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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 194 - 30 de Janeiro de 2011

JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)
      


Se não for sempiterna, é falsa a misericórdia divina infinita
 

Seguidores da Teologia Paulina e Luterana pregam a salvação pela graça. Mas Jesus ensina que a cada um será dado de acordo com suas obras. (São Mateus 16, 27.) Em certo sentido, está certa a teologia da graça, pois a nossa própria existência é uma graça de Deus. Mas ela é dada a todos nós, pois Deus não faz acepção de pessoas. (Atos 10, 34.) O próprio Paulo até ensinou que, onde abundou o pecado, superabundou a graça. (Romanos 5, 20.) Ninguém, pois, perde a salvação por falta da graça. Mas cabe a nós fazermos também a nossa parte.

A lei de causa e efeito é científica: “A cada ação corresponde uma reação de igual potência e reversibilidade”. E, moralmente, ela não é só bíblica, mas universal. “Colhemos o que plantamos.”

Chamam-na também de carma. E ela nunca termina, pois cada ação dá origem a outra, automaticamente. E é por ela que acontece a nossa evolução espiritual sempiterna. São Paulo diz: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, nós somos os homens mais infelizes”. (1Coríntios 15, 19.) De fato, em espíritos, nós somos imortais, colhendo no futuro os frutos da boa semeadura que tivermos feito.

Fala-se muito na misericórdia infinita de Deus para conosco, o que tem muito a ver também com a imortalidade do Espírito e o carma. Realmente, se a misericórdia de Deus é infinita, ela jamais termina, beneficiando, pois, o Espírito que, por ser também imortal, jamais termina, esteja ele encarnado ou desencarnado. Aliás, se a misericórdia divina é infinita para nós, isso significa também que ela será sempre necessária, pois poderemos continuar errando em outras vidas, aqui na Terra ou em outros mundos. “A casa do Pai tem várias moradas”.

Deus atua através dos seus espíritos (Hebreus 2, 2; e 1, 14). Os Espíritos do bem, que agem em nome de Deus são chamados na Bíblia de anjos. Mas os maus ou atrasados (ainda impuros) são também de Deus, e podem atuar, igualmente, em nome de Deus, no bem. “Um Espírito maligno da parte de Deus atormentava Saul”. (1 Samuel 16, 23.)

“O Livro dos Espíritos”, de Kardec, na questão 459, nos ensina também que os Espíritos não só nos influenciam os pensamentos, mas até controlam a nossa vida. E São Paulo adverte-nos de que a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra as potestades do mal. Aliás, até Jesus foi tentado por um Espírito. Mas “Deus sabe tirar do mal o bem”. Exemplificando: Se alguém ou um Espírito de alguém me fizer um mal, esse mal pode ser a colheita minha de um mal semelhante ao da semeadura que fiz. A pessoa ou Espírito, que está me ofendendo, pode estar, pois, queimando meu carma, fazendo, portanto, um bem a mim. E, em parte, é por isso, também, que Jesus ensinou que devemos perdoar sempre, não só sete vezes, mas setenta vezes sete, e que devemos amar até os nossos inimigos.

Deus é onisciente, sabendo, pois, o passado, o presente e o futuro, e nos criou com amor. Se o nosso livre-arbítrio pudesse, pois, ser causa de uma condenação irremediável para nós, Deus jamais no-lo teria dado.

E a expressão de que a misericórdia de Deus é infinita só pode ser mesmo verdadeira se ela for sempiterna, não podendo, pois, jamais, terminar com a morte do corpo, além de que, também, nós fomos criados por Deus para sermos, um dia, realmente felizes para sempre! 


 


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