MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
35)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que se passa com os
Espíritos que dormitam
após a morte, como se
fossem múmias
espirituais?
Segundo Aulus, tais
Espíritos sofrem, nesse
repouso, angustiosos
pesadelos, dos quais
despertam quase sempre
em plena alienação, que
pode persistir por muito
tempo, cultivando
apaixonadamente as
impressões em que julgam
encontrar a própria
felicidade.
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 25,
pp. 235 e 236.)
B. Em que consiste o
fenômeno da psicometria?
Segundo a terminologia
usada na Psicologia
experimental,
psicometria significa
registro, apreciação da
atividade intelectual,
entretanto, nos
trabalhos mediúnicos,
essa palavra designa a
faculdade de ler
impressões e recordações
ao contacto de objetos
comuns. Foi o que se deu
com André Luiz que, em
determinado museu, tocou
um curioso relógio, que
estava aureolado por
luminosa faixa
branquicenta. Feito
isso, apareceu aos seus
olhos mentais linda
reunião familiar, em
que venerando casal se
entretinha a palestrar
com quatro jovens em
pleno viço primaveril.
André pôde examinar o
recinto agradável e
digno e os detalhes do
mobiliário, que imprimia
sobriedade e nobreza ao
conjunto, enfeitado por
jarrões de flores e
telas valiosas.
(Obra citada, cap. 26,
pp. 241 e 242.)
C. Como explicar o
fenômeno?
Conforme a explicação
dada por Aulus, aquele
relógio pertencera a
respeitável família do
século passado e
conservava as
formas-pensamentos do
casal que o adquiriu e
que, de quando em
quando, visitava o museu
para a alegria de
recordar. Tratava-se,
pois, de um objeto
animado pelas
reminiscências de seus
antigos possuidores,
reminiscências que se
reavivavam no tempo,
através dos laços
espirituais que ainda
sustentavam em torno do
círculo afetivo que
deixaram. Hilário
observou: "Isso quer
dizer que vemos imagens
aqui impressas por eles,
por intermédio das
vibrações..." Aulus
confirmou,
acrescentando: "O
relógio está envolvido
pelas correntes mentais
dos irmãos que ainda se
apegam a ele, assim como
o fio de cobre na
condução da energia está
sensibilizado pela
corrente elétrica.
Auscultando-o, na fase
em que se encontra,
relacionamo-nos, de
imediato, com as
recordações dos amigos
que o estimam".
(Obra citada, cap. 26,
pp. 243 e 244.)
Texto para leitura
109. Espíritos que
dormitam - Em
seguida, Aulus examinou
a questão da
imobilização da alma:
"Em nossa imagem,
podemos defini-la com a
propriedade possível. É
que o tempo, para nós, é
sempre aquilo que dele
fizermos. Para melhor
compreensão do assunto,
lembremo-nos de que as
horas são invariáveis no
relógio, mas não são
sempre as mesmas em
nossa mente. Quando
felizes, não tomamos
conhecimento dos
minutos. Satisfazendo
aos nossos ideais ou
interesses mais íntimos,
os dias voam céleres, ao
passo que, em companhia
do sofrimento e da
apreensão, temos a
ideia de que o tempo
está inexoravelmente
parado. E quando não nos
esforçamos por superar a
câmara lenta da
angústia, a ideia
aflitiva ou obcecante
nos corrói a vida
mental, levando-nos à
fixação. Chegados a essa
fase, o tempo como que
se cristaliza dentro de
nós, porque passamos a
gravitar, em Espírito,
em torno do ponto
nevrálgico de nosso
desajuste". Aulus
explicou então que
qualquer grande
perturbação interior,
seja paixão ou desânimo,
crueldade ou vingança,
ciúme ou desespero, pode
imobilizar-nos por tempo
indefinível em suas
malhas de sombra, quando
nos rebelamos contra o
imperativo da marcha
incessante com o Sumo
Bem. O relógio assinala
o mesmo horário para
todos, entretanto o
tempo é leve para os que
triunfam e pesado para
os que perdem. "Quando
nos não desvencilhamos
dos pensamentos de
flagelação e derrota,
através do trabalho
constante pela nossa
renovação e progresso –
acentuou o instrutor –,
transformamo-nos em
fantasmas de aflição e
desalento, mutilados em
nossas melhores
esperanças ou
encafurnados em nossas
chagas íntimas. E quando
a morte nos surpreende
nessas condições,
acentuando-se-nos então
a experiência subjetiva,
se a alma não se dispõe
ao esforço heroico da
suprema renúncia, com
facilidade emaranha-se
nos problemas da
fixação, atravessando
anos e anos, e por
vezes séculos na
repetição de
reminiscências
desagradáveis, das quais
se nutre e vive. Não se
interessando por outro
assunto a não ser o da
própria dor, da própria
ociosidade ou do próprio
ódio, a criatura
desencarnada,
ensimesmando-se, é
semelhante ao animal no
sono letárgico da
hibernação. Isola-se do
mundo externo, vibrando
tão-somente ao redor do
desequilíbrio oculto em
que se compraz. Nada
mais ouve, nada mais vê
e nada mais sente, além
da esfera desvairada de
si mesma." André
lembrou-se, nesse ponto,
das consciências que
dormitam, após a morte,
quais múmias
espirituais, e Aulus
informou que tais
Espíritos sofrem, nesse
repouso, angustiosos
pesadelos, dos quais
despertam quase sempre
em plena alienação, que
pode persistir por muito
tempo, cultivando
apaixonadamente as
impressões em que julgam
encontrar a própria
felicidade. (Cap. 25,
págs. 235 e 236)
110. Perturbações da
mente - Aludindo às
entidades desorientadas,
o instrutor disse que
muitas delas por fim se
entediam do mal e
procuram a regeneração
por si mesmas, ao passo
que outras, graças à
assistência que recebem,
acordam para as novas
responsabilidades que
lhes competem no próprio
reajuste. Há, contudo,
Espíritos recalcitrantes
e inconformados que são
docemente constrangidos
ao retorno à batalha,
para que se desvencilhem
da prostração a que se
recolheram. "A
experiência no corpo de
carne, em posição
difícil, é semelhante a
um choque de longa
duração, em que a alma é
convidada a
restabelecer-se", disse
o Assistente. "Para
isso, tomamos o
concurso de afeições do
interessado que o asilam
no templo familiar."
Nesses casos, a
reencarnação será
compulsória? A essa
pergunta, Aulus
respondeu: "Que fazemos
na Terra quando surge um
louco em nossa casa? não
passamos a assumir a
responsabilidade pelo
tratamento? Aguardaremos
qualquer resolução do
alienado mental, no que
tange às medidas
indispensáveis à
restauração do seu
equilíbrio? É certo que
nos cabe o dever de
honrar a consciência
livre, capaz de decidir
por si mesma nos
variados problemas da
luta evolutiva,
entretanto, à frente do
irmão irresponsável e
enfermo, a nossa
colaboração significa
amizade fiel, ainda que
essa colaboração
expresse doloroso
processo de reequilíbrio
em seu favor". André
lembrou as entidades que
padecem deplorável
amnésia e só se lembram,
quando se comunicam, dos
assuntos em que se lhes
encravam as
preocupações. Quando
encaminhadas à
reencarnação, tais
criaturas tornam à
realidade, de súbito?
"Nem sempre", respondeu
Aulus. "Na maioria das
vezes, o soerguimento é
vagaroso. Podemos
comprovar isso no estudo
das crianças retardadas,
que exprimem dolorosos
enigmas para o mundo...
Somente o extremado amor
dos pais e dos
familiares consegue
infundir calor e
vitalidade a esses
entezinhos que, não
raro, se demoram por
muitos anos na matéria
densa, como apêndices
torturados da sociedade
terrestre, curtindo
sofrimentos que parecem
injustificáveis e
estranhos e que
constituem para eles a
medicação viável." O
instrutor disse que
podemos comprovar essa
verdade nos chamados
esquizofrênicos e nos
paranoicos que perderam
o senso das proporções,
situando-se em falso
conceito de si mesmos.
"Quase todas as
perturbações congeniais
da mente, na criatura
reencarnada, dizem
respeito a fixações que
lhe antecederam a volta
ao mundo", asseverou o
Assistente. (Cap. 25,
págs. 236 a 239)
111. Psicometria
- Aulus convidou André e
Hilário para entrarem
num museu terrestre.
"Numa instituição como
esta – disse-lhes o
instrutor –, é possível
realizar
interessantíssimos
estudos. Decerto, já
ouviram referências à
psicometria. Em boa
expressão sinonímica,
como o é usada na
Psicologia experimental,
significa registro,
apreciação da atividade
intelectual,
entretanto, nos
trabalhos mediúnicos,
esta palavra designa a
faculdade de ler
impressões e recordações
ao contacto de objetos
comuns." No interior do
museu, André reparou que
muitos Espíritos iam e
vinham, de mistura com
as pessoas que anotavam
utilidades de outro
tempo, com crescente
admiração. Aulus
comentou que muitos
companheiros de mente
fixa no pretérito
frequentam tais casas
pelo simples prazer de
rememorar... Algumas
preciosidades – observou
André – estavam
revestidas de fluidos
opacos, que formavam uma
massa acinzentada ou
pardacenta, na qual
transpareciam pontos
luminosos. O instrutor
esclareceu: "Todos os
objetos que você vê
emoldurados por
substâncias fluídicas
acham-se fortemente
lembrados ou visitados
por aqueles que os
possuíram". Era o que se
dava com curioso relógio
próximo, aureolado por
luminosa faixa
branquicenta. Aulus
pediu a André que o
tocasse e, quase
instantaneamente,
apareceu aos seus olhos
mentais linda reunião
familiar, em que
venerando casal se
entretinha a palestrar
com quatro jovens em
pleno viço primaveril.
André pôde examinar o
recinto agradável e
digno e os detalhes do
mobiliário, que imprimia
sobriedade e nobreza ao
conjunto, enfeitado por
jarrões de flores e
telas valiosas. (Cap.
26, págs. 241 e 242)
112. Vestígios do
nosso pensamento -
Notando a surpresa de
André, o Assistente
informou: "Percebo a
imagem sem o toque
direto. O relógio
pertenceu a respeitável
família do século
passado. Conserva as
formas-pensamentos do
casal que o adquiriu e
que, de quando em
quando, visita o museu
para a alegria de
recordar. É um objeto
animado pelas
reminiscências de seus
antigos possuidores,
reminiscências que se
reavivam no tempo,
através dos laços
espirituais que ainda
sustentam em torno do
círculo afetivo que
deixaram". Hilário
considerou: "Isso quer
dizer que vemos imagens
aqui impressas por eles,
por intermédio das
vibrações..." Aulus
confirmou,
acrescentando: "O
relógio está envolvido
pelas correntes mentais
dos irmãos que ainda se
apegam a ele, assim como
o fio de cobre na
condução da energia está
sensibilizado pela
corrente elétrica.
Auscultando-o, na fase
em que se encontra,
relacionamo-nos, de
imediato, com as
recordações dos amigos
que o estimam". O
instrutor explicou que,
se estivéssemos
interessados em conhecer
aqueles companheiros, o
relógio seria um
mediador para a
realização desse desejo.
"Tudo o que se nos
irradia do pensamento
serve para facilitar
essa ligação." É que o
pensamento espalha
nossas próprias
emanações em toda parte
a que se projeta,
deixando vestígios
espirituais onde
arremessamos os raios de
nossa mente, assim como
o animal deixa em seu
rastro o odor que lhe é
característico,
tornando-se, por esse
motivo, facilmente
abordável pela
sensibilidade olfativa
do cão. Libertos do
corpo denso, nossos
sentidos se aguçam e
podemos, por isso,
atender sem dificuldade
a esses fenômenos,
dentro da esfera em que
se nos limitam as
possibilidades
evolutivas, o que
significa dizer que não
dispomos de recursos
para alcançar o
pensamento daqueles que
se fizeram superiores a
nós. Transcendendo-nos o
modo de expressão e de
ser, o pensamento deles
vibra em outra
frequência.
"Naturalmente –
asseverou o instrutor –,
podem acompanhar-nos e
auxiliar-nos, porque é
da Lei que o superior
venha ao inferior quando
queira, contudo, por
nossa vez, não nos é
facultado segui-los."
Assim se dá entre nós e
as tribos primitivas ou
retardadas da Terra, a
quem podemos auxiliar,
sem que elas possam
fazer o mesmo conosco.
(Cap. 26, págs. 243 e
244) (Continua no próximo
número.)