Adoração e
Trabalho
Neste artigo
queremos
promover a
reflexão sobre
as duas
primeiras leis
naturais,
registradas por
Kardec, em O
Livro dos
Espíritos,
em conformidade
com as
instruções dos
Espíritos
Superiores, que
o assistiam na
tarefa iluminada
da codificação
da Doutrina dos
Espíritos, que
são a Lei de
Adoração e a Lei
do Trabalho.
Todas as dez
leis estudadas
nessa obra devem
ser entendidas
sob três
aspectos: o
dever para com
Deus, para com
nós mesmos e
para com o nosso
próximo.
Embora nosso
dever para com
nosso Criador
esteja
representado em
todas elas,
podemos, para
efeito de melhor
entendimento,
afirmar que os
deveres para com
Ele estão
primordialmente
expressos nas
duas primeiras
leis mencionadas
acima, que,
muita vez,
deixamos de
cumpri-los por
desinteresse ou
falta de
vontade,
incorrendo aí em
um ato de
insubmissão à
Vontade Divina,
representando
rebeldia e
desrespeito.
Iniciemos com a
Lei de
Adoração,
perguntando: que
quer dizer
adorar a Deus?
Será que temos
de erigir
altares para sua
celebração? Ou
ainda, deveremos
nos prostrar em
determinados
períodos do dia,
em louvor
d´Aquele que nos
criou?
Não temos aqui a
intenção de
criticar ou de
desmerecer esta
ou aquela
manifestação
sincera de
louvor ao
Criador, senão
apenas pontuar,
na visão
espírita, o que
venha a ser
adorar ao nosso
Pai, conforme as
instruções
recebidas e
codificadas em O
Livro dos
Espíritos.
A resposta dada
pelos Espíritos
à questão 649,
no referido
livro,
esclarece-nos em
que consiste a
adoração: “Adorar
a Deus significa
pensar n`Ele”.
Como um filho
pensa em seu
pai, em sua mãe,
da mesma forma
necessitamos
lembrar de que
tudo o que
acontece, ou não
acontece, em
nossa vida, está
diretamente
ligado à Vontade
desse Pai, que
nos criou e que
nos orienta,
acompanha,
protege, educa,
ajudando-nos a
crescer. “Ao
pensar em Deus,
aproximamo-nos
D´Ele!”,
complementa a
resposta à
referida
questão.
Crer no Criador,
em sua justiça e
misericórdia
infinitas,
significa ter a
confiança de que
esse Pai está
atento a todos
nós e que, por
antecipação, já
nos conhecendo
profundamente,
sabe do que
precisamos para
desenvolver o
potencial que
possuímos.
Assim, a
resignação e a
obediência aos
Seus desígnios é
um ato de
adoração genuína
a Ele, pois
representa que
sabemos que o
Ser Supremo está
no comando de
tudo, e
submetendo-nos à
Sua vontade, sem
murmurar e nem
reclamar,
significa que
aceitamos esses
desígnios. O
contrário,
portanto, é um
ato de rebeldia
a essa mesma
Vontade, o qual
repercutirá
diretamente em
nós mesmos,
causando um
desajuste em
relação à Lei de
Adoração, que
deverá ser
corrigido por
meio de
experiências
reparadoras,
nesta ou em
outras
existências.
No entanto, não
basta só
adorá-lo. Nas
religiões
dogmáticas há o
conceito de
salvação pela
crença. No
Espiritismo,
essa ideia não
se coaduna com
as instruções
dos Espíritos
superiores, que
nos alertam para
o fato de que
não é suficiente
ficarmos somente
no nível do
“crer”. Temos
que exercitar
nossa crença
n´Ele,
colaborando na
construção de
Sua obra divina.
Nesse ponto,
temos outra lei
natural ou
divina a nos
orientar. É a
Lei do Trabalho,
que deixa claro
que só
desenvolvemos
nossas
capacidades e
crescemos se
aplicarmos
aquilo que
aprendemos. O
homem não é só
um ser que
pensa, ele
também sente e
tem vontade.
Portanto, a
inteligência
aliada à emoção
e à vontade na
geração de algo
útil para si e
para a
sociedade, sob
as bênçãos de
Deus, é a melhor
forma de
adorá-lo.
Em resposta a
Kardec, os
Espíritos
explicam que
devemos entender
por trabalho não
só as ocupações
materiais, mas
também as
espirituais. “O
Espírito
trabalha, assim
como o corpo.
Toda ocupação
útil é trabalho.”
Ir só à casa
espírita não
basta.
Sentarmo-nos
para assistir a
palestras para
em seguida
receber os
benefícios do
passe, sem que
haja um
verdadeiro ato
de modificação
do próprio eu,
através da
assimilação e
aplicação dos
ensinamentos que
ouvimos,
representa perda
de tempo, bem
como da
oportunidade
excepcional
oferecida para a
realização da
nossa principal
missão: o
crescimento
espiritual.
É necessária a
concretização do
ato de adoração
em prol da
própria
iluminação e dos
serviços à
comunidade, para
que nosso
esforço seja
proveitoso,
conforme nos
alerta o
apóstolo Thiago
em sua epístola:
“(...) assim
como o corpo sem
o espírito está
morto, assim
também a fé sem
obras é morta”.[2]
Essas duas leis,
Adoração e
Trabalho,
complementam-se.
Através delas
podemos entrar
em sintonia com
a Inteligência
Suprema, causa
primária de
todas as coisas,
através do canal
eficaz da prece
sincera e dos
atos diários em
linha com o
roteiro
iluminado do
Evangelho de
Jesus.
Toda adoração é
um ato de
trabalho e todo
trabalho útil é
uma adoração a
Deus!
Jesus, o Mestre
de todos nós,
asseverou que: “Meu
Pai trabalha até
agora, e eu
trabalho também”
[3],
salientando a
necessidade do
trabalho em
todos os níveis
de evolução no
Universo. João
Batista
apresenta Jesus,
no Evangelho de
Lucas, como o
Trabalhador
Divino, quando O
descreve nos
seguintes
termos: “Ele
tem a pá na sua
mão; limpará a
sua eira e
ajuntará o trigo
no seu celeiro,
mas queimará a
palha com o fogo
que nunca se
apaga”.
O Mestre por
excelência está
ativo, atento e
previdente, pois
vai adiante de
todos nós,
trabalhando
constante e
incansavelmente,
para a
instalação do
Reino de Deus em
nossos corações,
queimando as
nossas
iniquidades com
“a chama da
justiça e do
amor que nunca
se apaga”,
conforme nos
assevera o
benfeitor
espiritual
Emmanuel.
Jesus toma de
sua pá e, num
ato de submissão
à Vontade
Divina, sai
limpando a
“eira”
espiritual do
mundo sem
esmorecer um só
minuto,
dando-nos, mais
uma vez, o
exemplo a ser
seguido.
Poderia o
Mestre, na sua
condição de
Espírito puro,
deixar que
outros fizessem
o trabalho mais
duro, mais
cansativo, como
entendemos nós
em nossa visão
humana,
delegando certas
atividades
àqueles que
estão na
condição de
nossos
colaboradores no
lar, no trabalho
etc. Porém,
assim não
procedeu. Veio
pessoalmente
trazer o
Evangelho de
luz, roteiro
revelador das
Leis Divinas.
Veio ensinar-nos
e estimular-nos
a tomar da pá da
esperança, do
otimismo e da fé
no futuro, e
que, devidamente
ativa, não
deverá descansar
até que o nosso
campo interior
esteja limpo dos
calhaus e
espinhos que nos
caracterizam,
notadamente os
filhos do nosso
orgulho e
egoísmo.
Adoração efetiva
com trabalho
produtivo é a
receita para o
progresso de
cada um de nós!