A Revue Spirite
de 1865
Allan Kardec
(Parte
8)
Damos prosseguimento ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1865. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 20
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Quem são, segundo
Kardec, os médiuns
curadores propriamente
ditos?
Os médiuns curadores
propriamente ditos, cuja
faculdade apresenta
graus muito diversos de
energia, conforme sua
aptidão pessoal e a
natureza dos Espíritos
que os assistem, são
aqueles de quem os
Espíritos se servem como
condutores de seu
fluido.
(Revue Spirite de 1865,
pág. 111.)
B. Pode um Espírito,
mesmo passados dois anos
de sua morte, julgar-se
vivo?
Sim. Foi o que se deu
com Pierre Legay,
parente da Sra. Delanne,
o qual, dois anos depois
de sua morte, ainda se
julgava vivo, cuidava
dos negócios, viajava de
carro, pagava passagem
em estradas de ferro.
Depois de uma longa
conversa com o Sr.
Delanne, Pierre Legay
disse ter afinal
despertado. “Sabeis
que dormi?”, perguntou
Pierre ao Sr. Delanne,
acrescentando à frase:
“Chamo dormir o que
chamais morrer”. Em
seguida, disse que o
Espírito não fica ciente
da nova situação que a
morte corporal lhe
impõe, se não for
imediatamente ajudado a
se reconhecer pela prece
e se não o esclarecerem
sobre sua verdadeira
posição.
(Obra citada, pp. 112 a
115.)
C. Entre o chamado
Espiritismo poético e o
Espiritismo científico,
com qual Kardec ficava?
Ao discordar da opinião
de um Espírito a
respeito de uma frase da
Sra. Foulon acerca do
Espiritismo poético,
Kardec disse que é o
Espiritismo sério, o
Espiritismo científico,
apoiado nos fatos e na
lógica, que melhor
convém à natureza
positiva dos homens da
época e era ele o objeto
de seus estudos.
(Obra citada, pág.
120.)
Texto para leitura
83. Fora o Dr. Demeure,
recentemente
desencarnado, quem
atendeu à ocorrência e
curou a médium, que não
sabia até então que o
médico e amigo havia
desencarnado. A cura
descrita, explica
Kardec, é um exemplo da
ação do magnetismo
espiritual puro, sem
qualquer mistura com o
magnetismo humano.
(Pág. 111.)
84. Por vezes, informa
Kardec, os Espíritos se
servem de médiuns
especiais, como
condutores de seu
fluido: são esses os
médiuns curadores
propriamente ditos, cuja
faculdade apresenta
graus muito diversos de
energia, conforme sua
aptidão pessoal e a
natureza dos Espíritos
que os assistem.
(Pág. 111.)
85. Em Paris, Kardec
conheceu uma pessoa que
oito meses antes havia
sido acometida de
exostoses na anca e no
joelho e, por causa
disso, se encontrava
presa ao leito. Um amigo
dotado da faculdade de
cura tratou do enfermo
pela simples
imposição das mãos,
durante alguns minutos,
sobre a cabeça e pela
prece, que o doente
acompanhava com fervor.
Durante o tratamento o
enfermo experimentava
muita dor, logo seguida
de uma perfeita calma.
Sentia então a impressão
enérgica de várias mãos
a massagear e a estirar
a perna, que se via
alongar-se de 10 a 12
centímetros. O doente
voltou a andar, embora a
antiguidade e a
gravidade do mal
tornassem a cura mais
demorada do que uma
simples entorse.
(N.R.: Exostose – lê-se
ezostose – diz-se da
proliferação óssea
ocorrida na superfície
de um osso.)
(Pág. 111.)
86. Observa Kardec que a
mediunidade curadora
ainda não era
apresentada com
caracteres de
generalidade e de
universidade, mas, ao
contrário, era restrita
como aplicação, isto é,
o médium tinha uma ação
mais poderosa sobre
certos indivíduos do que
sobre outros, e não
curava todas as doenças.
(Págs. 111 e 112.)
87. A
mediunidade curadora –
explica o Codificador –
está exclusivamente na
ação fluídica mais ou
menos instantânea e não
deve ser confundida com
o magnetismo humano, nem
com a faculdade que têm
certos médiuns de
receber dos Espíritos a
indicação de remédios.
(Pág. 112.)
88. Pierre Legay,
parente da Sra. Delanne,
ofereceu aos
pesquisadores espíritas
o singular espetáculo de
um Espírito que, dois
anos depois de sua
morte, ainda se julgava
vivo, cuidava dos
negócios, viajava de
carro, pagava passagem
em estradas de ferro.
Este caso é uma
continuação do relato
publicado na Revue de
novembro de 1864.(Págs.
112 e 113.)
89. Depois de uma longa
conversa com o Sr.
Delanne, Pierre Legay
diz ter afinal
despertado. “Sabeis
que dormi?”, perguntou
Pierre ao Sr. Delanne,
acrescentando à frase:
“Chamo dormir o que
chamais morrer”. Em
seguida, disse que o
Espírito não fica ciente
da nova situação que a
morte corporal lhe
impõe, se não for
imediatamente ajudado a
se reconhecer pela prece
e se não o esclarecerem
sobre sua verdadeira
posição. (Págs. 113 a
115.)
90. Ignorando o que lhe
havia sucedido, Pierre
Legay arrastou, ou
antes, julgou arrastar o
corpo físico com o mesmo
esforço e os males que
se sentem na Terra. Eis
como ele explicou o que
sentiu pós-morte: “Sim,
morre-se; mas não é no
momento em que se deixa
o corpo; é no momento em
que o Espírito,
percebendo sua
verdadeira posição, é
tomado de uma vertigem,
não sabe mais
compreender o que lhe
dizem, não vê mais as
coisas que lhe explicam
da mesma maneira; então
se perturba”. (Pág.
115.)
91. A
Revue reporta as
manifestações espíritas
que estavam ocorrendo
naqueles dias em
Marselha, uma repetição
dos fenômenos
verificados em Poitiers.
Segundo a Gazette du
Midi, do dia 5 de
março, os ruídos tinham
por vezes a força de um
tiro de canhão, de
pequeno calibre, dado
numa casa. Portas e
janelas, piso e paredes
ficam abaladas, os
objetos pendurados nas
paredes se agitam;
parece que a casa vai
ruir, mas nada ocorre.
Depois do barulho não
existe a menor fenda,
nada se estragou, tudo
volta à calma de antes.
A polícia apareceu, mas
nada descobriu.
(Págs. 116 e 117.)
92. Dois poemas de
Marie-Caroline Quillet,
o primeiro intitulado
O Espiritismo, foram
transcritos pela
Revue em sua edição
de abril. No preâmbulo
desse poema, a Sra.
Quillet consignou: “O
Espiritismo é o
desenvolvimento do
Evangelho, a extensão e
a expansão da vida”.
(Págs. 118 a 120.)
93. Reconhecendo que a
poeta está certa quando
diz que “todos são
chamados a concorrer à
obra da renovação
terrestre”, Kardec
discorda da opinião que
ela expendeu ao analisar
uma frase da Sra. Foulon
acerca do Espiritismo
poético. Segundo Kardec,
é o Espiritismo sério, o
Espiritismo científico,
apoiado nos fatos e na
lógica, que melhor
convém à natureza
positiva dos homens da
época e é ele o objeto
de seus estudos.
(Pág. 120.)
94. Falecida em
Bruxelas, após 32 anos
de uma moléstia que a
reteve por 20 anos no
leito, a Sra. Marguerite
Vauchez, mãe de dois dos
principais companheiros
espíritas da cidade,
pouco depois de seu
passamento enviou aos
filhos palavras
confortadoras em que,
declarando-se liberta do
fardo que a prendia ao
leito, lhes disse:
“Vejo, sinto, vivo!”
“Deus teve piedade de
meus sofrimentos. Oh!
meus amigos, como é bela
a vida da alma, quando
desprendida da matéria!”(Págs.
120 a 123.)
(Continua no próximo
número.)