Helena Bertoldo
da Silva:
“É urgente
desenvolver
ações educativas
que preservem o
meio ambiente”
|
Professora
aposentada, com
pós-graduação em
culturas
juvenis,
subjetividade e
educação, Helena
Bertoldo
(foto) é
dedicada
colaboradora do
movimento
espírita. Nesta
entrevista, ela
nos fala sobre
sua participação
na seara
espírita e
explica como é e
de que trata o
Projeto de
Gestão do Saber
Ambiental
desenvolvido
pela Federação
Espírita do Rio
Grande do Sul (FERGS).
Como se tornou
espírita?
Meus pais eram
espíritas e
comecei a
estudar
seriamente a
doutrina
espírita em
1969, na
Sociedade
Espírita
Humberto de
Campos, em
Canoas-RS.
|
Fale-nos do seu
envolvimento no
Movimento
Espírita. |
Não me considero
uma dedicada
trabalhadora
espírita, porém
estou
profundamente
envolvida no
Movimento
Espírita. Faço
palestras,
viagens para
facilitar
cursos,
seminários e
outros. Sou
trabalhadora do
Lar Espírita
Fonte Viva, no
Bairro Rubem
Berta em Porto
Alegre, onde
estou
vice-presidente
e sou
coordenadora do
Estudo e
Educação da
Mediunidade.
Trabalho como
voluntária no
Grupo Yvonne
Pereira, no
Hospital
Espírita de
Porto Alegre.
Colaboro,
também, na FERGS
– Federação
Espírita do Rio
Grande do Sul,
onde no biênio
2010/2011 estou
na coordenação
do Departamento
Doutrinário
(DEDO). Junto
com a equipe do
DEDO,
construímos
programação de
cursos,
elaboramos
projetos,
visitamos as
instituições
espíritas do
Estado, nas
regionais e
quando
solicitado.
Trabalho no
turno da tarde,
de segunda a
sexta-feira, na
FERGS.
Há uma
preocupação
ambiental no
Movimento
Espírita?
Sim. No que
tange à FERGS,
está sendo
operacionalizado
o Projeto Gestão
do Saber
Ambiental que
objetiva
sensibilizar o
movimento
espírita para a
necessidade de
cuidarmos do
planeta Terra,
casa mãe que nos
acolhe em nossa
trajetória de
experiências
rumo ao
progresso
espiritual pela
via da
reencarnação.
Como surgiu o
Projeto Gestão
do Saber
Ambiental?
É uma iniciativa
da Federação
Espírita do Rio
Grande do Sul
que surgiu da
necessidade
urgente de
desenvolvermos
ações educativas
que preservem o
meio ambiente.
Encontramos no
livro O
Consolador,
de Emmanuel,
psicografado por
Francisco
Cândido Xavier,
as questões de
número 27, 28 e
121, em que se
lê: “Como
devemos
compreender a
Natureza?” E a
resposta de
Emmanuel foi a
seguinte: “A
Natureza é
sempre o livro
divino, onde a
mão de Deus
escreveu a
história de sua
sabedoria, livro
da vida que
constitui a
escola de
progresso
espiritual do
homem evoluindo
constantemente
com o esforço e
a dedicação de
seus
discípulos”. Em
seguida, foi
perguntado a
Emmanuel: As
manifestações de
vida dos vários
reinos da
Natureza,
abrangendo o
Homem,
significam a
expressão do
Verbo Divino, em
escala gradativa
nos processos de
aperfeiçoamento
da Terra? Ao que
foi por ele
respondido:
“Sim, em todos
os reinos da
Natureza palpita
a vibração de
Deus, como o
Verbo Divino da
Criação
Infinita; e, no
quadro sem-fim
do trabalho de
experiência,
todos os
princípios, como
todos os
indivíduos,
catalogam os
seus valores e
aquisições
sagradas para a
vida imortal”. A
pergunta 121 é a
seguinte: “O
meio ambiente
influi no
Espírito?” e
Emmanuel
responde: “O
meio ambiente em
que a alma
renasceu, muitas
vezes constitui
a prova
expiatória; com
poderosas
influências
sobre a
personalidade,
faz-se
indispensável
que o coração
esclarecido
coopere na sua
transformação
para o bem,
melhorando e
elevando as
condições
materiais e
morais de todos
os que vivem na
sua zona de
influência”. Na
pergunta 705 de
O
Livro dos
Espíritos,
no capítulo que
versa sobre a
Lei de
Conservação,
Allan Kardec
pergunta: “Por
que nem sempre a
terra produz
bastante para
fornecer ao
homem o
necessário?”,
ao que a
espiritualidade
responde: “É
que, ingrato, o
homem a
despreza! Ela,
no entanto, é
excelente mãe.
Muitas vezes,
também, ele
acusa a Natureza
do que só é
resultado da sua
imperícia ou da
sua
imprevidência. A
terra produziria
sempre o
necessário, se
com o necessário
soubesse o homem
contentar-se”
(...). “Não é
possível,
portanto,
esperar a
chegada do mundo
de regeneração
de braços
cruzados. Até
porque, sem os
devidos méritos
evolutivos, boa
parte de nós
deverá retornar
a esse mundo
pelas portas da
reencarnação. Se
ainda quisermos
encontrar aqui
estoques
razoáveis de
água doce, ar
puro, terra
fértil, menos
lixo e um clima
estável – sem os
flagelos
previstos pela
queima crescente
de petróleo, gás
e carvão que
agravam o efeito
estufa –
deveremos agir
agora, sem perda
de tempo.”
Por que Saber
Ambiental?
Segundo o Dr.
Enrique Leff, o
saber ambiental
desemboca no
terreno da
educação,
questionando os
paradigmas
estabelecidos e
abastecendo as
fontes e
mananciais que
irrigam o novo
conhecimento,
vai descobrindo
as relações de
poder que
atravessam as
correntes do
saber em
temáticas
emergentes, para
despontar na
qualidade de
vida como fim
último do
desenvolvimento
sustentável e do
sentido da
existência
humana. “O saber
ambiental,
crítico e
complexo, vai se
construindo num
diálogo de
saberes e num
intercâmbio
interdisciplinar
de
conhecimentos,
para se
construir uma
nova
racionalidade
social.” [Enrique
Leff, 1998.] A
construção deste
novo saber
remete a uma
pergunta sobre o
mundo, sobre o
ser e o saber,
implicando uma
transformação do
conhecimento e
das práticas
educativas para
uma nova
racionalidade
que orienta a
construção de um
mundo de
sustentabilidade,
de equidade, de
democracia. “É
um
reconhecimento
do mundo que
habitamos.” [Enrique
Leff, 2003.]
Quais os meios
para atingi-lo?
Sensibilizar o
movimento
espírita para a
necessidade de
cuidarmos do
planeta Terra,
casa que nos
acolhe em nossa
trajetória rumo
ao progresso
espiritual pela
via da
reencarnação.
Promover
reuniões para
sensibilizar
diretoria
executiva da
FERGS,
colaboradores
voluntários,
funcionários e
demais
participantes
sobre o saber
ambiental como
ferramenta para
o cuidado com a
Terra.
Instituir uma
Gestão Ambiental
Participativa na
FERGS mediante a
construção
coletiva do PGA,
seu
acompanhamento e
avaliação.
Apresentar ao
Conselho
Federativo
Estadual, pela
comissão formada
por
representantes
indicados pelos
setores da FERGS
uma proposta de
Gestão Ambiental
focada nos 3R’s.
Sensibilizar e
divulgar nas
reuniões
regionais
coordenadores
regionais,
presidentes de
UMEs, UDEs,
UNIMEs sobre a
possibilidade de
implantação da
gestão ambiental
nas casas
espíritas.
Como as Casas
Espíritas podem
contribuir com a
Ecologia?
Estudando
profundamente as
bases
doutrinárias e
aplicando esse
conhecimento no
cotidiano da
Casa Espírita;
estudando e
debatendo sobre
o tema à luz do
Espiritismo;
desenvolvendo
campanhas e
eventos que
visam melhorar
as condições
socioambientais;
utilizando para
as publicações
impressas, como
livros,
revistas,
mensagens
avulsas etc.
papel reciclado
e tintas que
reduzem o
impacto
ambiental;
usando mais o
correio
eletrônico para
reduzir o uso de
papel, tinta
etc.; publicando
obras que
analisem estes
temas sob a
ótica espírita;
estimulando a
pesquisa nas
obras
fundamentais da
Doutrina
Espírita para
melhor
compreendermos a
necessidade de
cuidar do
planeta e
fundamentarmos
as ações e as
campanhas de
sensibilidade
ecológica;
proporcionando,
mediante
treinamento, a
inserção da
temática
ambiental à luz
do Espiritismo
no das
atividades
educativas de
evangelizadores
espíritas da
infância e da
juventude, bem
como, de
facilitadores do
ESDE no âmbito
do Ser
promovendo uma
ética ambiental
alicerçada na
fraternidade
preconizada pelo
Cristo e no
sentido mais
amplo de família
universal que se
pode apreender
do Espiritismo.
Como avalia o
nível de
consciência
ambiental dos
espíritas em
geral?
Nós espíritas
ainda pensamos e
agimos
“timidamente”
nas questões
ambientais.
No momento atual
verificamos um
aumento da
procura pelo
Espiritismo.
Qual a
importância da
internet para
isso?
A internet, se
bem explorada, é
uma ferramenta
importantíssima
para a
divulgação da
doutrina, pois
nos sites e em
diversos blogs
as pessoas podem
colher
informações
idôneas sobre a
doutrina e
eventos.
Exemplos:
http://jerrialmeida.blogspot.com/
e
http://estudandokardec.blogspot.com/.
Há,
porém,
necessidade de
muita análise e
observação, pois
existem centenas
de blogs e nem
todas as
publicações são
fiéis à Doutrina
Espírita.
Você tem um
blog. Qual seu
endereço? E como
o utiliza?
Sim, mas não é
meu, apenas o
alimento
editando
postagens. Foi
criado por mim,
mas hoje os
objetivos são
divulgar eventos
do departamento
Doutrinário da
FERGS e outras
publicações
pertinentes que
levem
conhecimento e
esclarecimento
às pessoas. O
endereço é
http://helenadedo.blogspot.com/.
Como você
percebe o
aumento das
atividades
espíritas, com
seminários e
outros eventos
que chegam a
coincidir nas
datas?
Tem um fator
positivo: a
busca por
conhecimento.
Existem outros
fatores para,
como espíritas,
repensarmos:
observamos que
em determinadas
regiões existem
atividades
paralelas
executadas por
UMEs – Uniões
Municipais
Espíritas -
diferentes
dentro do mesmo
CRE – Conselho
Regional
Espírita, com
datas quase
sobrepostas. É
de se perguntar:
Será que as
lideranças estão
fortalecendo os
Centros
Espíritas, e as
UMEs,
devidamente? Por
que a UME
promotora do
evento não
convida todas as
UMEs da região e
faz um só
evento,
oportunizando a
participação e a
integração de
todas as UMEs?
Helena, o que
sua experiência
como espírita
tem-lhe
permitido
aprender nesta
reencarnação?
Que tenho, como
Espírito
imortal, uma
responsabilidade
plena e total
por minhas
ações. Por tudo
isso, é preciso
fazer da melhor
forma as tarefas
que a vida a mim
delegou.
Suas palavras
finais.
Que possamos,
todos, como
passageiros da
nave da vida,
estar atentos às
nossas
competências,
cumprindo-as da
forma mais
aproximada
possível das
Leis Divinas e,
como espíritas,
que possamos
colocar a
candeia em cima
do alqueire para
que todos possam
ver a luz. Deixo
para nossa
meditação a
questão 932 de O
Livro dos
Espíritos:
Por que, no
mundo, os maus,
tão
frequentemente,
sobrepujam os
bons em
influência?
- "Por fraqueza
dos bons; os
maus são
intrigantes e
audaciosos, os
bons são
tímidos. Quando
estes o
quiserem,
dominarão."