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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 194 - 30 de Janeiro de 2011

WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)


150 anos de O Livro dos Médiuns


Quando se fala em Espiritismo ao leigo, ele muitas vezes associa a doutrina codificada por Kardec somente ao intercâmbio com os “mortos”. Os espíritas são aqueles que conversam com os mortos, dizem os leigos em matéria de Espiritismo. A mediunidade é um dos pontos importantes do Espiritismo, sem dúvida, mas o espírita sabe que a doutrina não se restringe ao tema mediunidade. Percebe-se, então, que a mediunidade além de tema relevante para os espíritas é, também, uma ponte de identificação do espírita. Que o diga nosso Chico Xavier e as inúmeras cartas que ele recebeu acalmando o coração de muitas mães e pais não espíritas, mas que vinham pedir  seu socorro e compareciam ao centro espírita por que sabiam ser lá o local mais propício para a comunicação de seus entes queridos que os precederam na grande viagem que separa vida e morte. 

Entretanto, por falar em vida e morte, o espírita sabe ser verdade que ele não conversa com os mortos, mas sim com os vivos, pela simples razão de que todos, sem exceção, somos imortais, ou seja, não morremos, apenas nos despojamos do corpo físico. Natural, portanto, que ao continuar vivendo queiramos dar notícias aos amigos e familiares que ficaram. É a prova incontestável da bondade divina: a vida vai muito além dos sete palmos abaixo da terra. Sim, continuamos vivos e podemos nos comunicar.

Porém, consultar os “mortos” para algumas religiões até mesmo cristãs trata-se de gritante equívoco. Os mais exagerados depositam os créditos da mensagem  no “Coisa ruim”. Entretanto o “Coisa ruim” não é tão medonho como pintam, porquanto costumeiramente é portador de boas novas aos familiares ao afirmarem por via mediúnica que estão mais vivos do que nós. O que alguns religiosos chamam de “Coisa ruim” são apenas os homens que aqui viveram e já estão livres do corpo material. São Espíritos, mas nem por isso estão desprovidos de sentimentos, tampouco esperando um épico julgamento final. Os religiosos contrários a essas comunicações citam a proibição de Moisés para justificarem seu ponto de vista. No entanto, não se dão ao trabalho de analisar que se o profeta proibiu o intercâmbio com os chamados “mortos” é por que este existia. Claro: ninguém proíbe o que não existe.

E no ano de 1861, no mês de janeiro, foi publicado O livro dos Médiuns, o segundo livro da codificação espírita, mostrando de forma clara e objetiva – marcas de Kardec – que o intercâmbio com o lado de lá da vida é possível e pode ser exercitado de forma contínua, contribuindo para instruir e consolar.

Instruir, porque ensina que a vida prossegue; instruir, porque demonstra na prática a maneira mais eficaz de conduzir a sessão mediúnica; instruir, porque ensina que a caridade pode ser feita para os que já partiram.

Consolar, porque alimenta de esperança os corações despedaçados pela separação temporária do ente amado; consolar, porque estende os laços de amor para além da vida material.

O Livro dos Médiuns completa 150 anos neste janeiro de 2011 e obviamente a data não poderia passar despercebida, porquanto é o mais valioso compêndio já escrito sobre o palpitante e importante tema mediunidade. Estudá-lo é fundamental para compreender os mecanismos que regem todo o esquema de comunicação entre os planos da vida. Dia chegará em que esta obra será objeto de estudo de pesquisadores e cientistas, ocupando lugar de destaque nas universidades. Alguém duvida? Quem viver verá.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita