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Brasil
Ano 8 - N° 386 - 26 de Outubro de 2014
PAULO SALERNO
pgfsalerno@gmail.com
Porto Alegre, RS (Brasil)
 


 
Divaldo Franco de volta ao
Rio Grande do Sul

No período de 15 a 19 de outubro, o orador realizou novo ciclo de conferências em cinco cidades gaúchas

 
O nobre conferencista e médium Divaldo Franco, incansável, sempre bem humorado, elegeu o próximo como meta de amor. Levando a mensagem de Jesus a todos os lugares, viaja constantemente semana após semana, sem descanso entre um e outro destino. Recentemente esteve no Rio Grande do Sul para atender aos convites formulados, proferindo palestras ou minisseminários em cinco cidades no período de 15 a 19 de outubro. Viamão, Rio Grande, Santa Maria, Novo Hamburgo e Torres, as cidades visitadas.
 

Na noite do dia 15 participou do 4º Encontro Municipal Espírita de Viamão, proferindo o minisseminário Reencarnação e Vida, no Colégio Marista Graças. Recepcionando o ilustre orador estavam presentes a presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS), Maria Elisabeth da Silva Barbieri; a presi-dente da União Municipal Espírita  de

Viamão, Liane Matzenbacher; e o presidente da 12ª Região/FERGS, Luiz Carlos Pereira.

Divaldo Franco, apresentando o pensamento filosófico/religioso no mundo ocidental, traçou um perfil do conhecimento humano, evidenciando as diversas correntes experimentadas, caracterizando avanços e recuos sobre o tema em evidência, bem como as tendências materialistas e espiritualistas esposadas por alguns pensadores. O saber científico do homem é fenomenal, alcançou fronteiras inimagináveis, porém, ainda não logrou desenvolver o campo ético/moral, o que lhe facultaria encontrar o sentido psicológico da vida, o amor.

Aprofundando o assunto reencarnação, Divaldo apresentou alguns ensinamentos e mensagens do Cristo, evidenciando o fato, destacando que Jesus falou e ensinou sobre a reencarnação. Depois que o Imperador Justiniano declarou a reencarnação como uma doutrina herética, de forma subliminar, atendendo aos impositivos de sua esposa Teodora, o mundo cristão viveu até o século XIX negando a reencarnação.  

Código Penal da Vida Futura 

Com o advento da Doutrina Espírita, a reencarnação voltou a ser estudada e melhor compreendida. Vários pesquisadores modernos, orientais e ocidentais, através de estudos sérios, com pesquisas fundamentadas, estão comprovando a reencarnação como um fato real, palpável.

Crer é relativo, saber é definitivo. Na medida em que o homem avança em conhecimento e na observação dos fatos, vai transitando da crença para o saber, em todos os aspectos da vida, quer na matéria, quanto fora dela. A vida possui uma predestinação: a perfeição. As provas e as expiações são momentos de construção dessa perfeição a ser alcançada. A expiação proporciona a reflexão profunda, já o sofrimento é inerente às imperfeições. O orador destacou do Código Penal da Vida Futura, em O Céu e o Inferno, as fases pelas quais deve passar a criatura humana na viagem em busca da plenitude, da felicidade. São elas: o arrependimento, quando o indivíduo conscientiza-se sobre os seus equívocos; a expiação que se caracteriza por sofrer a ação das leis divinas, nesta fase experimenta angústia; e a reparação, ou seja, o reabilitar-se, reparando o mal praticado.

Sempre com um toque de humor, Divaldo apresentou alguns casos de reencarnação trazidos a lume pelos pesquisadores, e por ele mesmo, ao narrar fatos sobre sua própria família. Somente a reencarnação pode responder e dar compreensão aos efeitos evidentes encontrados no ser humano, ensejando à criatura se reabilitar perante a consciência cósmica. É dever de todo ser humano desenvolver os sentimentos, o comportamento ético/moral. Todos se encontram na Terra para desenvolver o amor, para viver a proposta de Jesus, dando à vida o significado do amor. Nunca permitas que alguém saia de perto de ti sem que leve algo de bom, ensina a benfeitora Joanna de Ângelis. Finalizando sentenciou: Temos muito o que agradecer e pouca a pedir. 

A segunda etapa da viagem foi Rio Grande 

Após uma viagem de automóvel, desde Porto Alegre, e sob forte chuva torrencial, Divaldo Franco chegou no dia 16 de outubro a Rio Grande para atender compromisso doutrinário a convite da União Espírita de Rio Grande - UERG. Acompanhado pela Equipe do Livro Divaldo Franco, composta por voluntários, e mais um grupo de amigos de São Paulo e do Paraná, todos foram calorosamente recepcionados pelos anfitriões.
 

Antes da conferência o Arauto do Evangelho e da Paz participou de uma entrevista coletiva para o Programa Consciência Espírita, da Rede Cidade/Rio Grande, e para a Rádio Minuano. Nessa coletiva, Divaldo respondeu sobre as experiências acumuladas nas viagens internacionais, traçando uma análise do movimento espírita, notadamente

no Continente Europeu.  

A Doutrina Espírita é uma doutrina de respostas, propicia um descortinar de conhecimentos que ensejam o despertar da criatura humana para a sua realidade espiritual. É uma doutrina que não possui símbolos de qualquer natureza. A identificação do espírita é o seu caráter moral. O entrevistado afirmou que o mal é divulgado muito mais do que o bem, passando uma falsa ideia de que o mal é predominante. A bondade na face da Terra é enorme, com vários exemplos, ações nobres que passam quase despercebidas. Se cada ser humano lutar para poder se tornar melhor, mais pacífico, amoroso, a humanidade será mais solidária e pacífica.

Respondeu, também, sobre os conflitos bélicos no Oriente Médio, sobre as agressões ao feto, quer pelo aborto, quer pelo desejo de a mãe rejeitar seu filho. Discorreu sobre a imortalidade da alma, o trabalho de Allan Kardec e de outros pesquisadores do passado e atuais, comprovando a sobrevivência do Espírito. A transição planetária encontra-se em marcha e Espíritos Nobres estão se reencarnando no orbe terrestre, acelerando a evolução moral. Com relação às eleições, que ora o Brasil experimenta, disse que os Benfeitores Espirituais inspiram os políticos, mas não interferem em suas decisões. Cabe ao eleitor escolher para representá-lo as pessoas nobres, dignas.

Salientou que todos podem fazer preces em favor dos políticos e da situação sócio/moral. Orar ao bem. As pesquisas interplanetárias, com suas incursões em buscas de vida em outros planetas são válidas, tanto quanto a visita à Terra de seres de outros planetas. Vale a pena amar, é relevante amar. Ame! Não espere ser amado, ame! 

A depressão e suas nuanças
 

A conferência realizada no Ginásio do Ipiranga Atlético Clube atraiu cerca de duas mil pessoas – outras tantas não puderam entrar devido a superlotação – para ouvirem Divaldo falar sobre a pandemia deste século: a depressão, que, segundo a Organização Mundial de Saúde, atinge trezentos e oitenta milhões de pessoas. Há uma estimativa de mais outros duzentos e vinte milhões de depressivos ainda não diagnosticados. Compuseram a mesa diretiva, juntamente com Divaldo Franco, o Presidente da UERG, Miguel Ângelo Barroso e o Presidente do Conselho Regional Espírita – 5ª Região/FERGS, José Roberto Lima Dias.
 

O Embaixador da Paz e da Bondade, Divaldo Franco, historiou a incidência da depressão no seio da humanidade, desde os tempos bíblicos, na Índia, na Grécia, passando pelos estudos realizados a partir do Século XIII, e no período da Idade Média, entre os séculos V e XV. Ainda no Século XIII a Igreja Católica declarou que a melancolia era um pecado capital. Somente por volta do Século XVIII é que a melancolia, assim era conhecida a depressão, foi diagnosticada como resultante de distúrbios neuronais.

O avanço da ciência médica e psíquica, e o surgimento dos equipamentos utilizados para exames, sempre mais apurados, facultaram o conhecimento do cérebro humano e sua rede neuronal, bem como as substâncias ali produzidas, cerca de sessenta e cinco, as causas endógenas e exógenas. O depressivo perde a alegria de viver e necessita de auxílio médico/psicológico. Divaldo destacou as contribuições da Doutrina Espírita em favor do ser humano, inclusive aos depressivos.

A Organização Mundial da Saúde estima que no ano de 2025, a primeira causa de mortes será a depressão, através do suicídio. A saúde mental e a saúde emocional dão ao homem a alegria de viver. A solução para alcançar a felicidade é o amor. O Espiritismo chegou para repetir as lições de Jesus. Lições de amor, de humildade, de solidariedade. É Jesus de volta falando docilmente: Amai-vos! Guardar mágoas leva o ser humano a experimentar a depressão. A oração, ser gentil, solidário, caridoso são ações benéficas em favor da saúde mental dos indivíduos. Após essa bela aula sobre a depressão e sua incidência, e utilizando-se de pitadas de humor, Divaldo cativou o público prendendo-lhe a atenção durante a conferência.  

Santa Maria foi o destino seguinte 

Vencendo a distância rodoviária entre Rio Grande e Santa Maria, sob chuva e vento forte, Divaldo Franco chegou ao destino no início da tarde do dia 17 de outubro. Após cumprir seus compromissos particulares, como atender à correspondência eletrônica de vulto, o Professor Divaldo Franco já se encontrava no Ginásio de Esporte do Regimento Mallet, às 18h30min, para atender o enorme público presente.
 

Tão logo chegou, concedeu entrevista para a União Municipal Espírita de Santa Maria, promotora do evento, abordando assuntos sobre a juventude e o seu compromisso ante a evolução, bem como sua postura frente aos apelos do mundo, em consequência do passado de cada um. Outros tópicos foram, a divulgação da Doutrina Espírita, e o Brasil como Pátria do Evangelho.

O Grupo Musical Arte e Luz abrilhantou com suas apresentações, preparando o ambiente com belas interpretações musicais, elevando o padrão vibratório da assistência. Representando o Poder Legislativo do Município, o Vereador Paulo Denardin entregou a Divaldo Franco o Diploma de Visitante Ilustre de Santa Maria. Estiveram presentes Cezar Augusto Schirmer, Prefeito do Município, e o Oficial

Vereador Paulo Denardim entrega Diploma de Visitante Ilustre de Santa Maria

Ginásio repleto

representante do Comandante do Regimento Mallet.

Para falar sobre a felicidade, o orador de Feira de Santana/BA, Divaldo Franco, narrou a comovente história de Thadeu Merlin, que quando doutorando de medicina, na Universidade de Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos da América, defendia veementemente a eutanásia. Porém sua vida mudou, ainda como estudante de medicina, ao atender uma parturiente em dificuldades, em um dia de terrível tempestade em Los Angeles. Após o parto difícil, e examinando o menino, constatou um defeito congênito em um de seus pés, era virado para dentro. Lembrou-se de sua convicção sobre a eutanásia, iria aplicá-la. No entanto algo lhe falou mais alto em sua consciência, desistiu, preparou-se e voltou ao Hospital de Clínicas da Universidade.  

O caso T. J. Müller 

Os anos se passaram e o médico pediatra Thadeu Merlin, bem sucedido, enfrentou uma problemática com sua neta, portadora de um vírus incurável. Recorreu aos melhores especialistas, com diagnósticos de morte dolorosa, recomendando-lhe, alguns, a eutanásia. Negou-se e foi buscar mais recursos, encontrando um jovem médico que vinha pesquisando o vírus mortal há uns dez anos.

Foi ter com ele. Era um lugar pobre, instalações precárias. Nesse cenário Thadeu Merlin submeteu sua neta a mais um diagnóstico, confirmando os anteriores. Sua neta Bárbara iria morrer. Aquele jovem médico informou-lhe que não havia ainda aplicado sua vacina em seres humanos e que não garantiria nenhum resultado. Tanto poderia ser positivo, quanto negativo. O Dr. Thadeu Merlin autorizou os procedimentos que se iniciaram de imediato.

Nesse ínterim, Thadeu Merlin notou que aquele jovem médico possuía uma deformidade em um dos pés. Surpreso, e sendo notado, o jovem médico T. J. Müller disse-lhe que era congênita a sua deformidade e que naquele lugar todos possuíam um defeito físico. Enquanto Bárbara era submetida ao tratamento prévio, Thadeu Merlin identificou, pelo diálogo, o menino que anos antes havia auxiliado a nascer. Assim Thadeu Johan Müller, salvo em seu nascimento, estava salvando a neta estimada do Dr. Merlin, que experimentava grande felicidade, por sua neta recuperada e pelo gesto que não praticou no passado.

Para interpretar a felicidade os filósofos se aplicaram a desenvolver diversas conceituações. Divaldo Franco apresentou o pensamento de vários filósofos sobre a felicidade, aditando que a Doutrina Espírita nos leva à felicidade, a felicidade plena, pois que propicia o desenvolvimento da fé raciocinada, a crença na imortalidade, na lei de justiça, de amor e de caridade. Para que o homem sinta-se feliz é necessário que ele faça todo o bem que estiver ao seu alcance, que desenvolva uma autoanálise, conhecendo-se em maior profundidade, sabedor de suas possibilidades como filho de Deus. 

A quarta cidade visitada foi Novo Hamburgo 
 

Divaldo Franco, uma legenda do Movimento Espírita nacional e internacional, seguindo uma disciplina rígida, cumpre seus compromissos de forma magistral, sacrificando horas de repouso para estar antecipadamente nos eventos, atendendo as pessoas que o procuram para um cumprimento, uma

palavra de estímulo, concedendo autógrafos. O moderno e confortável Teatro da Universidade FEEVALE recebeu a presença de mil e oitocentas pessoas que assistiram, no dia 18 de outubro, ao minisseminário Psicologia do Perdão. Compuseram a mesa diretiva, juntamente com Divaldo Franco, o Presidente do Centro Espírita A Caminho da Luz, João Batista Ribeiro, e o representante do Centro Espírita Fé, Luz e Caridade, Jorge Machado. Estas duas Instituições Espíritas homenagearam Divaldo Franco, presenteando-o com pratos de parede.

Baseado no livro The Sunflower, de Simon Wiesenthal, sobrevivente de vários campos de concentração nazistas, notadamente no de Mauthausen durante a Segunda Guerra Mundial, e de onde foi libertado, Divaldo narra um episódio emocionante. O soldado das tropas SS, Karl Silberbauer, em seu leito de morte, após ferimentos recebidos, solicitou a presença de um judeu. Simon Wiesenthal foi o escolhido. Na presença de Karl, Simon recebe dele, após indagar se realmente era Judeu, um pedido de perdão pelos crimes e atrocidades cometidos.

A família de Simon havia sido destroçada pelos nazistas. Ele escutou o pedido de perdão, e sem responder deixou o local. Visando provocar uma reflexão em cada presente, Divaldo perguntou: Você perdoaria? Se o fato tivesse acontecido com você, perdoaria? Com essa introdução, o Embaixador da Paz no Mundo, passou a discorrer sobre o perdão, seus benefícios e características alinhadas por diversos pensadores e filósofos. O medo, a ira e o amor, três emoções básicas experimentadas pelo ser humano, foram abordadas nos seus aspectos fisiológicos e psicológicos.

O perdão, disse o orador por excelência, exige o não ressentimento e para se alcança-lo é necessário realizar um treinamento para perdoar. Todo o crime merece repúdio, porém, não se deve ser contra o criminoso, esse merece compaixão. Paralelo à Primeira Guerra Mundial, aconteceu a guerra entre turcos e armênios, no período de 1915 a 1917. Como em toda a guerra a barbárie foi soberana. A Armênia invadida pelos turcos viu se povo ser dizimado. Não foi diferente para uma família modesta. Invadida a casa, os soldados turcos mataram, de imediato, os pais de duas jovens. A mais moça, quase uma criança, foi entregue aos soldados que a estupraram até a morte, a outra, um pouco mais velha, foi transformada em escrava sexual do comandante daquela tropa.

Terminada a guerra, e tendo conseguido se evadir, a agora ex-escrava diplomou-se em enfermagem na Turquia. Por volta dos anos de 1926/1927, um homem hospitalizado, coberto de úlceras putrefatas e agonizante necessitava de cuidados especiais, estava morrendo. A enfermeira armênia aceitou cuidar daquele enfermo terminal. Dedicou-se inteiramente, devotadamente, devolvendo-lhe a saúde. Quando recebeu alta, agradeceu ao diretor médico pelos cuidados que tivera recebido. No entanto o diretor disse-lhe que os méritos eram daquela dedicada enfermeira.  

O perdão e seus benéficos efeitos 

Agradeceu-a, e por que notara um sotaque, indagou de que país ela procedia. Informou que era da Armênia. Ela deu-se a conhecer e ele, admirado e estupefato sobre o gesto extremado de amor, indagou se o havia reconhecido como seu algoz e por que o deixou viver. A resposta foi positiva e que havia, sim, razões para cuidar dele. Como se tornara cristã, não poderia prejudicar ninguém, nem mesmo um bárbaro algoz, como ele fora, atendendo o ensinamento de Jesus, o de amar os inimigos. Ela o havia perdoado, apertaram-se as mãos. Você seria capaz de perdoar? – indagou Divaldo Franco.

Apresentando estudos realizados por neurocientistas e pesquisadores diversos, Divaldo expôs os benefícios do perdão e do autoperdão. É necessário, frisou, conjugar o verbo amar. Todos os que se encontram na Terra precisam desenvolver o sentimento, a emoção amor. Ao exercer o perdão a criatura humana está desenvolvendo a generosidade. A beleza salvará o mundo, nas palavras de Dostoievski. O erro é uma metodologia que ensina o que não se deve fazer. Dê-se o direito de errar, porém, não se permita permanecer no erro. Reabilite-se! Ensinou o arauto do evangelho e da paz. A reabilitação, se possível, deve ser com a pessoa ofendida. Se não for possível, reabilite-se fazendo o bem a outrem.

O perdão é psicoterapêutico. Não se deve devolver o ressentimento, antes de tudo compreenda que o ofensor é alguém necessitado de amor. O perdão, disse o conferencista, precisa ser treinado, exercitado, tal qual o amor, desde a elaboração mental até o ato de perdoar. Alguns cientistas estão estudando a existência de uma memória extracerebral. Vários casos pesquisados denotam e existência dessa memória. Já a Doutrina Espírita confirma a memória extracerebral através da reencarnação.  A reencarnação é a chave para explicar a miséria humana, seja moral ou material. Explica, também, o conhecimento que possuem os gênios precoces, expoentes em várias áreas do conhecimento humano.

Reabilitar-se é o dever de cada um, fazendo todo o bem possível, exercendo o amor, o perdão, orando antes e depois de uma atividade, pela manhã e pela noite. Cada criatura humana deve se preparar para colocar em prática no seu dia-a-dia o Sermão da Montanha. Que o amor seja a meta a ser alcançada. Desejar ser amado denota, ainda, ser uma criança psicológica. Todos estão na Terra para amar. Exerça o perdão, exerça a generosidade, recomendou o nobre conferencista. A missão do homem na Terra é amar.

O erro é uma metodologia que ensina o que não se deve fazer. É necessário o autoperdão, reconhecer que errou, reabilitar-se perante a Lei Divina. Cada indivíduo possui o direito de errar, mas não de permanecer no erro. Reserve alguns minutos para a transcendência, conforme ensina Elisabeth Lukas, psicóloga austríaca. Reserve alguns minutos para o exame de consciência. O ser humano foi criado para a plenitude, reabilite-se, não fique atrelado ao passado, sinta-se livre para bem conviver.

Os grupos musicais do Centro Espírita Fé, Luz e Caridade e o Ciranda, Cirandinha abrilhantaram o evento, arrancando calorosos aplausos. No final, todos juntos cantaram a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel.  

A conclusão do ciclo deu-se em Torres 
 

No dia 19 de outubro, dentro da programação da XVIII Semana Espírita de Torres, promovida pela União Municipal Espírita – UME, o orador e médium espírita Divaldo Pereira Franco encerrou o evento com o minisseminário Terapia do Perdão. O local foi o auditório do Centro de Convenções ULBRA-Torres, que ficou lotado com novecentas pessoas. Compuseram 

a mesa diretiva Miguel de Jesus Sardano, Dirigente da EBM Editora, Francisco Ferraz, conferencista do Paraná, Marco Lameira, Presidente da UME-Torres e Divaldo Pereira Franco. Os momentos iniciais foram protagonizados pelo Grupo de Canto da Sociedade Espírita Bezerra de Menezes, de Torres, composto pelos integrantes do Departamento da Infância e Juventude, cuja apresentação recebeu fortes aplausos.

A partir do século XVII, com o advento da separação entre a ciência e a religião, a criatura humana começou a ser estudada com mais profundidade no seu aspecto psicológico. O conhecimento oriental e o ocidental contribuíram para que o homem fosse melhor caracterizado. Divaldo apresentou as características da criatura humana segundo renomados estudiosos, como Emilio Mira y Lopes. A primeira característica é a persona; a segunda a identificação; a terceira o conhecimento; a quarta a consciência de si; a quinta característica a consciência cósmica.

Desenvolvendo o tema consciência, Divaldo apresentou as conclusões de Peter Ouspensky que classificou o ser humano em quatro níveis de consciência. 1. Consciência de sono é o primeiro nível. Neste está a grande maioria, com raras exceções. É o estágio primário na escala de evolução. 2. O segundo nível é o de consciência desperta. A criatura humana alcança o discernimento, dá-se conta que sua existência tem um significado psicológico. 3. Consciência de si mesmo é o terceiro nível estabelecido. Neste nível o autor apresenta as funções da máquina – o ser humano. A primeira função é a intelectiva. A segunda é a emocional. Na ordem estão as funções instintiva, motora e sexual. A sexta função é a emotiva superior e a intelectiva superior é a sétima. Estas funções devem ser administradas por essa consciência de si mesmo. 4. Peter Ouspensky denominou o quarto nível como o de consciência objetiva, que Allan Kardec chamou de consciência cósmica.

Educação moral, familiar, cultural, emocional e social, impõem-se como fundamentais. Estamos caminhando para os níveis de consciência cósmica, frisou o lúcido conferencista.

A terapia do perdão encontra-se toda em um enunciado de Jesus: o amor. Amar a Deus, ao próximo e a si mesmo. Dois pedidos Ele fez ao homem, a nós, que nos amassemos como Ele nos amou. E o segundo, que não fizéssemos aos outros o que não desejamos para nós. É fundamental que a criatura humana reabilite-se perante as Leis Divinas. Nas relações interpessoais o exercício a ser realizado é o da tolerância para com as imperfeições alheias, é ser benevolente, é perdoar e autoperdoar-se.

Os estrategistas militares do segundo decênio do Século XX, afirmavam que a Primeira Guerra Mundial seria a guerra que terminaria com todas as demais. Equivocaram-se. Os homens continuaram a entredevorarem-se. O ocidente contra o oriente, e vice-versa, sendo que as religiões foram as que mais incitaram e motivaram os conflitos bélicos. O que justifica as guerras, disse Divaldo, são os níveis de consciência em que ainda se encontra a criatura humana. Muito belicoso, o ser humano apresenta uma disparidade muito grande entre o nível intelectual e a conduta ético-moral. 

O exemplo da jovem armênia 

Will Durant, professor, historiador e escritor norte-americano, em sua obra A História da Civilização, uma espécie de biografia detalhada da civilização ocidental, afirma que na história da humanidade, compreendendo um período de seis mil anos, somente trezentos anos, de forma intermitente, é que a humanidade viveu períodos de paz, sem guerras.

Concomitante à Primeira Guerra Mundial, aconteceu a guerra entre turcos e armênios, quando a Turquia dizimou um milhão e quinhentos mil armênios por questões étnicas. Entre tantos dramas, e para ilustrar a temática do perdão, Divaldo narrou a história de uma jovem armênia que teve seus pais mortos e sua irmã, com doze anos de idade, jogada aos soldados que a violentaram, matando-a. A sobrevivente, com quinze anos, foi transformada em escrava sexual do comandante daquela tropa.

Decorrido algum tempo, esquálida, ela conseguiu fugir. Diplomou-se posteriormente como enfermeira. Por volta do ano de 1926, trabalhando em um hospital público em Istambul/Turquia, foi chamada para cuidar de um enfermo coberto de úlceras purulentas, fétidas. Para tal ela deveria se internar com o paciente, seria por poucos dias, ele iria morrer em breve, era o diagnóstico. Dedicada e eficiente, salvou-lhe a vida, restabelecendo-lhe a saúde. Após seis meses o enfermo estava deixando o hospital. Foi agradecer ao diretor. Esse lhe disse que o mérito era da enfermeira que havia lhe atendido naquele período.

Durante o tratamento a enfermeira não falava com o paciente, com raras exceções. Agora, frente a frente, os dois trocaram algumas palavras. Identificaram-se, o então oficial que havia assassinado seus pais, jogado sua irmã aos soldados e aquela que fora sua escrava sexual. Perguntou se ela o havia reconhecido. Como a resposta foi positiva e o reconhecimento foi desde o início, voltou a perguntar por que não o havia matado, ou simplesmente deixado morrer, corroído pelas úlceras.

Se o fizesse, respondeu, me igualaria ao algoz, e minha consciência me puniria severamente, por haver-me rebaixado ao nível daquela sordidez. Como se tornara cristã, ao conhecer Jesus através do Sermão da Montanha, tomou a si o dever de amar até aos inimigos, aos que odeiam. Foi o que fez. Perdoou. Apertaram-se as mãos. Ela liberta pelo exercício do amor, ele aprisionado em sua consciência. Se fosse você, perdoaria? Indagou o Professor Divaldo, para que uma reflexão fosse feita.

O perdão é terapêutico, pois quem perdoa vive mais e com melhor qualidade de vida. Na psicologia do perdão o importante não é esquecer, mas não guardar rancor, mágoas, desejos de vingança, conectando-se com as energias maléficas. Não tenha medo de amar. Ame! Reserve alguns minutos para meditar sobre si e seus atos. Ter uma religiosidade é muito importante. Alguns psicoterapeutas estão indicando a leitura do Evangelho de Jesus. O perdão sincero, a prática do bem, o exercício do amor, produzem substâncias neuronais salutares que facultam ao indivíduo uma melhor saúde. Ao contrário, o cérebro produz toxinas, degradando a saúde física e emocional.

A missão de cada indivíduo é amar. É necessário desarmar-se para poder amar. Não tenha medo de amar. Ame! Indistintamente. O sentimento a ser nutrido pelo ser humano é o amor. O amor é a solução para todos os problemas. Todos envolvidos em energias benfazejas, quase que silenciosamente foram retirando-se, meditando sobre os conceitos ali expostos.

Reconhecimento

Em todas as cidades o público, sempre muito atento e participativo, tocado em seus sentimentos e emoções, acompanhou vivamente o orador de escol, interagindo em todos os momentos, quer nos toques de humor, quer nos de emoção e afetividade. Os aplausos foram intensos, demorados, com o público de pé, retribuindo e reconhecendo o profícuo e excelente trabalho apresentado. Divaldo Franco fala ao coração, à razão e aos sentimentos.


Nota do Autor:
 

As fotos que ilustram esta reportagem foram feitas por Jorge Moehlecke.




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita