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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 330 - 22 de Setembro de 2013

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 
 



Vigilância: direção defensiva do espírito

Carro sem freio — desastre à vista
“Vigiai e orai para não cairdes em tentação.” - Jesus (Mt., 26:41).


No Sermão do Monte, a canção máxima do Cristianismo, Jesus chama de bem-aventurados os pacíficos[1], que, por essa condição, verão a Deus.

Lázaro[2] ensina: “a benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás”.

O ser pacífico oferece campo sadio e propício à vigilância que proporciona, por sua vez, incontáveis benefícios e evita superlativos aborrecimentos a quem a acoroçoa, visto que a intemperança e a invigilância são as grandes fomentadoras dos desastres e desacertos na vida de relação.

Onde quer que estejamos seremos sempre confrontados por surpresas de vária ordem, em grande cópia desagradáveis, que se respaldam e se alimentam na falta de educação, no desamor, na invigilância e, em especial, no espírito de beligerância, que é um atavismo ínsito nas criaturas, remanescente dos tempos da barbárie... Basta submeter-nos a uma fila, onde muitas pessoas aguardam atendimento para – não raro – verificarmos como facilmente surgem as confusões e desentendimentos.  É evidente que se soma a isso a influência dos Espíritos obsessores, inimigos da paz e da luz. Assim, urge resguardarmo-nos sob o pálio da vigilância atenta e onipresente, que se constitui excelente escudo protetor.

Joanna de Ângelis, que conhece bem as criaturas e suas fraquezas, com sua verve psicológica, ensina[3]: “Ninguém desconsidere o impositivo da vigi­lância nas tarefas de enobrecimento abraçado. Ela funciona como atitude de res­peito e de consideração ao empreendimento assumido.

A vigilância dirá das necessidades imperiosas do equilíbrio diante das circunstâncias e dos fatores animosos que impedem um processo natural de evolução.

O egoísmo trabalha para o desespero. A maledicência responde pelo tumulto. A intriga promove inimizades desnecessárias. O orgulho engendra tormentos íntimos. A paz, todavia, decorre de uma consciência que se iliba na ação superior da vida.

A sensualidade conclama as paixões morbíficas; o ódio grita na direção da loucura; a caridade asserena o espírito; a paciência confia e resolve dificuldades.

O amor é a vida mesma que estua em nome da vigilância do Celeste Pai a benefício da criatura hu­mana. Ninguém descuide o seu programa de vigi­lância: vigilância ao pensar; vigilância no dizer; vigilância no agir...

Atuando de maneira enobrecida e vigiando as nascentes do coração, donde procedem as boas como as coisas más, o candidato à redenção espiritual atinge a cumeada da ascensão e se liberta por fim em plenitude de paz”.   


 

[1] - Mt., 5:7.

[2] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio: FEB, 2009, cap. IX, item, 6.
 

[3] - FRANCO, Divaldo. Oferenda. Salvador: LEAL, 1980, p.p. 91-92.

 
 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita