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Estudo das Obras de Allan Kardec  Inglês  Espanhol

Ano 10 - N° 464 - 8 de Maio de 2016

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com

Londrina,
Paraná (Brasil)
 

 

Obras Póstumas

Allan Kardec 

(Parte 10)
 

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro Obras Póstumas, publicado depois da desencarnação de Allan Kardec, mas composto com textos de sua autoria. O presente estudo baseia-se na tradução feita pelo Dr. Guillon Ribeiro, publicada pela editora da Federação Espírita Brasileira.

Questões para debate

87. Temos, como os planetas, uma atmosfera fluídica que nos envolve?

88. A impressão agradável ou desagradável que sentimos num ambiente decorre dessa atmosfera?

89. Aonde vamos deixamos vestígios de nossa passagem?

90. De quais fatores depende a força fluídica aplicada à ação dos homens uns sobre os outros?

91. Existe um elo entre fotografia e memória?

92. Em que consiste o fenômeno da fotografia do pensamento? 

Respostas às questões propostas 

87. Temos, como os planetas, uma atmosfera fluídica que nos envolve? 

Sim. O fluido cósmico, se bem que emanado de uma fonte universal, individualiza-se, por assim dizer, em cada ser, e adquire propriedades características que permitem distingui-lo entre todos. A própria morte não apaga esses caracteres de individualização que persistem muitos anos depois da cessação da vida, assim como pudemos disso nos convencer.

Cada um de nós tem, pois, um fluido próprio que o envolve e o segue em todos os seus movimentos, como a atmosfera segue cada planeta. A extensão da irradiação dessas atmosferas individuais é muito variável; num estado de repouso absoluto do Espírito, essa irradiação pode estar circunscrita num limite de alguns passos; mas, sob o domínio da vontade, pode alcançar distâncias infinitas. A vontade parece dilatar o fluido, como o calor dilata o gás.

As diferentes atmosferas particulares se encontram, se cruzam, misturam-se sem jamais se confundirem, absolutamente, como as ondas sonoras que permanecem distintas apesar da multidão de sons que agitam o ar simultaneamente. Cada indivíduo é o centro de uma onda fluídica cuja extensão está em razão da força e da vontade, como cada ponto vibrante é o centro de uma onda sonora, cuja extensão está em razão da força da vibração. A vontade é a causa propulsora do fluido, como o choque é a causa vibrante do ar e a propulsora das ondas sonoras. (Obras Póstumas, Fluido perispiritual e atmosfera fluídica.) 

88. A impressão agradável ou desagradável que sentimos num ambiente decorre dessa atmosfera? 

Sim. Das qualidades particulares de cada fluido resulta, entre eles, uma espécie de harmonia ou de desacordo, uma tendência a se unir ou a se evitar, uma atração ou uma repulsão, em uma palavra, as simpatias ou as antipatias que se experimentam, frequentemente, sem causas determinantes conhecidas.

Se estamos na esfera de atividade de um indivíduo, a sua presença nos é, algumas vezes, revelada pela impressão agradável ou desagradável que sentimos de seu fluido.

Se estamos no meio de pessoas das quais não partilhamos os sentimentos, das quais os fluidos não se harmonizam com o nosso, uma reação penosa nos oprime, e ali nos encontramos como uma nota dissonante num concerto.

Se vários indivíduos estão, ao contrário, reunidos numa comunidade de objetivos e de intenções, os sentimentos de cada um se exaltam em proporção mesmo da massa das forças reagentes. Quem não conhece a força de arrebatamento que domina as aglomerações onde há homogeneidade de pensamentos e de vontades? (Obras Póstumas, Fluido perispiritual e atmosfera fluídica.) 

89. Aonde vamos deixamos vestígios de nossa passagem? 

Evidentemente. Cada pessoa, aonde vá, carrega consigo a sua atmosfera fluídica, como o caracol carrega a sua concha; mas esse fluido deixa os traços de sua passagem; deixa como uma esteira luminosa, inacessível aos nossos sentidos no estado de vigília, mas que serve, aos sonâmbulos, aos videntes e aos Espíritos desencarnados, para reconstruírem os fatos realizados e analisar o móvel que os fez executar. (Obras Póstumas, Fluido perispiritual e atmosfera fluídica.) 

90. De quais fatores depende a força fluídica aplicada à ação dos homens uns sobre os outros? 

Ela pode depender: 1º - da soma de fluido que cada um possui; 2º - da natureza intrínseca do fluido de cada um, abstração feita de sua quantidade; 3º - do grau de energia da força impulsora, e talvez mesmo dessas três causas reunidas.

Na primeira hipótese, aquele que tem mais fluido dá-lo-ia àquele que o tem menos, mais do que dele receberia; haveria, nesse caso, analogia perfeita com a permuta de calor que fazem entre si dois corpos que se colocam em equilíbrio de temperatura.

Qualquer que seja a causa dessa diferença, podemos nos dar conta do efeito que ela produz supondo três pessoas das quais representaremos a força por três números: 10, 5 e 1. O 10 agirá sobre o 5 e sobre o 1, mas mais energicamente sobre o 1 do que sobre o 5. O 5 agirá sobre o 1, mas será impotente sobre o 10; enfim, o 1 não agirá nem sobre um nem sobre o outro. Tal seria a razão pela qual certas pessoas são sensíveis à ação de tal magnetizador e insensíveis à ação de outro. (Obras Póstumas, Fluido perispiritual e atmosfera fluídica.) 

91. Existe um elo entre fotografia e memória? 

Sim. Quando o Espírito encarnado se lembra de algo, sua memória lhe apresenta, de alguma sorte, a fotografia do fato que ele buscou. Em geral, os encarnados que o cercam nada veem; o álbum está num lugar inacessível à sua visão; mas os Espíritos o veem e folheiam conosco; em certas circunstâncias, eles podem mesmo, de propósito, ajudar nossa busca ou perturbá-la.

O que se produz do encarnado para o Espírito, ocorre igualmente do Espírito ao vidente. Quando se evoca a lembrança de certos fatos na existência de um Espírito, a fotografia desses fatos se apresenta a ele, e o vidente, cuja situação espiritual é análoga à do Espírito livre, vê, como ele, e vê mesmo, em certas circunstâncias, o que o Espírito não vê por si mesmo, do mesmo modo que um desencarnado pode folhear na memória de um encarnado, sem que este disso tenha consciência, e lembrar-lhe fatos esquecidos há muito tempo.

Quanto aos pensamentos abstratos, estes tomam um corpo para impressionar o cérebro e devem agir naturalmente sobre ele, e burilarem-se de alguma sorte; nesse caso ainda, como no primeiro, a semelhança entre os fatos que existem na Terra e no espaço parece perfeita. (Obras Póstumas, Fotografia e telegrafia do pensamento.) 

92. Em que consiste o fenômeno da fotografia do pensamento? 

O assunto foi objeto de algumas reflexões na Revista Espírita. Resumidamente, sendo os fluidos o veículo do pensamento, este age sobre os fluidos como o som age sobre o ar; carregam o pensamento como o ar nos traz o som. Pode-se, pois, dizer, com toda a verdade, que há nos fluidos ondas e raios de pensamentos que se cruzam, sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros. E mais: o pensamento, criando imagens fluídicas, reflete-se no envoltório perispiritual como numa chapa de vidro, ou como essas imagens de objetos terrestres que se refletem no vapor do ar; ele aí toma corpo e se fotografa de alguma sorte.

Suponhamos que um homem, por exemplo, tenha a ideia de matar um outro; por impassível que seja seu corpo material, seu corpo fluídico é colocado em ação pelo pensamento, do qual reproduz todas as nuanças; ele executa fluidicamente o gesto, o ato que desejou realizar; seu pensamento cria a imagem da vítima, e a cena inteira se pinta, como num quadro, tal como está em seu espírito. É assim que os movimentos mais secretos da alma repercutem no seu envoltório fluídico e que uma alma pode ler numa outra alma, como num livro, e ver o que não é perceptível para os olhos do corpo. (Obras Póstumas, Fotografia e telegrafia do pensamento.) 
 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita