Confidência
Maria Dolores
Se eu pudesse, Jesus,
Desejava esquecer
A minha imperfeição,
A fim de ser contigo,
Onde houvesse aflição,
O suave calor
Do braço terno e amigo
Que derrame esperança em
todo o sofrimento
De modo que, na Terra,
Ninguém padeça em vão.
Queria ser
Uma chama de fé, ao
longo do caminho,
Um pingo de bondade a
descer persistente
Sobre a rocha do mal em
que a treva se fez,
Queria ser migalha de
conforto
A todo o coração que
está sozinho,
Proteção à orfandade,
Companhia à viuvez.
Queria ser a brisa
Que refrigera a mente em
cansaço profundo,
Combalida na prova
Quando a tristeza vem,
Queria ser a escora
pequenina,
Que sustentasse os
náufragos do mundo,
Para regresso à vida
nova,
Pelas vias do bem.
Queria ser a força do
silêncio
Que verte do sorriso de
brandura
A suprimir o incêndio da
revolta
De quem desespera ou se
maldiz;
Queria ser o beijo da
alma boa
Que seca o pranto de
quem se tortura,
Ante os golpes de lama
Da calúnia infeliz.
Queria ser a prece que
afervora
E alivia o doente,
Socorro, de algum modo,
a retratar-se,
Queria ser, enfim, ao
teu lado, Senhor,
Alguém que se olvidasse,
inteiramente,
Dia a dia, hora a hora,
A fim de ser contigo, em
toda parte,
Uma bênção de amor.
Do cap. 15 do livro
Antologia da
Espiritualidade, de
Maria Dolores, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.
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