– Pesquisa recente,
realizada por importante
revista brasileira,
constatou uma triste
realidade: os jovens
espíritas, em sua
maioria, aprovam o
aborto e a pena de
morte. Como vê essa
questão? O que falta
para que nossos jovens
possam absorver os
princípios espíritas,
que são claramente
contrários ao aborto e à
pena de morte?
Raul Teixeira:
É natural que os jovens
frequentadores de
centros espíritas tenham
essa postura diante do
aborto e da pena de
morte. Eles estão
discutindo esses temas
nas escolas, nas
universidades, nas rodas
dos amigos, menos nos
centros espíritas. É
muito comum encontrarmos
grupamentos de jovens
espíritas cheios de boa
vontade, de alegria, de
entusiasmo, mas sob a
coordenação de pessoas
que, por não terem o
aprofundamento das teses
espíritas, evitam tanger
essas questões das quais
não saberiam
desincumbir-se perante
os moços.
Assim é que encontramos
grupos enormes de moços
espíritas que estão
sendo treinados para
cantar e tocar
instrumentos com beleza
e harmonia ou que se
esmeram nas artes
cênicas, tudo para
apresentações de grande
beleza estética, sem a
menor dúvida, mas que se
acham vazios dos
conteúdos mais profundos
trazidos pelo
Espiritismo. Aquilo que
reprochamos em outras
religiões está
acontecendo nos
territórios do
Espiritismo.
Lamentávamos as pessoas
que tinham suas
religiões para efeitos
da vida social, e que
nada recebiam delas para
orientar suas vidas,
para falar-lhes da
morte, ressaltando o seu
papel de Espíritos no
mundo com grandes
necessidades de amor e
de instrução. Na hora
mais apertada da
existência, essas
pessoas estão perdidas e
desesperadas, tendo
vivido o tempo todo em
redor dos altares, nos
passos dos seus líderes
ou enredadas a mil e uma
cerimônias. Temos visto
o mesmo nos campos do
nosso Movimento
Espírita,
considerando-se as
aplaudidas exceções.
Muitos dos nossos
jovens, portadores das
dificuldades trazidas
dos remotos ou próximos
passados, que
reencarnaram no seio do
Espiritismo para que
encontrassem a tábua de
salvação dos coerentes e
luminosos ensinamentos,
diante da omissão ou
inadvertência dos que
com eles lidam, veem-se
com dificuldade para
suplantar as pressões do
sexo destravado, da
drogadição, da violência
ou da vida fútil,
perdidos entre baladas e
embalos, marcados por
tatuagens e perfurados
por piercings, sem
nenhum cuidado consigo
mesmos, como quaisquer
jovens com os quais nos
deparamos pelos
caminhos.
O Espírito Emmanuel, por
meio de Chico Xavier,
escreveu no cap. 151 do
seu livro Caminho,
Verdade e Vida que
não podemos esquecer que
a mocidade é a fase da
existência terrestre que
apresenta maior número
de necessidades no
capítulo da direção.
Por que não se consegue
mais dialogar com os
jovens? O que se passa
na mente dos pais, dos
dirigentes, dos
evangelizadores,
relativamente aos seus
espirituais
compromissos? É urgente
a necessidade de mais
acurados estudos e
reflexões de todos os
espíritas, pais,
dirigentes,
evangelizadores e
jovens, a fim de que
alcancemos o
entendimento dos porquês
da nossa vida na Terra e
não atiremos fora tão
formosas oportunidades.
Elucida-nos, ainda,
Emmanuel que o moço
poderá e fará muito se o
espírito envelhecido na
experiência não o
desamparar no trabalho.
Nada de novo conseguirá
erigir, caso não se
valha dos esforços que
lhe precederam as
atividades. Em tudo,
dependerá dos seus
antecessores.
Extraído de entrevista
publicada no jornal
O Imortal
de março de 2009.