AYLTON PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins, SP
(Brasil)
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Retribuir o mal
com o bem
Após a palestra
sobre o tema:
“amai os vossos
inimigos” (1),
Luciano
comentou:
– Será possível
amar o inimigo?
O que Jesus, de
fato, teria
querido dizer
com essas
palavras? Eu
acho muito
difícil alguém
amar o inimigo,
considerando-se
que inimigo é
alguém que nos
fez muito mal. O
que você pensa a
respeito?
José Antônio
adiantou-se em
esclarecer:
– Sem dúvida, é
uma proposta
muito
complicada. De
modo geral, o
sentimento amor
pressupõe
confiança,
afinidade,
reciprocidade,
carinho, zelo e
outras
qualidades
nobres.
Luciano tornou a
questionar:
– Pois é, como
será possível
ter esses
sentimentos
relativamente à
pessoa que nos
magoou, feriu,
traiu... Vamos
considerar o
seguinte –
ponderou Luciano
– a palavra
amor não
caracteriza um
único
sentimento, mas
abrange um leque
de manifestações
sentimentais.
Nesse contexto
temos: o amor
maternal, o amor
paternal, o amor
fraternal, o
amor erótico, o
amor solidário,
o amor
compaixão.
– Ah, bom, assim
a situação já
muda um pouco.
Agora, como
enquadrar,
então, o amor ao
inimigo?
Prosseguiu, em
direção à
compreensão:
– Luciano, vamos
buscar a
orientação de
Allan Kardec
(2), quando nos
diz: “Se o amor
ao próximo
constitui o
princípio da
caridade, amar
os inimigos é a
mais sublime
aplicação desse
princípio,
porquanto a
posse de tal
virtude
representa uma
das maiores
vitórias
alcançadas
contra o egoísmo
e o orgulho.
Entretanto, há
geralmente
equivoco no
tocante ao
sentido da
palavra amar,
nesse passo.
Não pretendeu
Jesus, assim
falando, que
cada um de nós
tenha para com o
seu inimigo a
ternura que
dispensa a um
irmão ou amigo.
A ternura
pressupõe
confiança: ora,
ninguém pode
depositar
confiança numa
pessoa, sabendo
que esta lhe
quer mal;
ninguém pode ter
para com ela
expansões de
amizade,
sabendo-a capaz
de abusar dessa
atitude. Entre
pessoas que
desconfiam umas
das outras, não
pode haver essas
manifestações de
simpatia que
existem entre as
que comungam nas
mesmas ideias.
Enfim, ninguém
pode sentir, em
estar com um
inimigo, prazer
igual ao que
sente na
companhia de um
amigo (...)”.
– Agora já passa
a ter sentido,
para mim, esse
“amar o
inimigo”,
atalhou Luciano.
– Sim – aditou
José Antônio – ,
amar o inimigo é
compreender a
sua forma de
agir,
opondo-se-lhe
resistência ao
mal que nos
pretenda fazer,
porém sem
querer, por
outro lado,
praticar o mal
em revide.
Pois como mais
adiante
esclarece
Kardec: “(...)
Amar os inimigos
é não lhes
guardar ódio,
nem rancor, nem
desejos de
vingança;
(...)”.
O inimigo por si
só já está em
péssima
situação, pois
quem nutre tal
sentimento não
poderá ter a
tranquilidade e
a felicidade, e,
“amando-o”, você
não estará
ligado a ele
pelos terríveis
elos do ódio.
Bibliografia:
(1)
O Novo
Testamento –
Mateus, cap. 5,
43 a 47.
(2) O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Allan Kardec,
Ed. FEB, CAP.
XII, item 3,
parágrafos 1º e
4º.