Manifestação
raciocinada...
Todas as
manifestações
populares são
legítimas desde
que sejam
pacíficas,
respeitosas, e
visem ao bem
coletivo, ao
invés do
benefício
individual.
O que está
ocorrendo em
nosso país nas
últimas semanas,
ou seja, as
manifestações
populares de
norte a sul, que
se iniciaram por
causa do aumento
da tarifa do
transporte
público e se
estenderam com
petitórios às
outras áreas
sociais, são
válidas, não
obstante aos
absurdos
cometidos por
alguns que
caminham fora do
eixo e enveredam
para o
vandalismo.
Todavia, nenhuma
manifestação
pode ir adiante
sem ensejar
reflexão e ter
um objetivo bem
definido.
Manifestar-se
apenas por
manifestar-se
não é algo muito
produtivo.
Nenhuma
manifestação
pode ter uma
causa vaga!
No entanto,
quando se tem
objetivos bem
traçados e se
sabe aonde quer
chegar, as
chances de
sucesso são bem
maiores. Daí a
importância de
toda e qualquer
manifestação ser
raciocinada,
analisada e bem
trabalhada por
seus
coordenadores.
O codificador da
Doutrina
Espírita, Allan
Kardec, fincou
as bases do
Espiritismo na
fé raciocinada,
baseada na
lógica e apoiada
pela razão.
O espírita sabe
as razões pelas
quais tem a
certeza da
reencarnação, da
comunicabilidade
dos Espíritos,
da lei de causa
e efeito e
demais códigos
que regulam o
universo. Isso é
a fé
raciocinada, a
fé que sabe, que
pensa, reflete e
quebra as
amarras do
fanatismo.
Fazendo um
paralelo entre a
fé raciocinada e
as manifestações
do povo em nosso
país,
compreende-se
que é preciso
existir uma
manifestação
raciocinada.
Claro, necessito
de saber as
razões pelas
quais estou
comprando esta
bandeira e
batalhando por
ela. Não adianta
ficar com um
ideal vago e ir
ao embalo dos
outros,
reproduzindo
ideias alheias
sem refletir.
O Espiritismo
ensina que é
preciso pensar,
analisar,
ponderar...
Portanto,
precisamos
pensar para que
não sejamos
indivíduos de
fácil
manipulação.
Vejo as pessoas
pedindo verbas
para a saúde e a
educação. Ótimo!
São duas áreas
precárias em
nosso país.
Vejo as pessoas
falando do não à
corrupção.
Ótimo! A
corrupção é um
câncer social.
Todavia, será
que ao
levantarmos a
bandeira da
honestidade
estamos sendo
honestos também?
Será que fazemos
a nossa parte?
Será que
declaramos todos
os impostos, não
lesamos os
cofres públicos,
respeitamos as
leis, não somos
adeptos do
“jeitinho
brasileiro”?
A manifestação é
válida, mas o
debate não pode
ser vago. O
desafio do
Brasil vai muito
além de combater
a corrupção ou
arrumar saúde e
educação. Temos
carência de bons
administradores.
Muito do
dinheiro público
vai pelos ralos
por conta da má
gestão, da falta
de políticas
administrativas
coerentes, dos
gastos
excessivos, da
falta de
prioridades, do
sucateamento de
alguns
setores... Eis
por que tomei o
exemplo de
Kardec no
quesito
raciocínio para
abordar o
presente tema. É
imperioso ir
além do comum
que brada por
verbas para a
saúde, educação,
e faz coro
contra a
corrupção. Esses
são os temas da
superfície e por
isso os mais
visíveis. Mas é
preciso ir além.
É necessário
compreender que
sem bons
gestores e uma
administração
eficaz ficaremos
patinando e não
resolveremos
nossos
problemas.
Ademais, é
preciso ir mais
além ainda e
observar que
toda mudança da
sociedade é
gradual e
obedece àquilo
que o
Espiritismo
ensina: reforma
íntima. Sem a
renovação moral
do individual, o
coletivo não
engrenará.
Portanto, boas
são as
manifestações
pacíficas,
respeitosas, e
que visam ao bem
coletivo, porém,
sem o raciocínio
elas tendem a
minguar e passar
a não realizar
os seus
objetivos. Assim
como a fé, as
manifestações
também devem ser
inteligentes e,
claro,
raciocinadas,
caso contrário
não cumprirão o
papel de
modificar o
panorama social.