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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 356 - 30 de Março de 2014

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 
 

Vida e morte


- Você tem medo de morrer?

- Nem penso nisso.

- Como não pensa nisso?

- É. Não penso.

- Não pensa na morte?

- Não.

- Por quê? Eu penso tanto...

- Por algumas razões bem simples: a primeira, porque a hora é certa – nada vai mudar isso; a segunda, porque o dia já está previsto – e nada vai alterar isso, também; e a terceira, porque o gênero, ou seja, a forma como vou morrer, é determinado pelas leis divinas, segundo a maneira como houver vivido nesta e em outras vidas. Então, se não conheço nenhum desses fatos, vou me preocupar com o quê? Além do mais, quem fica pensando na morte não pensa na Vida e quem não pensa na Vida esquece-se de experimentar momentos incríveis de beleza, de descobertas, de constantes aprendizados. Quem não pensa na Vida esquece-se de viver, e, quando a morte chegar, vai perceber quanto tempo perdeu sem ter conseguido saber quando e como isso aconteceria, sem ter aprendido nada ou conseguido aprender muito pouco.

Preste atenção: quem pensa na morte não se lembra de realizar as tarefas que são de sua responsabilidade e com as quais se comprometeu antes de voltar à “vida”, e permanece aguardando a morte para de novo retornar à “vida”, e continuar esperando a morte, até que aprenda, definitivamente, que não há morte, mas somente Vida. Aprende que é nos intervalos entre esse contínuo ir e vir, viver e morrer, que tudo acontece. São esses intervalos da vida de lá e da vida de cá, de cá e de lá, que nos proporcionam o crescimento, o amadurecimento, o aprimoramento dos nossos sentimentos, o desenvolvimento intelectual, a descoberta das nossas potencialidades, a conquista – pelo despertar e desenvolver – das virtudes que nos transformam em anjos.

Diante desse leque de possibilidades, como posso pensar em morte ou ter medo dela? Não tenho tempo, não. Tem muito trabalho a ser feito e ele começa com o que tenho dentro de mim: meus sentimentos – raízes das minhas imperfeições e viciações – e com tudo o mais que esteja ao meu redor. Pensar no que não existe? Tô fora!

- O que faço, então, para não pensar mais nisso?

- Ocupação.

- Como?

- É. Ocupação. Quando o corpo está trabalhando em coisas úteis para si e para os outros, a mente mantém-se ligada na tarefa. É processo natural. E mente ocupada, meu amigo, você sabe, não pensa no que não deve. No final do dia, os dois estão tão cansados que só querem repousar, dormir para, no dia seguinte, começarem tudo de novo.

- E se o trabalho for só mental?

- É a mesma coisa. Mesmo quando o trabalho é apenas mental, aí, nesse caso, é o corpo que se liga à mente. Mente ocupada não tem espaço para medos ou angústias, desde que voltada para o que for edificante e nobre.

- Você acha que isso dá certo?

- Você é quem dirá. Só você. Mas, se não tentar... 

 

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita