Fatos
Espíritas
William Crookes
(Parte 11)
Continuamos o
estudo metódico
e sequencial do
clássico
Fatos Espíritas,
de William
Crookes, obra
publicada em
1874, cujo
título no
original inglês
é Researches
in the phenomena
of the
spiritualism.
|
Questões preliminares
A. Qual era, em sua
última reencarnação, o
nome verdadeiro de Katie
King?
Annie
Morgan.
(Fatos Espíritas –
Extrato do jornal The
Spiritualist de 29 de
Maio de 1874.)
B. Quando ocorreu a
última sessão com Katie
King?
A sessão
realizou-se numa
quinta-feira, dia 21 de
maio de 1874. Katie
expressamente afirmou
que não dava essa sessão
senão aos poucos amigos
convencidos,
experimentados, que se
achavam ainda presentes
em Londres, os quais,
durante muito tempo,
pugnaram pela médium
contra o público, e,
apesar de numerosas e
instantes solicitações,
só fez uma exceção,
convidando os Srs. M.
Florence, Marryat e Ross
Church.
(Obra citada – Extrato
do jornal The
Spiritualist de 29 de
Maio de 1874.)
C. É verdade que Katie
King materializou-se
também em sessões
realizadas com presença
do sábio Aksakof?
Sim. O
próprio Aksakof o
revelou em livro de sua
autoria. Ele pôde,
então, ver Katie
materializada e observar
que suas vestes eram
completamente diferentes
das que a médium
Florence Cook usava.
(Obra citada - O
Espírito Katie King
materializa-se nas
sessões do sábio Aksakof.)
Texto para leitura
199.
Extrato do jornal The
Spiritualist de 29 de
Maio de 1874 –
Desde o começo da
mediunidade da Srta.
Cook, o Espírito Katie
King ou Annie Morgan,
que tinha produzido a
maior parte das
manifestações físicas,
havia anunciado que não
tinha a possibilidade de
ficar perto da sua
médium senão durante
três anos e que depois
desse tempo
despedir-se-ia para
sempre.
200. O fim desse período
expirou quinta-feira
última, mas antes de
deixar a médium ela
concedeu aos seus amigos
ainda três sessões de
despedida. A última
realizou-se
quinta-feira, 21 de maio
de 1874: Katie
expressamente fizera
observar que não dava
essa sessão senão aos
poucos amigos
convencidos,
experimentados, que se
achavam ainda presentes
em Londres, os quais,
durante muito tempo,
pugnaram pela médium
contra o público, e,
apesar de numerosas e
instantes solicitações,
só fez uma exceção,
convidando os Srs. M.
Florence, Marryat e Ross
Church. Entre os
espectadores estavam o
Sr. William Crookes e a
criada Maria.
201. Às 7:23 da noite o
Sr. Crookes conduziu a
Srta. Cook à câmara
escura, onde ela se
estendeu no soalho,
apoiando a cabeça num
travesseiro. Às 7:28
Katie falou pela
primeira vez e às 7:30
mostrou-se fora da
cortina e em toda a sua
forma; estava vestida de
branco, com as mangas
curtas, e decotada;
tinha longos cabelos
castanho-claros, de cor
dourada, caindo-lhe em
cachos dos dois lados da
cabeça e ao longo das
costas, até à cintura;
trazia um grande véu
branco que não foi
abaixado senão uma ou
duas vezes sobre o seu
rosto, durante a sessão.
202. A médium tinha um
vestido azul-claro, de
merinó. Durante quase
toda a sessão Katie
ficou em pé diante de
nós; a cortina do
gabinete estava afastada
e todos podíamos ver
distintamente a médium
adormecida com o rosto
coberto com um xale
encarnado, para o
resguardar da luz. Ela
não deixara a sua
primitiva posição desde
o começo da sessão,
durante a qual se
derramava viva claridade
pelo aposento.
203. Katie falou da sua
próxima partida e
aceitou um ramalhete que
o Sr. Tapp trouxera,
assim como alguns lírios
oferecidos pelo Sr.
Crookes; convidou, em
seguida, o Sr. Tapp a
desamarrar o ramalhete e
colocar as flores diante
dela, sobre o soalho;
sentou-se, então, à
maneira turca e
pediu-nos para fazer a
mesma coisa, ao seu
derredor. Depois,
dividiu as flores e deu
a cada um de nós um
pequeno ramo, que
amarrou com uma fita
azul.
204. Escreveu também
cartas de despedida a
alguns dos seus amigos,
assinando-se “Annie Owen
Morgan” e dizendo que
fora este o seu
verdadeiro nome durante
sua vida terrestre.
Escreveu, igualmente,
uma carta à médium e
escolheu para ela um
botão de rosa, como
presente de despedida.
Pediu, então, a tesoura,
cortou pedaços dos seus
cabelos e deu a todos
nós uma grande parte, e,
tomando em seguida o
braço do Sr. Crookes,
fez uma volta pela sala
e apertou a mão de cada
um; sentou-se de novo,
cortou vários pedaços do
seu vestido e do véu e
nos presenteou com eles.
205. Vendo-se-lhe grande
orifício no vestido,
quando ela se achava
sentada entre o Sr.
Crookes e o Sr. Tapp,
perguntaram-lhe se
poderia restaurar o
dano, assim como o tinha
feito em outras
ocasiões. Katie
apresentou a parte
cortada à claridade da
luz, deu uma pancada em
cima, e instantaneamente
essa parte ficou tão
completa e tão nítida
como dantes. As pessoas
que se lhe achavam perto
lhe examinaram o pano,
tocando-o com a sua
permissão, e afirmaram
que não existia nem
orifício, nem costura,
nem nenhum tecido
sobreposto, onde
instantes antes tinham
visto buracos de várias
polegadas de diâmetro.
206. Katie deu em
seguida as suas últimas
instruções ao Sr.
Crookes e aos outros
amigos, sobre a conduta
a manter relativamente
às manifestações
ulteriores, que havia
prometido por intermédio
da médium. Essas
instruções foram
anotadas com cuidado e
entregues ao Sr. Crookes.
Ela pareceu então
fatigada e dizia
tristemente que desejava
ir-se embora, porque a
sua força desaparecia;
reiterou a todos as suas
despedidas da maneira
mais afetuosa. Os
assistentes
agradeceram-lhe as
manifestações
maravilhosas que lhes
tinha concedido.
207. Finalmente, dirigiu
aos seus amigos um
último olhar grave e
pensativo, deixou cair a
cortina e tornou-se
invisível. Ouviu-se que
a médium acordava e lhe
pedia, derramando
lágrimas, que ficasse
ainda um pouco mais; mas
Katie lhe respondeu:
“Minha cara, não posso;
a minha missão está
cumprida; Deus te
abençoe”. E ouvimos
o som de um beijo de
despedida. A médium
apresentou-se, então,
entre nós, inteiramente
desfalecida e
profundamente
consternada.
208. Katie dizia que não
podia, para o futuro,
falar nem se tornar
visível; que, executando
durante três anos essas
manifestações físicas,
tinha passado uma vida
bem penosa, para expiar
as suas faltas; que
estava resolvida a
elevar-se a um grau
superior da vida
espiritual; que só a
longos intervalos
poderia corresponder-se,
por escrito, com a sua
médium, mas que poderia
sempre vê-la por meio da
lucidez magnética.
209. O Espírito
Katie King
materializa-se nas
sessões do sábio Aksakof,
antes de se manifestar
ao Doutor William
Crookes
– Diz Aksakof, na sua
obra Animismo e
Espiritismo:
“Farei aqui uma breve
digressão, narrando a
minha entrevista com
Katie King, entrevista
que ainda não foi
publicada pela imprensa
estrangeira.
Em 1873, já o Sr.
Crookes tinha publicado
os seus artigos sobre a
força psíquica, porém
não acreditava ainda nas
materializações e dizia
que só acreditaria nelas
quando visse ao mesmo
tempo o médium e a forma
materializada.
Achando-me em Londres,
nessa época, desejei
naturalmente ver esse
fenômeno, único então.
Tendo-me relacionado com
a família da Srta. Cook,
fui graciosamente
convidado para assistir
à sessão que devia
realizar-se a 22 de
outubro.
Reunimo-nos em um
pequeno aposento que
servia de sala de
jantar.
A médium, Srta. Florence
Cook, sentou-se em uma
cadeira, no canto
formado pelo fogão e a
parede; atrás havia uma
cortina corrediça; o Sr.
Luxmoore, que dirigia a
sessão, exigiu que eu
examinasse bem o lugar e
as ligaduras da médium,
pois pensava ser esta
última precaução sempre
indispensável. Em
primeiro lugar ligou ele
cada uma das mãos da
médium, separadamente,
com uma fita de linho,
selou os nós, depois,
reunindo as mãos por
trás das costas,
ligou-as conjuntamente
com as extremidades da
mesma fita e, de novo,
selou os nós; depois,
ligou-as ainda com uma
longa fita, que fez
passar por fora da
cortina, por baixo de um
gancho de cobre, que foi
preso à mesa perto da
qual ele estava sentado;
desse modo a médium não
podia mover-se sem
imprimir um movimento à
fita.
O aposento estava
iluminado por pequena
lâmpada, colocada atrás
de um livro.
Ainda não havia
decorrido um quarto de
hora e a cortina foi
afastada
suficientemente, para
deixar ver uma forma
humana, em pé, vestida
completamente de branco,
com o rosto descoberto,
mas tendo os cabelos
envolvidos em um véu
branco e as mãos e os
braços completamente nus
– era Katie.
Na mão direita ela
segurava um objeto, que
entregou ao Sr.
Luxmoore, dizendo-lhe:
É para o Sr. Aksakof;
eu lho ofereço.
Ela me oferecia um pote
de doce! e a entrega
desses presentes
provocou um riso geral.
Como se vê, a nossa
primeira entrevista não
teve nada de místico.
Tive a curiosidade de
perguntar donde vinha
esse pote de doce e
Katie deu-me esta
resposta, não menos
prosaica que o presente:
Da cozinha.
Durante toda essa sessão
ela conversou com as
pessoas presentes; a sua
voz era abafada; só se
percebia um ligeiro
cochicho; repetia a todo
o instante: Façam-me
perguntas; perguntas
sensatas; então,
perguntei-lhe: Não
poderá mostrar-me a sua
médium? Ela me
respondeu: Sim, venha
ligeiro e olhe.”
210.
Segundo o relato feito
por Aksakof, ele
imediatamente afastou as
cortinas das quais
estava apenas afastado 5
passos; a forma branca
tinha desaparecido e
diante dele, em um canto
escuro, avistou a
médium, sempre sentada
na cadeira; trajava
vestido de seda preta e,
assim, não pôde vê-la
distintamente na
escuridão.
211. Logo que voltou ao
meu lugar, Katie tornou
a aparecer perto da
cortina e perguntou-lhe:
“Viu bem?” – “Não
muito bem” – respondeu
ele; estava escuro atrás
da cortina. “Então
segure a lâmpada e olhe
depressa”,
respondeu-lhe Katie.
212. Em menos de um
segundo, ele colocou-se
atrás da cortina, com a
lâmpada na mão; todo
vestígio de Katie tinha
desaparecido e ele se
achava em presença da
médium, que estava
sentada na cadeira, com
as mãos ligadas por trás
e mergulhada em profundo
sono.
213. A luz da
lâmpada, caindo
sobre o seu
rosto, produziu
o seguinte
efeito: a médium
gemeu, fazendo
esforços para
acordar; um
interessante
colóquio
travou-se, atrás
da cortina,
entre a médium,
que queria
acordar
completamente, e
Katie que queria
adormecê-la
ainda; ela,
porém, teve de
ceder; Katie
despediu-se dos
assistentes, e
fez-se silêncio;
a sessão estava
terminada.
(Continua no próximo número.) |