RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
|
|
Que calor!
Não sei quais os
comentários em sua
cidade sobre a onda de
calor terrível que tem
nos visitado, mas, por
aqui, o assunto nesses
dias tórridos não tem
sido outro: que calor!
“O que estará
acontecendo com o
clima?!” “Não me lembro
de ter feito tanto calor
como nesse verão!” “Acho
que vamos morrer todos
cozidos!” Se por aí não
estão surgindo tais
comentários em família,
em encontros com amigos
ou no ambiente de
trabalho, creio que você
está habitando um dos
países invadidos por
nevascas nunca antes
vistas ou há muito tempo
ausentes desses locais.
E se o assunto é o frio,
novas perguntas surgem
em relação a essas
temperaturas
extremamente baixas, e a
conclusão em tais
situações é a de que
iremos morrer todos
congelados!
Se concordamos que todo
efeito tem que ter uma
causa, raciocinemos.
Alguma coisa ou algo
está dando origem a
esses fenômenos extremos
na temperatura de nosso
planeta. Muitas vezes,
ao falarmos na lei de
causa e efeito, cremos
que ela se aplica
somente quando lesamos o
nosso semelhante.
Fazemos o mal contra uma
pessoa e passamos a nos
inscrever
inapelavelmente no
mecanismo de acerto de
contas, na lei da
semeadura e colheita. E
quando agredimos outros
reinos da Criação, essa
lei não estaria em vigor
da mesma forma? Quando
violentamos outros
setores da obra do
Criador, passaríamos
incólumes a uma
reparação necessária ou
das consequências de
tais atitudes, desses
comportamentos?
Será que a destruição da
camada de ozônio do
nosso planeta,
permitindo que os raios
solares atinjam a
superfície da Terra com
maior intensidade, nada
teria a ver com o que
está acontecendo?
Será que o desmatamento
motivado pela caça ao
dinheiro, à fortuna, num
mecanismo desencadeado
pela insaciável sede de
ter do ser humano, nada
tem a ver com o que está
acontecendo com o clima
do planeta que
habitamos?
A poluição dos rios e
dos mares também são
atitudes inocentes em
tais acontecimentos?
Será que Francisco de
Assis, que chamava a
tudo o que fora criado
por Deus de irmão ou de
irmã, não estaria a
sinalizar a necessidade
de respeito a toda obra
da Criação?
Em uma das entrevistas
com Chico Xavier,
fizeram a ele a seguinte
pergunta: Chico, o
que pode acontecer ao
mundo se continuarem as
atuais agressões contra
a natureza? E a
resposta do homem Amor
vem se confirmando:
Acontece que estamos
agredindo, não a
natureza, mas a nós
próprios e responderemos
pelos nossos desmandos.
É importante pensar que
se criou a Ecologia para
prevenir estes abusos.
Aqueles que acreditarem
na Ecologia acima de
seus próprios
interesses, nos
auxiliarão nessa defesa
do nosso mundo natural,
da nossa vida simples na
Terra que poderia ser
uma vida de muito mais
saúde e de muito mais
tranquilidade se nós
respeitássemos
coletivamente todos os
dons da natureza. Mas,
se continuarmos
agredindo-a
demasiadamente, o preço
será pago por nós
próprios porque
voltaremos em novas
gerações plantando
árvores, acalentando
sementes, modificando o
curso dos rios,
despoluindo águas,
drenando pântanos e
criando filtros que nos
liberem da poluição. O
problema será sempre do
homem. Teremos que
refazer tudo porque
estamos agindo
atualmente contra nós
mesmos.
Que calor, não é mesmo?
E “tome” ar
condicionado, e corra-se
a comprar ventiladores,
climatizadores e tudo
mais que amenize o calor
dos últimos dias. Será
que todos esses
mecanismos de
refrigeração juntos
conseguiriam apaziguar o
“calor” da consciência
endividada perante a
Lei?
Tomemos um trecho do
livro A Gênese,
capítulo III, item 24:
Nos seres inferiores da
criação, naqueles a quem
ainda falta o senso
moral, em os quais a
inteligência ainda não
substituiu o instinto, a
luta não pode ter por
móvel senão a satisfação
de uma necessidade
material. Ora, uma das
mais imperiosas dessas
necessidades é a
alimentação. Eles, pois,
lutam unicamente para
viver, isto é, para
fazer ou defender uma
presa, visto que nenhum
móvel mais elevado os
poderia estimular. É
nesse primeiro período
que a alma se elabora e
ensaia para a vida”.
Obviamente que Kardec
não aborda nesse trecho
o assunto sobre o clima,
mas aborda a luta que
ainda desenvolvemos para
a satisfação de uma
necessidade material. E
uma dessas necessidades,
sem dúvida nenhuma,
ainda é o dinheiro! É o
ter passando por
cima do ser! Por
ele destruímos a camada
de ozônio, por ele
desmatamos, por ele, o
dinheiro, poluímos os
rios e os mares e, por
ele, nos incluímos na
lei de causa e efeito,
da semeadura e colheita.
A dengue, só para
exemplificar, outrora
esquecida, passou a ser
um grande destaque em
diversas reportagens por
todo o nosso país porque
o homem invadiu o espaço
onde o mosquito, vetor
dessa enfermidade, vivia
em paz em seu habitat e
nos deixava em paz. Hoje
pagamos o preço por
isso.
Que calor!!! Calor mesmo
vamos sentir no momento
em que retornarmos para
a devida prestação de
contas diante da própria
consciência, onde não
haverá nenhuma forma de
refrigerarmos o
sentimento de culpa a
não ser retornando para
reparar todo o mal que
impusemos à natureza que
agora responde à altura
o desrespeito a ela
infringido.