Em carta datada de 30 de
março de 2015, a leitora
Maria de Nazaré Duarte Ramos
(Olinda, PE), referindo-se
ao Especial da edição 407,
sobre erros de interpretação
e obras mediúnicas
duvidosas, pergunta-nos qual
a maneira mais racional de
identificarmos um autor de
"obra mediúnica" inadequada
à formação espírita? |
Diante dessa
indagação, não nos é
possível deixar de mencionar
o conselho que o saudoso
médium Chico Xavier recebeu
de Emmanuel, logo no início
de suas tarefas no
campo da mediunidade:
"Lembro-me de que, em um dos primeiros contatos comigo, ele
me preveniu que pretendia
trabalhar ao meu lado, por
tempo longo, mas que eu
deveria, acima de tudo,
procurar os ensinamentos de
Jesus e as lições de Allan
Kardec e, disse mais, que,
se um dia, ele, Emmanuel,
algo me aconselhasse que não
estivesse de acordo com as
palavras de Jesus e de
Kardec, que eu devia
permanecer com Jesus e
Kardec, procurando
esquecê-lo”.
Segundo Chico Xavier, o fato se deu em 1931, antes pois da
publicação de Parnaso de
Além-Túmulo, que veio a
lume em 1932.
O primeiro critério que deve guiar o leitor é, pois,
examinar se a obra,
mediúnica ou não mediúnica,
é compatível com a doutrina
contida no Evangelho e com o
Espiritismo.
Outra medida relevante, recomendada por Allan
Kardec no cap. XXVII, item
303, d´O Livro dos
Médiuns, em uma
“Observação” inserida após a
2ª pergunta, é não nos
deixarmos – médiuns,
comentaristas e leitores –
deslumbrar pelos nomes que
os Espíritos tomam com o
objetivo de dar uma
aparência de verdade a suas
palavras, e desconfiar
sempre "de teorias e
sistemas científicos
arriscados" e “de tudo o que
se afastar do objetivo moral
das manifestações".
Nada, absolutamente nada, ocorre por acaso. Toda
pessoa que se dedicar à
mediunidade deve, portanto,
manter-se vigilante e não
ignorar nem desprezar jamais
a advertência de Erasto
contida no cap. XX, item
230, d´O Livro dos
Médiuns: “Melhor será
repelir dez verdades do que
admitir uma única mentira,
uma só teoria falsa”.
O motivo dessa recomendação advém do fato de que
nenhum médium está imune à
mistificação. Assim, todo
cuidado é pouco quando
lidamos com o que nos vem do
chamado plano espiritual. Em
uma referência direta ao
assunto, Divaldo Franco
declarou certa vez: “As
falsas comunicações, que de
tempos a tempos o médium
recebe, são avisos para que
não se considere infalível e
não se ensoberbeça”. (Cf.
Moldando o Terceiro Milênio,
de Fernando Worm, cap. 7,
pág. 62.)
No texto de abertura do seu livro A Pedra e o Joio
(edições Cairbar, 1975),
escreveu Herculano Pires:
“No Espiritismo a pedra de
toque é a obra de Kardec”,
frase de efeito que ele
justificou em seguida,
aditando ali algumas
medidas que concorreriam
para evitar – ou pelo menos
minimizar – o surgimento de
“obras mediúnicas”
inadequadas, que constituem
a preocupação da leitora que
nos escreveu.
Disse Herculano na obra mencionada:
“Usar do bom senso é o
primeiro preceito da
normativa de Kardec.
Examinar com rigor a
linguagem dos Espíritos
comunicantes, submetê-los a
testes de bom senso e
conhecimento, verificar a
relação de realidade dos
conceitos por eles
enunciados (relação do seu
pensamento com os fatos, as
coisas e os seres),
enquadrar os seus ensinos e
revelações no contexto
cultural da época,
verificando o alcance
abusivo ou não das
afirmações mais audaciosas —
eis os elementos que temos
de observar no trato da
mediunidade, se não
quisermos cair em situações
difíceis, a que fatalmente
nos levariam Espíritos
imaginosos ou pseudossábios.
E ao lado disso submeter
tudo quanto possível à
comprovação experimental, à
pesquisa.
Bem sabemos que tudo isso
requer espírito metódico, um
fundo básico de
conhecimentos gerais,
capacidade normal de
discernimento, superação da
curiosidade doentia,
controle rigoroso da ambição
e da vaidade, equilíbrio do
raciocínio, maturidade
intelectual, critério
científico de observação e
pesquisa e firme decisão de
não se deixar levar pelas
aparências, aprofundando
sempre o exame de todos os
aspectos dos problemas e das
circunstâncias.” (A Pedra
e o Joio, edições Cairbar,
1975.)
Esperamos que as explicações aqui dadas satisfaçam às
expectativas da leitora e de
todos aqueles que, nas lides
espíritas, procuram
servir... e não servir-se do
Espiritismo.
No prefácio que escreveu
para a edição de 1911 do seu
livro No Invisível,
Léon Denis disse que a
credulidade, no plano
terrestre, atrai os
charlatães, os exploradores
de toda espécie, a chusma
dos cavalheiros de indústria
que só procuram ludibriar. E
advertiu: “Eis aí um perigo
para o Espiritismo.
Cumpre-nos, pois, a todos os
que em nosso coração zelamos
a verdade e nobreza dessa
coisa, conjurá-lo. De sobra
se tem repetido: o
Espiritismo ou será
científico, ou não
subsistirá. Ao que
acrescentaremos: o
Espiritismo deve, antes de
tudo, ser honesto!”
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