Há um mar todo
feito
para nós
Ir. Ferdinando
(Espírito)
“O vento sopra
para sul, depois
gira para o
norte e, girando
e girando, vai
dando as suas
voltas. Todos os
rios correm para
o mar, e o mar
nunca
transborda;
embora cheguem
ao fim do seu
percurso, os
rios sempre
continuam a
correr.”
[Eclesiastes,
1:6-7.]
As sábias
palavras do
Livro de
Eclesiastes nos
faz pensar nas
verdades
espirituais por
meio das
manifestações
simples da
natureza. O que
é o vento? Na
meteorologia, os
ventos são
tratados e
definidos como
fluxo de gases
que põem o ar em
movimento.
Assim, quando o
vento se lança
pelo globo
terrestre, ele
não apenas
dispersa os
poluentes do ar
mas também
produz e recicla
energias tão
importantes para
vida no planeta.
Portanto, seja
por meio de
ventanias ou de
brisas, o vento
sopra e ao
soprar ele
constrói e
destrói, pois
essa é a lei
natural que o
dirige.
O
vento constrói
condições de
lazer,
transportes
marítimos e
aéreos, esportes
e tantas outras
coisas. Há,
nesse aspecto,
muitas lições
que o vento nos
ensina. Mas, ele
pode também
destruir se por
acaso ficar em
um movimento
circular em
torno de si. Ao
ficar
ensimesmado, os
ventos se
transformam em
tufões,
ciclones,
furacões ou
quaisquer outros
nomes que a
meteorologia tem
utilizado. E
isso já nos traz
uma importante
lição segundo a
qual insular-se,
portanto, é
destruir-se e
destruir os que
estão em volta
de si. Estar
encarnado na
Terra é um
convite para
conviver com os
demais e com
eles aprender.
Na Bíblia, o
Espírito Santo
de Deus é
comparado ao
vento que sopra,
àquele que paira
sobre as águas,
pois vento e
água estão
sempre juntos
desde o início
da criação do
planeta. Ruah
não apenas
sopra, mas corre
e percorre o
mundo em que
habitamos. É
ubíquo. Está em
toda parte e,
por isso, enche
o globo da
presença de
Deus.
Assim como o
vento que, ao
soprar, não
cessa de
percorrer seus
caminhos, os
rios também
volteiam o
globo, pois,
como nos diz a
Bíblia, “no
princípio, Deus
criou o céu e a
terra. A terra
estava sem forma
e vazia; as
trevas cobriam o
abismo e um
vento impetuoso
soprava sobre as
águas” (Gn, 1,
1-2). O vento e
as águas estão,
desde o início,
sempre juntos a
nos ensinar
sobre a vontade
criativa e
criadora de
Deus. O nosso
orbe tem a sua
constituição
pela água que
corre, escorre e
percorre as
superfícies, das
mais tranquilas
às mais
acidentadas. É,
pois, incansável
em seu percurso.
Torna, contorna
e retorna, mas
nunca da mesma
maneira como
partiu. É um
movimento de
renovação
constante.
Energias
benfazejas
dimanam desse
movimento e,
assim, a
fluidificação
das águas se
soma ao sopro
dos espíritos
que vão e vêm ao
sabor das
migrações
reencarnatórias.
Olhemos mais
detidamente para
os rios e
pensemos: se a
sua vocação é
desaguar no mar,
por que, mesmo
atingindo esse
objetivo, os
rios prosseguem
renitentes em
seu percurso?
Poderíamos,
talvez, admitir
que chegar ao
mar não é um fim
em si mesmo, mas
é desejadamente
um ponto
abençoado onde é
inevitável a
miscigenação de
partidas e
chegadas. As
águas que chegam
ao mar se
renovam e
aprendem muito
com a imensidão
oceânica que as
acolhe. As águas
que dele partem
carregam, dentro
de si, parte do
oceano que elas
também foram um
dia e esse é o
motivo pelo qual
as águas dos
rios teimam em
querer sempre
voltar a
desaguar no
aconchego do
mar. É,
portanto,
perdendo-se no
grandioso mar
que as águas dos
rios se
encontram e,
assim, podem
voltar ao seu
percurso
evolutivo.
Como observais,
a natureza nos
ensina muito,
queridos. Vede o
corpo somático e
analisemos que,
ao compor o
conjunto dos
outros corpos
habitados e
animados pelo
espírito, o
homem se
particulariza
biologicamente
por ter 70%
desse corpo
constituído de
água. Esse
aspecto o põe,
em sua condição
de espírito
encarnado, em
uma relação de
intensa
identificação
com o nosso
planeta cuja
tessitura
terrestre também
é coberta por
2/3 de água. Em
outras palavras,
tal qual a
composição do
corpo somático,
o nosso
magnífico
Planeta Terra
também é
constituído por
70% de água e
isso deve
significar muito
para todos nós.
Há muito o que
aprender pelo
simples ato de
observar a
dinâmica da
natureza do
planeta.
Essas
semelhanças
deixam
indeléveis as
marcas da
laboriosa
criação de Deus.
Diante delas,
devemos nos
perguntar: Na
condição de
filhos de Deus,
que posições
assumimos nesse
cenário? Somos
rios que seguem
ou somos mar que
recebe os rios?
Na verdade, a
vida vai exigir
que sejamos
ambos: rios e
mar. Nesse
sentido, é
preciso estarmos
preparados para,
oportunamente,
sermos um e
outro quando
convier a nossa
evolução
espiritual por
meio da
caridade, quando
formos o mar que
abraça, e da
humildade,
quando formos os
rios que se
deixam ser
abraçados.
Se somos os rios
que seguem,
queremos
prosseguir na
jornada
evolutiva mesmo
quando voltarmos
a nos fundir com
o mar? Queremos
nos submergir no
mar e nele
repousar
eternamente ou
queremos
retornar quantas
vezes esse ciclo
evolutivo se
mostrar
necessário ao
nosso progresso
moral, ético e
espiritual?
Os espíritos
migram de uma
existência à
outra como rios
que,
incansavelmente,
fluem em busca
do mar. O mar é
Deus e
representa uma
metáfora do
progresso que se
concretiza na
superação do que
nos atrasa. O
mar é a
angelitude para
a qual todos
temos a natural
propensão. Mas,
o percurso exige
a perseverança
dos rios e o
deslizar da
coreografia dos
ventos. Dos
rios, porque com
eles aprendemos
a importância de
jamais nos
cansarmos de ir
ao mar e dele
regressar mais
fortalecido. Dos
ventos, porque
estes nos
ensinam que é
importante
dissiparmos os
poluentes e
renovarmos as
energias que nos
circundam,
procurando gerar
mais brisas do
que ventanias e
evitar, a todo
custo,
transformarmo-nos
em furacões.
Não obstante
isso, às vezes,
devemos também
ser o mar uns
dos outros. Sim,
o filho busca no
pai e na mãe um
mar de amor que
acolhe e educa.
O aluno busca no
professor um mar
de conhecimento
que o forma para
vida. O paciente
busca no médico
e no enfermeiro
um mar
terapêutico para
suas dores
somáticas. O
amigo busca na
amizade do outro
o mar de
compreensão e
ajuda mútuas, e
assim por
diante. Contudo,
às vezes
escolhemos
desaguar em
horas erradas,
em situações
erradas. Daí
surgem a dor, o
desespero e as
doenças que
molestam os
corpos de que se
constituem o
espírito feito à
imagem e à
semelhança de
seu Criador. As
dores surgem em
certos deságues
porque ali ainda
não era o mar
verdadeiro. Por
este motivo, a
juventude
precisa ser rio
que corre para o
mar verdadeiro.
Cuidemos,
portanto, dos
jovens cuja
tendência
impetuosa os
leva a não
enxergá-lo.
Em função disso,
é preciso um
esforço coletivo
de todos para
ensinarmos os
jovens sobre o
fato de que a
beleza, a
vaidade, o
desajuste do
sexo, a mentira
e a traição não
são, de modo
algum, mares
confiáveis. Não
podemos
transformar os
esgotos em
nossos mares!
Porém, se mesmo
assim o
fizermos, ainda
teremos um mar
para nos
acolher, pois
mesmo a dor pode
ser um “mar
necessário” e,
inevitavelmente,
muitas vezes
precisamos
desaguar nela
para percebermos
que nos
confundimos no e
com o caminho.
A
lei do progresso
é inviolável. Se
não for pela
poesia
serpentina dos
rios e pela
coreografia
deslizante dos
ventos, que seja
então pela
imersão no mar
da dor, e que
esta seja sempre
encarada como
uma oportunidade
educativa. O que
importa é
progredir, essa
é a pedagogia de
Deus. Faz parte
da missão de
muitos
encarnados na
Terra ajudar
nessa fase de
transição
planetária por
meio da qual a
dor, um dia,
deixará de ser o
mar para os rios
que se
“perderam” ao
invés de
seguirem o seu
percurso
natural.
De todo modo, é
importante
insistir: Não
desaguemos em
esgotos porque
há um mar todo
feito para nós!
Não nos dobremos
à impetuosidade
das ventanias
destrutivas das
paixões e nem da
bisbilhotice que
tolhe o espírito
em marcha! Ao
contrário,
olhemos para os
rios e
aprendamos com
eles que o
percurso em
busca do
verdadeiro mar
exige paciência
e a coragem de
enfrentar
subidas íngremes
e quedas
vertiginosas.
Depois dessa
viagem, ao
abeirar-se do
mar e por ele
deixar-se
envolver, o
cansaço oriundo
do decurso das
águas será
consumido pelo
acolhimento
oceânico que
sempre e
generosamente se
derrama sobre o
cansaço de quem
fez uma longa,
mas necessária,
viagem.
Quando esse
momento chegar,
é hora de
aprender muito
mais, de aceitar
ajuda e amparo,
é tempo de
replanejar-se
para,
oportunamente,
seguir a
incessante
viagem em busca
da evolução. É
chegada então a
hora de
desbravar outros
cenários, novos
percursos ao
sabor de novos
ventos.
Fiquemos na paz
do Divino
Mestre.
Mensagem
psicografada
pelo médium
Júlio Araújo, no
dia 31 de
outubro de 2013,
em Fortaleza,
Ceará.