VALCI SILVA
valcipsi@terra.com.br
Tupã, SP
(Brasil)
Causas
anteriores das
aflições
“Somos tão
complexos que
quando não temos
problemas nós os
criamos.”
Ninguém se
constrói
sozinho.
Somos
construídos e
construtores da
nossa
personalidade.
Somos
construídos pela
carga genética,
pelo sistema
social, pelo
ambiente
educacional e
pela atuação do
eu através das
vidas
sucessivas.
As tribulações
podem ser
impostas a
Espíritos
endurecidos, ou
extremamente
ignorantes, para
levá-los a fazer
uma escolha com
conhecimento de
causa. Os
Espíritos
penitentes,
porém, desejosos
de reparar o mal
que hajam feito
e de proceder
melhor, esses as
escolhem
livremente.
Tal o caso de um
que, havendo
desempenhado mal
sua tarefa, pede
lha deixem
recomeçar, para
não perder o
fruto de seu
trabalho. As
tribulações,
portanto, são,
ao mesmo tempo,
expiações do
passado, que
recebem nelas o
merecido
castigo, e
provas com
relação ao
futuro, que elas
preparam.
“Aquele, pois,
que muito sofre
deve reconhecer
que muito tinha
a expiar e deve
regozijar-se à
ideia da sua
próxima cura.
Dele depende,
pela resignação,
tornar
proveitoso o seu
sofrimento e não
lhe estragar o
fruto com as
suas
impaciências,
visto que, do
contrário, terá
de recomeçar.”
“Não há crer,
no entanto, que
todo sofrimento
suportado neste
mundo denote a
existência de
uma determinada
falta. Muitas
vezes são
simples provas
buscadas pelo
Espírito para
concluir a sua
depuração e
ativar o seu
progresso.
Assim, a
expiação serve
sempre de prova,
mas nem sempre a
prova é uma
expiação.”
“Pode, pois, um
Espírito haver
chegado a certo
grau de elevação
e, nada
obstante,
desejoso de
adiantar-se
mais, solicitar
uma missão, uma
tarefa a
executar, pela
qual tanto mais
recompensado
será, se sair
vitorioso,
quanto mais rude
haja sido a
luta.
O senso comum
diz que “os
sofrimentos, os
erros, as perdas
amadurecem
espontaneamente
as pessoas. Em
nossa prática
clínica essa
tese não é
defensável. Não
se engane! A
maioria das
pessoas piora
seus níveis de
tranquilidade e
serenidade à
medida que
sofre. O
sofrimento só
nos enriquece
quando intuitiva
ou racionalmente
o trabalhamos.”
O senso comum
diz que “quem
não aprende com
o amor, aprende
com a dor”.
A dor ensina,
mas não é uma
excelente
mestra.
“A dor só se
torna uma mestra
quando nós nos
tornamos seu
mestre, quando
nos
interiorizamos,
refletimos,
desenvolvemos
consciência
crítica, quando
nos
humanizamos...
Caso contrário,
a dor produz
zonas de
conflitos,
criando janelas
de memórias
destrutivas,
portanto será
inútil, algoz,
destruidora...”
Em verdade Jesus
ensinou que se o
sofrer for usado
com resignação e
entendimento
pode levar à
reparação
através do
perdão, da
caridade e do
amor: caminho
único da
reparação. A
grande regra que
Jesus deixou:
Deus não perdoa
baseado em
simples
arrependimento,
mas sim mediante
a reforma no
pensar, sentir e
principalmente
no agir, quando
ensinou: “Eu sou
o caminho, a
verdade e a vida
– ninguém vai ao
pai senão por
mim”.
Ele disse que
não tinha vindo
trazer paz à
Terra, mas a
espada, que veio
para separar o
pai do filho, o
filho da nora, e
o homem da
mulher...
Interpretados ao
pé da letra,
podemos concluir
que esses
ensinamentos não
foram veiculados
pelo mestre.
E essa violência
é contra o nosso
maior inimigo,
que é o nosso
ego. “O espírita
não envolvido
com o estudo da
Doutrina
Espírita, de
conhecimento
superficial,
tende a imaginar
que as dores do
mundo são
cármicas e que
estamos aqui
para sofrer e
tudo o que nos
faz sofrer é
resgate de
dívidas...”
“O homem, como
que de intento,
cria para si
tormentos que
está em suas
mãos evitar.”
A dor não
resolvida de
hoje é o
sofrer de
amanhã...
Portanto...
Sofrer
sinaliza falta
de reforma
íntima no tempo
certo. Como
ensinou Jesus:
a quem muito
for dado, mais
será solicitado:
“pela própria
consciência”.
Para espíritas e
espiritualistas
o sofrer é menos
desculpável do
que para os
outros. Toda
essa realidade
nos remete ao
“conhece-te a ti
mesmo” de
Sócrates, quando
este nos diz que
“uma vida sem
reflexão não
merece ser
vivida“,
assim como
ensinou Santo
Agostinho: “Este
mundo é um mundo
de construção da
alma”.
Valci Silva, de
Tupã (SP), é
psicólogo
especialista em
dependência
química.