AYLTON GUIDO
COIMBRA PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins, São Paulo
(Brasil)
Flagelos e providências
Nestes últimos
dias temos
acompanhado
pelos
noticiários dos
canais de
televisão a
desgraça e a
devastação que
os ventos e as
chuvas têm
feito,
provocando
alagamento de
cidades, de
rodovias e o
deslizamento de
encostas que
levam de roldão
o que têm pela
frente:
casebres, casas,
palacetes,
carros e
transeuntes.
Temos
acompanhado que
a destruição tem
afetado
principalmente
as pessoas mais
pobres, as
quais, para ter
um pedaço de
chão para viver,
invadem as
beiras dos
riachos e as
encostas dos
morros.
Nossos olhares
angustiados
constatam os
dramas trazidos
pelas lágrimas
daqueles que
sofreram esses
terríveis
impactos e
soluçam pela
morte de filhos,
pais, irmãos e
amigos
soterrados pela
reação da
natureza aos
desafios do seu
existir.
Seria possível a
sociedade, em
nosso caso, a
brasileira,
evitar essas
catástrofes, ou
é o destino, é a
consequência do
viver sem
prudência e sem
responsabilidade?
Um pesquisador
desses
fenômenos, em
entrevista, pela
televisão
afirmou:
- A gente, no
passado,
urbanizou de
forma
descontrolada e
visando apenas
ao interesse de
pessoas e grupos
econômicos.
Invadimos as
margens dos
rios. Destruímos
a vegetação que
as amparavam e
controlavam.
Canalizamos os
rios e
construímos, em
nome do
progresso,
extensas
avenidas sobre
eles.
Esprememos o rio
em suas margens,
tomando o espaço
que era dele.
Não nos
preocupamos com
as construções e
edificamos nas
baixadas, e
próximo, o
máximo possível
das margens dos
rios e riachos.
Cobrimos o solo
com pedras e
asfalto
impedindo a água
de ir para o seu
âmago.
Vimos os
miseráveis
escalarem o sopé
dos morros e
equilibrarem
precariamente
seus barracos
nesses locais,
obviamente,
perigosos e
condenados.
Os poderes
públicos não
tomaram
providências, e,
em muitos
lugares, ainda
não tomam, para
impedir que
esses infelizes
e despossuídos,
em desespero de
sobrevivência,
assumissem
riscos
previsíveis.
- Uma voz
clamou:
- Mas não são só
pobres que
provocam e
sofrem os
efeitos dessas
catástrofes!
- Sim, não são
só eles. A
especulação
imobiliária
invade espaços
vitais da
natureza, e eles
levantam casas e
edifícios nas
mesmas áreas de
risco.
Sabem o mal que
estão fazendo,
todavia, o
interesse pelo
lucro é maior do
que o equilíbrio
da natureza e a
vida das
pessoas.
Ouvindo essas
tristes e
terríveis
informações,
pensei: -
haveria meios
para conjurar
esses flagelos?
Lembrei-me da
Lei da
Destruição, de O
Livro dos
Espíritos, de
Allan Kardec, na
questão nº 741:
“É permitido ao
homem afastar os
flagelos que o
torturam?
- Em parte, sim;
não, porém, como
geralmente o
entendem.
Muitos flagelos
resultam da
imprevidência do
homem. À medida
que adquire
conhecimentos e
experiências,
ele os pode
afastar, isto é,
preveni-los, se
souber pesquisar
suas causas.
Contudo, entre
os males que
afligem a
Humanidade, há
os de caráter
geral, que estão
nos desígnios da
providência e
dos quais cada
indivíduo
recebe, em maior
ou menor grau, o
contragolpe. O
homem nada pode
opor a esse tipo
de flagelo, a
não ser
submeter-se à
vontade de Deus.
Além disso,
muitas vezes
esses males são
agravados pela
negligência do
próprio homem”.
A essas
instruções dos
Mentores
Espirituais,
Allan Kardec
aditou:
“Entre os
flagelos
destruidores,
naturais e
independentes do
homem, devem ser
colocados na
linha de frente
a peste, a fome,
as inundações,
as intempéries
fatais às
produções da
terra.
Entretanto, não
tem o homem
encontrado nas
Ciências, nas
obras de
arte..., meios
de neutralizar,
ou, pelo menos,
de atenuar
tantos
desastres?
Certas regiões,
outrora
assoladas por
terríveis
flagelos, não
estão hoje
livres deles?
Que não fará,
então, o homem
pelo seu
bem-estar
material, quando
souber
aproveitar-se de
todos os
recursos da sua
inteligência e
quando, sem
prejuízo da sua
conservação
pessoal, souber
aliar o
sentimento de
verdadeira
caridade para
com os seus
semelhantes?”
Parei para
pensar: esses
conceitos foram
emitidos com a
publicação do
citado livro em
18 de abril de
1857.
Quanto a Ciência
e a tecnologia
evoluíram!... Se
não afastamos
grande parte
desses flagelos
é porque o
egoísmo e a
ganância ainda
reinam acima da
Justiça e do
Amor que
beneficiariam as
pessoas e a
coletividade.
De se lembrar
que, quando o
Amor não
sensibiliza para
o bem-estar, a
dor imporá o
despertamento
para a
realidade.