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O Espiritismo responde
Ano 8 - N° 397 - 18 de Janeiro de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
A leitora Clissia Amaral Rezende Diniz, em carta publicada nesta mesma edição, enviou-nos a seguinte mensagem: 

Gostaria de saber qual é o entendimento da doutrina espírita sobre a morte de Jesus. Para o Espiritismo, qual foi o motivo da morte de Jesus? A Bíblia fala em sacrifício por parte de Deus, em João 3:16, isso fica claro. Qual a visão de vocês sobre isso? 

Existem dois aspectos na questão proposta. O primeiro diz respeito à motivação dos que determinaram a morte de Jesus. O segundo motivo estaria ligado ao próprio Cristo. Por que Jesus permitiu que o aprisionassem e o levassem à cruz?

No tocante à motivação do Sinédrio, eis o que João Evangelista relatou em seguida à chamada ressurreição – na verdade, despertamento – de Lázaro, que todos julgavam estivesse morto: 

“Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele. Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.

Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação. E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.

Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos. Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem.” (João, 11:45-53.)

Parece que no texto acima estão evidenciados, com clareza, os motivos da morte de Jesus nas condições em que ela se deu pouco tempo depois.

No tocante à aceitação, por parte de Jesus, do que acabou ocorrendo, é importante, em primeiro lugar, lembrar o papel que o filho de Maria de Nazaré desempenha em nosso planeta desde os primeiros momentos da formação do nosso globo.

Vejamos o que Kardec, Emmanuel e os instrutores espirituais disseram sobre o Mestre nazareno: 

Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? “Jesus.” (O Livro dos Espíritos, questão 625.)

“Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.” (L.E., questão 625, nota de Allan Kardec.)

“Jesus foi o divino escultor da obra geológica do planeta. Junto de seus prepostos, iluminou a sombra dos princípios com os eflúvios sublimados do seu amor, que saturaram todas as substâncias do mundo em formação. (...) A verdade é que, assim como as vossas construções materiais, todas as obras viveram previamente no cérebro de um engenheiro ou de um arquiteto, todas as formas de vida na Terra foram primeiramente concebidas na sua visão divina.” (O Consolador, de Emmanuel, questão 85.)

“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidiu a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.” (A Caminho da Luz, de Emmanuel, cap. 1.)

O caráter missionário do papel de Jesus em nosso orbe ressalta com toda a clareza nos textos acima. É de admitir, portanto, que todas as condições de sua passagem pela Terra, tal como ocorre na chamada programação reencarnatória dos Espíritos de evolução mediana, hajam sido previamente fixadas, não só no tocante ao seu nascimento, mas igualmente com relação à época e à forma da morte do seu corpo. 

Os textos dos evangelistas são muito claros quando informam que Jesus sabia que Judas ia traí-lo, que ele pereceria em razão dessa traição e logo em seguida voltaria ao seio dos seus discípulos. Aliás, no Antigo Testamento, muito antes do advento do Cristo, profetas referiram-se a esses episódios, sendo de ressaltar ainda a visita que Jesus recebeu, na véspera de sua prisão, dos Espíritos de Elias e Moisés, como é narrado pelos evangelistas.

É, pois, senso comum, no meio espírita, que a tragédia do Gólgota foi planejada com bastante antecedência, antes mesmo de Jesus surgir nas terras da Judeia.

Ciente do que ocorrera com os grandes profetas do passado, quase todos vitimados pela intolerância dos seus contemporâneos, não era difícil para Jesus prever que algo parecido ocorreria com ele em sua passagem pela Terra. E é óbvio que, tendo aprovado previamente o sacrifício do Calvário, ele tinha plena consciência do que o aguardava.

Reportando-se ao assunto, Emmanuel escreveu: 

“O Calvário representou o coroamento da obra do Senhor, mas o sacrifício na sua exemplificação se verificou em todos os dias da sua passagem pelo planeta. E o cristão deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão demonstrar no calvário de suas dores, no momento oportuno.” (O Consolador, questão 286.)


 


 
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