Prova e julgamento
Decerto que o Senhor nos
terá advertido contra os
riscos do julgamento,
observando-nos a
inclinação espontânea
para projetar-nos em
assuntos alheios.
Habitualmente, perante
os nossos irmãos em
experiências difíceis,
estamos induzidos a
imaginar neles o que
sentimos e pensamos
acerca de nós próprios.
Encontramos determinada
criatura acusada desse
ou daquele delito; para
logo, frequentemente,
passamos a mentalizar
como teria sido a falta
praticada, fantasiando
minudências infelizes a
fim de agravá-la, quando
muitas vezes a pessoa
indiciada tudo promoveu
de modo a poupar a
suposta vítima,
resistindo-lhe às
provocações até as
últimas consequências.
Surpreendemos irmãos
considerados em desvalia
moral; e de imediato, ao
registrar-lhes o
abatimento, ideamos
quadros reprováveis de
conduta sobre as telas
de inquietude em que
terão entrado,
emprestando-lhes ao
comportamento o
comportamento talvez
menos digno que teríamos
adotado na problemática
de ordem espiritual em
que se acharam envoltos,
quando, na maioria das
ocasiões, são almas
violadas por
circunstâncias cruéis, à
feição de aves
desprevenidas, sob o
laço do caçador.
*
Abstenhamo-nos de julgar
os irmãos supostamente
caídos.
O Senhor suscitou a
formação de juízes na
organização social do
mundo para que esses
magistrados estudem os
processos em que nos
tornemos passíveis de
corrigenda ou
segregação, conforme o
grau de periculosidade
que venhamos a
apresentar na
convivência uns com os
outros.
Por outro lado, os
princípios de causa e
efeito dispõem da sua
própria penalogia ante a
Divina Justiça.
Cada qual de nós traz em
si e consigo os
resultados das próprias
ações.
Ninguém foge às leis que
asseguram a harmonia do
Universo.
Diante dos companheiros
que consideres
transviados, auxilia-os
quanto possas. E onde
não consigas estender
braços de apoio,
silencia e ora por eles.
Todos somos alunos na
grande escola da vida.
Consideremos que toda
escola afere o valor dos
ensinos professados em
tempo justo de exame.
Os irmãos apontados à
apreciação dos júris
públicos são
companheiros em prova.
Hoje será o dia deles,
entretanto, é possível
que amanhã o nosso
também venha a chegar.
Do cap. 12 do livro
Na Era do Espírito,
obra de autoria de Chico
Xavier, J. Herculano
Pires e Espíritos
diversos.