Raul Teixeira:
Acho estranho que Kardec
haja feito essa proposta
de atualização periódica
dos ensinamentos
espíritas ─
uma vez que os referidos
ensinamentos não são da
cogitação científica, já
que a Ciência formal vem
se mantendo sob a égide
do materialismo por meio
da grande massa dos seus
representantes
encarnados ─,
por ter ele mesmo
escrito na Introdução de
O Livro dos Espíritos,
parte VII: Vede,
portanto, que o
Espiritismo não é da
alçada da Ciência.
Na medida em que avança
a Ciência, maiores
confirmações temos
encontrado para as teses
que fundamentam o
Espiritismo. Até hoje,
nenhuma das descobertas
científicas conseguiu
abalar os alicerces da
formosa Doutrina que, ao
contrário, mais se
fortifica diante dos
espíritas estudiosos e
da mentalidade geral dos
que a acompanham à
distância. No bojo
desses avanços
contemporâneos da
Ciência, temos
encontrado muitas
mudanças de
entendimentos
científicos, muitas
trocas de nomenclaturas,
incontáveis descobertas
que enriquecem o terreno
das investigações.
Porém, nenhum desses
valores que nos hão
chegado em razão das
humanas pesquisas tem
arranhado o pensamento
fulgurante e
vanguardista do
Espiritismo.
Qualquer informação
mediúnica assinada,
ínsita na Codificação,
não é maior que o corpo
doutrinário do
Espiritismo, que se
fundamenta na existência
de Deus, na existência e
imortalidade da alma, na
pluralidade das
existências
(reencarnação), na
pluralidade dos mundos
habitados e na
comunicabilidade dos
Espíritos (mediunidade).
Nenhuma ciência
conseguiu ferir esses
princípios.
Há muitos confrades
afoitos, mal informados,
ou sem muita intimidade
com o pensamento
científico ─
refiro-me ao pensamento
científico acadêmico e
não de livros
jornalísticos de
informações científicas
─,
que estão sempre
“ouvindo dizer” isso ou
aquilo e que se mostram
muito apressados em
efetuar mudanças no
corpo da Doutrina
Espírita, pautados em
suas crenças de que a
Ciência já tenha
superado o
Espiritismo... É uma
pena! Isso demonstra que
podem ter alguma leitura
das obras kardequianas
mas não o entendimento
aprofundado que se
espera de quem pretende
fazer modificações no
trabalho alheio.
Há pessoas que propõem e
até publicam propostas
de se alterar, por
exemplo, o termo fluido,
usado por Kardec em suas
obras, pelo termo
energia, utilizado
cientificamente. Sem
dúvida seria uma
aberração tal
modificação, caso fosse
implementada. Por suas
características e
definições, fluido e
energia nas ciências têm
significados teóricos
muito diferenciados. Um
se define, a outra não.
Por outro lado, o que
Kardec chama de fluido,
no Espiritismo, não é o
mesmo fluido da
físico-química, e assim
por diante.