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Ano 10 - N° 465 - 15 de Maio de 2016

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 

 
Antonio Carlos Braga dos Santos: 

“O suicídio é uma questão
de saúde pública e pode
ser prevenido”
 

O organizador da cartilha "Suicídio Uma Epidemia Silenciosa" fala sobre sua proposta e diz como surgiu o GAES – Grupo de Auxílio aos Espíritos em Sofrimento e seus objetivos
 

Antonio Carlos Braga dos Santos (foto), espírita há 30 anos, nasceu e reside na capital paulista. Economista, vincula-se à Aliança Espírita Evangélica, em que atua como dirigente de grupos mediúnicos e em atividades de assistência espiritual. Integra igualmente o Conselho diretor do conhecido CVV – Centro de Valorização da Vida.

Sensibilizado por capítulo específico do livro Memórias de Um Suicida e especialmente pelo grande flagelo social do suicídio, organizou a cartilha "Suicídio Uma Epidemia Silenciosa", para distribuição gratuita e disponível também para download, com apoio de várias entidades, obra impressa pelo IDE Editora, que estimula os grupos espíritas a organizarem equipes de vibrações pelos suicidas por meio do GAES – Grupo de Auxílio aos Espíritos em Sofrimento, iniciativa que pode ser implantada por vários grupos.

Na presente entrevista ele nos fala sobre o assunto.

Como surgiu a ideia de uma cartilha?

Relendo o livro Memórias de um Suicida, em especial o capítulo VI – Comunhão com o Alto, relembramos o esforço das equipes espirituais no socorro aos Espíritos em sofrimento, vítimas de mortes violentas, em especial o suicídio. O fato chama-nos a atenção para a necessidade do auxílio dos encarnados no processo, isso em razão da energia de que somente o encarnado é possuidor. Se os desencarnes por suicídio já eram uma grande preocupação no início do século XX, quando aquele livro foi psicografado, imaginemos o problema nos dias atuais, quando se verificam quase 1 milhão de suicídios por ano? Fica claro assim concluir que é urgente alertar os espíritas para o fato e convocar a todos para o trabalho de auxílio, em especial nesse momento de transição planetária. 

Como ocorreu o surgimento do GAES?

Logo após as reflexões acima, ao dividirmos com os amigos de um pequeno grupo mediúnico a proposta de trabalho, percebemos que o relato da Comunhão com o Alto continua mais atual que nunca. Criamos a sigla GAES – Grupo de Auxílio aos Espíritos em Sofrimento para denominar nosso grupo de trabalho e todos os demais grupos que se disponham a realizar semelhante trabalho. Estamos, assim, sugerindo que todos os grupos que se reúnam para a tarefa possam, caso queiram, assim se denominar. Hoje já acompanhamos três grupos congêneres e temos mantido contato com outros que estão se organizando para iniciar a tarefa. De forma simples e singela, pequenos grupos espalhados nos mais diferentes pontos formarão pequenos focos de luz, como estrelas do céu, para se somar ao intenso trabalho da Legião dos Servos de Maria e iluminar os milhares de almas em sofrimento no astral próximo da Terra. 

Na experiência de prevenção com pessoas no caminho do suicídio, o que gostaria de relatar?

Primeiro: o tema suicídio precisa sair das sombras, precisa da luz do esclarecimento, retirarmos dele o medo e o tabu. Precisamos falar abertamente sobre o assunto. O CVV é a referência no Brasil. Seu trabalho precisa ser divulgado, seu conhecimento de mais de 50 anos de experiência precisa ser difundido. A prevenção começa com o esclarecimento. Há 20 anos não falávamos “câncer”, mas "aquela doença”. Uma intensa campanha de prevenção ao câncer de mama tomou conta do Brasil e do mundo. Foi esclarecido que câncer de mama pode ser identificado e tratado. O mesmo precisa ser feito com o suicídio. Não é uma doença, mas 90% das pessoas que cometem suicídio estão vivendo um transtorno mental, sendo a depressão o de maior prevalência. Por isso é que a Organização Mundial de Saúde diz que o suicídio é uma questão de saúde pública e pode ser prevenido. 

No atendimento aos Espíritos que exterminaram a própria vida, o que mais lhe chama atenção?

O sofrimento emocional que viviam antes do ato se soma agora ao tormento por não entender o estado em que se encontram, porque tiraram a própria vida, mas continuam vivos. Estão atordoados, anestesiados, impossibilitados até de perceber a ajuda dos irmãos espirituais em seu favor. Chamou-nos a atenção que não são somente os Espíritos de suicidas a serem socorridos, mas todos os que são vítimas de mortes violentas, acidentes, catástrofes, homicídios, guerras e conflitos. São milhões de almas em desespero, dor e sofrimento. 

Quais as repercussões após a publicação do documento?

As cartilhas estão começando a ser distribuídas gratuitamente agora. São 15 mil cartilhas. O apoio que recebemos de todos com que conversamos demostra a sensibilidade para o tema. Mencionamos em especial o apoio do IDE, sem o que não seria possível essa cartilha. 

Com apenas 32 páginas, o que a cartilha contém em essência?

A explicação do problema do suicídio no Brasil e no mundo. Esclarece sobre o suicídio buscando quebrar tabus, falando abertamente sobre o assunto. Explica o que podemos fazer por aqueles que já cometeram o suicídio e orienta sobre como organizar um trabalho de assistência e socorro espiritual. Traz algumas mensagens espirituais sobre o tema e reproduzimos alguns parágrafos do capítulo VI do livro Memórias de um Suicida, que inspirou o trabalho. Ao final, algumas referências e orientações de leitura e pesquisa sobre o tema. Tudo muito simples! Com 20 minutos de leitura é possível ter uma boa noção do problema e como ajudar. Vale destacar o prefácio da cartilha, escrito pelo jornalista André Trigueiro, que resume de forma clara e objetiva a proposta da cartilha. Seu livro, lançado em setembro do ano passado, Viver é a Melhor Opção, já chegou a 35 mil exemplares. Isso demonstra como o tema pode ser abordado sem preconceitos, com respeito e muito carinho. 

Quanto aos interessados em implantar ou aprimorar o trabalho, como proceder?

A leitura da cartilha pelo grupo e sua discussão é o primeiro passo. Ler o capítulo VI da obra citada (Memórias de um Suicida) é fundamental. Se ainda restarem dúvidas, temos um e-mail para trocarmos experiências. A cartilha pode também ser baixada gratuitamente pela rede social do facebook. Eis o link: https://www.facebook.com/apoio.gaes/ 

Quais os contatos para outros esclarecimentos?

E-mail: apoio.gaes@gmail.com

Download gratuito: https://www.facebook.com/apoio.gaes/ 

Algo marcante que gostaria de destacar?

Ver a FEB, a Aliança, a USE e a AME Brasil juntas dando seu apoio é emocionante. O trabalho nos une e temos muito trabalho pela frente. Outras instituições com certeza teriam aceitado auxiliar na divulgação; a falha foi nossa de não procurá-las em razão da urgência de sua edição e por isso nos desculpamos com aquelas que não contactamos, mas estamos apenas no início, na semeadura. Temos muito ainda por fazer e muitos podem ajudar.

Tentaremos relatar a seguir as primeiras experiências no socorro espiritual:

Percebemos a presença da Legião dos Servos de Maria e a equipe das anciãs que cuidam mais diretamente dos suicidas. A proteção do ambiente era feita pela Fraternidade de Joana d`Arc. Os Espíritos eram trazidos em grupos; à medida que os médiuns iam relatando as percepções, o dirigente do trabalho projetava quadros mentais e pedia a doação de energias revigorantes, fluidos calmantes. As feridas eram tratadas pelos enfermeiros. Aqueles com pensamentos atormentados tinham suas lembranças acalmadas. Doação e amor invadiam o ambiente, projetados dos corações dos participantes do trabalho. Após receberem as doações de energias, iam sendo encaminhados. Como um grande acampamento, com tendas espalhadas, eles iam sendo cuidados e encaminhados, agrupados por semelhança de necessidades. Trinta minutos de intenso trabalho de doação das energias de que somente os encarnados são possuidores são a matéria-prima utilizada pelas equipes de assistência. Nesses poucos minutos nosso ambiente se transforma em um verdadeiro posto de socorro. 

Suas palavras finais.

Há um movimento chamado Setembro amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio. Quem sabe os grupos e casas espíritas possam entrar nesse movimento, todos com camisetas amarelas, balões, iluminando monumentos públicos, edifícios, casas, à noite, todos iluminados de amarelo?! Quem sabe um seminário sobre o tema sem setembro, reunindo os GAES que se formarão?!

Não podemos esquecer que o suicídio é um problema mundial. Só na Índia são 260 mil casos por ano. Mas em termos de mortes violentas não podemos considerar um censo anual, mas acumulado ano a ano. Por essa razão as esferas próximas à Terra acumulam milhões em sofrimento. Devemos pensar também em convocar os grupos espíritas para a tarefa em outros países, sem esquecermos ser o Brasil a nação que reúne o maior contingente de médiuns com o devido esclarecimento e preparo. Parece-nos, assim, que essa é uma das tarefas do Brasil como Coração do Mundo e Pátria do Evangelho.



 


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