Atualidade
Augusto dos Anjos
Torna Caim ao fausto do
proscênio(1).
A Civilização regressa à
taba.
A força primitiva
menoscaba
A evolução onímoda(2)
do Gênio.
Trevas. Canhões.
Apaga-se o milênio.
A construção dos séculos
desaba.
Ressurge o crânio do
morubixaba(3)
Na cultura da bomba de
hidrogênio.
Mas, acima do império
amargo e exangue(4)
Do homem perdido em
pântanos de sangue,
Novo sol banha o pélago(5)
profundo.
É Jesus que, através da
tempestade,
Traz ao berço da Nova
Humanidade
A consciência cósmica do
mundo.
(1)
Proscênio – A frente do
palco; antecena. P.
ext.: o palco, a cena.
(2)
Onímoda – Que é de todos
os modos; que abrange
todos os modos de ser;
que abrange tudo. Que
não tem restrições;
ilimitado.
(3)
Morubixaba – Chefe
temporal das tribos
indígenas brasileiras [O
espiritual é o pajé (q.
v.). Var. e sin.:
murumuxaua, muruxaua,
tubixaba, tuxaua,
cacique, curaca.] V.
manda-chuva. Pop.
Chefe, patrão.
(4)
Exangue – Sem sangue.
Sem forças; débil,
exausto.
(5)
Pélago – Mar profundo,
abismo marítimo, pego.
Mar alto, oceano. Fig.:
abismo, profundidade,
imensidade.
Do livro Parnaso de
Além-Túmulo, obra
mediúnica psicografada
pelo médium Francisco
Cândido Xavier. O poeta
Augusto dos Anjos nasceu
no Estado da Paraíba em
1884 e desencarnou em
Leopoldina (MG) em 1914.
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