Enquanto Chico psicografava
o maravilhoso livro Paulo
e Estêvão, do Espírito
Emmanuel, ele via, ao seu
lado, um sapo feio,
gorduchão, que o amedrontava
muito.
No princípio, distava-lhe
alguns metros. Depois, à
proporção que a grande obra
chegava ao fim, o sapo
estava quase aos pés do
médium. Isto lhe dava um
mal-estar intraduzível.
Emmanuel, observando-lhe o
receio, diz-lhe:
– O sapo é um animal
inofensivo, um abnegado
jardineiro, que limpa os
jardins dos insetos
perniciosos. Não compreendo,
pois, sua antipatia pelo
pobre batráquio... Procure
observá-lo mais de perto,
com simpatia, e acabará
sentindo-lhe estima.
Após ponderação justa de seu
guia, o Chico começou a ter
simpatia pelo sapo, e
achar-lhe até certa beleza,
particular utilidade, um
verdadeiro servidor.
Terminou a recepção do
formoso livro e Emmanuel,
completando o asserto,
pondera-lhe, bondoso:
– O homem, Chico, será um
dia uma Estrela de Cinco
Raios, quando possuir os
pés, as mãos e a cabeça
alevantados, liberados. Já
possui três raios: as mãos e
a cabeça, faltando-lhe os
dois pés, os quais serão
libertados quando perder a
atração da Terra.
Existem, no entanto,
germens, animais, seres
outros, com os cinco raios
voltados para baixo, para a
Terra, sugando-lhe o seio,
vivendo de sua vida.
Assim é o sapo, coitado, que
luta intensamente para
levantar um raio, pelo menos
a cabeça. O boi já possui a
cabeça alevantada, já que
progrediu um pouco.
É preciso, pois, que o homem
sinta a graça que já guarda
e lute, através dos três
raios já suspensos, pela
aquisição dos outros dois.
Que saiba sofrer, amar,
perdoar, renunciar, até
libertar-se do erro, dos
vícios, das paixões, e,
desta forma, terá livres os
pés para transformar-se numa
Estrela de Cinco Raios e
participar da vida de outras
constelações, em meio das
quais brilha uma Estrela
maior que é Jesus.
(Do livro “Chico Xavier na
Intimidade”, de Ramiro
Gama.)
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