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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 8 - N° 369 - 29 de Junho de 2014
ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)
 

 
Alessandro Viana Vieira de Paula: 

“O Espiritismo é um farol a iluminar nossas vidas”

O conhecido estudioso e palestrante espírita paulista fala
sobre seu trabalho de divulgação das obras
mediúnicas de José Raul Teixeira
 
 

Juiz de Direito e vinculado ao Centro Espírita Allan Kardec, em Itapetininga-SP, onde reside, Alessandro Viana Vieira de Paula (foto) é espírita há quase 30 anos. Palestrante, tem percorrido diversas instituições com diferentes temas da divulgação espírita. De longa amizade e convivência com o médium Raul Teixeira, nosso entrevistado

aborda as alegrias do sesquicentenário de O Evangelho segundo o Espiritismo às dificuldades internas do movimento espírita e da própria sociedade como um todo em lúcidas e oportunas respostas. 


Após a enfermidade de Raul, o amigo tem-se dedicado com afinco à divulgação das obras do querido médium e orador de Niterói-RJ. Como tem sido essa experiência?

Essa experiência tem sido muito agradável, porque tenho a possibilidade de divulgar e ofertar ao público da palestra os livros psicografados por Raul Teixeira, que são de uma qualidade doutrinária inquestionável. Admiro muito a maneira como Camilo (guia espiritual de Raul, que é o autor da maioria dos livros) desenvolve os assuntos, com elevação e com uma pedagogia peculiar. Com a vinda dos livros, também acabo ajudando a entidade Remanso Fraterno, que é a beneficiária dos direitos autorais. 

Que experiências foram colhidas da amizade e convivência com Raul?

Poder desfrutar da amizade de Raul é algo que agradeço a Deus, porque sua alegria de viver, fidelidade ao evangelho e bom senso doutrinário são marcantes. Além disso, quando o acompanhava em palestras em nossa região, podíamos dialogar sobre questões importantes do Espiritismo e do movimento espírita, que serviram de grande aprendizado para minha pessoa. Atualmente, após o AVC, temos aprendido muito com Raul, porque ele tem mantido fidelidade a tudo aquilo que ensinou em 42 anos de divulgação espírita. 

Nas viagens de palestras, como tem sentido o movimento espírita?

Durante as viagens tenho conhecido excelentes confrades espíritas, os quais mantêm com muito esforço e zelo as atividades espíritas locais, mas a grande massa do movimento espírita ainda é composta por pessoas que não se dedicam tanto ao estudo e à leitura, o que acaba facilitando a proliferação de obras espíritas de má qualidade doutrinária. O problema de determinadas teorias que ferem os princípios espíritas é a sua aceitação por esse público acomodado, que não exerce o bom senso e a lógica espírita, não sabendo separar o joio do trigo. 

Em seu recente artigo O Espírita e o Movimento Espírita, publicado por esta revista, o amigo relacionou virtudes que o Espírito Camilo indica no livro Cintilações das Estrelas como necessárias à qualidade do movimento espírita. Por que estamos com tantas dificuldades internas no movimento? Conseguimos identificar uma causa principal?

O Espírito de Verdade, no livro O Evangelho segundo o Espiritismo, já havia alertado os espíritas acerca da necessidade do amor e da instrução. A falta de amor entre os confrades espíritas, que se traduz em melindres, ciúmes, disputas, ausência de respeito e de compaixão, acaba por afetar a relação pessoal entre os espíritas. Fala-se tanto de unificação doutrinária, todavia, somente com a unificação dos sentimentos é que conseguiremos aquele resultado. A falta de conhecimento mais profundo do Espiritismo também acaba gerando os “achismos”, que culmina em atritos e divisões entre os espíritas. 

De sua experiência profissional, como encarar o sistema prisional brasileiro e os ditames da Lei de Progresso no estágio atual do país?

O sistema prisional brasileiro ainda é precário, porque onde há superlotação, sedentarismo dos apenados, descaso com a saúde, atrasos na concessão dos direitos dos presos e, para agravar, a existência do crime organizado, raramente se consegue recuperar o preso. Quando o preso termina sua pena ou obtém a liberdade, ele ainda sofre o preconceito social, porque é muito difícil alguém acreditar nele e dar-lhe uma nova oportunidade. Mas a transição planetária está a todo vapor, portanto numa sociedade mais cristã essas questões tendem a mudar. Cabe ao cristão acreditar na recuperação do indivíduo, fazendo a sua parte, por exemplo, visitas religiosas às unidades prisionais, ofertar emprego aos egressos, ajudar suas famílias etc. 

Como venceremos, como nação, esses imensos desafios sociais da atualidade?

Esses desafios sociais atingem, na atualidade, o ápice porque estamos vivendo esse momento importante de transição planetária. Como sabemos, os que praticam o mal pelo mal irão para outros mundos, mas o grande entrave para o progresso se dá com os neutros. São aqueles que não fazem o bem e nem o mal, ficam acomodados. A dor e sofrimento atingem índices alarmantes para tocar esses neutros, a fim de que tomem uma decisão e possam optar pela ação efetiva no bem. Dessa forma, para vencer temos que assumir as nossas responsabilidades de cristãos, procurando ser útil para o próximo e para a sociedade, colaborando ativamente na construção da sociedade do porvir. 

E as alegrias dos 150 anos de O Evangelho segundo o Espiritismo?

Este ano irei abordar em minhas palestras justamente essa temática e tem sido uma alegria imensa e de um grande aprendizado pessoal rever e refletir as lições de O Evangelho segundo o Espiritismo, que tanto nos aproximam do Cristo e da vivência das virtudes, consolando-nos e instruindo-nos. Conforme Allan Kardec menciona na Introdução, o ensino moral de Jesus é inatacável, não gera controvérsias, portanto estamos carentes desses ensinos para que possamos ter mais homens de bem em nossa sociedade, cumpridores dos seus deveres morais. 

Algo marcante que gostaria de relatar de sua vivência no movimento espírita?

Ter visitado o Chico Xavier numa única ocasião em Uberaba. Ele já estava debilitado da saúde, próximo de seus 90 anos de idade, e havia uma fila para conversar com o Chico. A mulher que estava na minha frente trazia a foto de um filho que havia desencarnado. A mulher exibiu a foto para o Chico e ele, que estava com a fala muito debilitada e fraca, pegou a foto e beijou-a com uma ternura impressionante, que a mãe teve a certeza de que seu filho receberia a ajuda espiritual necessária. A mulher saiu mais confortada sem ter ouvido uma palavra do Chico, foi apenas um gesto de amor. 

Resumindo seu entusiasmo pela divulgação e pelo estudo espírita, numa frase, qual seria essa frase?

Conhecer o Espiritismo, num mundo conturbado e materialista como a Terra, representa um farol a iluminar minha vida, não permitindo que eu naufrague na embarcação do corpo. 

Suas palavras finais.

Que possamos estar sempre contagiados pela beleza da religião espírita, jamais perdendo o entusiasmo inicial daqueles primeiros dias na doutrina, a fim de que a alegria de viver e servir, e a fidelidade ao evangelho, sejam marcas em nossas vidas, auxiliando, ainda que de forma modesta, aqueles que caminham nas trevas e necessitam de um pouco de luz. Conforme nos convida o Espírito de Verdade, na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, que possamos participar do Divino Concerto, tendo Jesus como maestro de nossas vidas.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita