o meu filho. Muito
erramos, disputando o
amor dos outros,
entretanto,
corrigimo-nos e
acertamos o passo,
quando procuramos
amar..." Na sequência,
Clarêncio sugeriu-lhe
mantivesse visitas
afetuosas ao antigo lar,
consolidando-lhe a
harmonia, para que Júlio
ali encontrasse um
clima de confiança.
Quando Odila se
despediu, André formulou
para o Ministro diversas
perguntas que lhe
fustigavam a cabeça. A
reencarnação como lei
exigia o concurso da
amizade? Os desafetos
da vida influem em nosso
futuro? O trabalho
reencarnatório não
seria uma imposição
natural? Clarêncio
respondeu, satisfeito:
"A lei é sempre a lei.
Cabe-nos tão somente
respeitá-la e cumpri-la.
Nossa atitude, porém,
pode favorecer-lhe ou
contrariar-lhe o curso,
em favor ou em prejuízo
de nós mesmos. O
renascimento na carne
funciona em condições
idênticas para todos,
contudo, à medida que se
nos desenvolvem o
conhecimento e o amor,
conseguimos colaborar em
todos os serviços do
aperfeiçoamento moral em
nossas recapitulações. A
alma, como a planta,
pode ressurgir em
qualquer trato de solo,
mas não seria justo
relegar sementes
selecionadas a terrenos
incultos. A
reencarnação, por si,
tanto quanto ocorre nos
reinos inferiores à
evolução humana, obedece
a princípios
embriogênicos
automáticos, com bases
na sintonia magnética;
contudo, em se tratando
de criaturas com alguns
passos à frente da
multidão comum, é
possível ajustar
providências que
favoreçam a execução da
tarefa a cumprir". E
ajuntou: "Nesses casos,
a plantação de simpatia
é fator decisivo na
obtenção dos recursos de
que necessitamos...
Quem cultiva a amizade
somente na família
consanguínea,
dificilmente encontra
meios para desempenhar
certas missões fora
dela. Quanto mais
extenso o nosso raio de
trabalho e de amor, mais
ampla se faz a
colaboração alheia em
nosso benefício". (Cap.
XXVII, pp. 168 e 169)
(Continua no próximo
número.)