Dagildo de Jesus
Rodrigues:
“Lamento só
haver conhecido
o Espiritismo
aos
sessenta
anos”
Radicado em
Campinas, onde
atua no Centro
Espírita Allan
Kardec, o
confrade fala
sobre sua
iniciação no
Espiritismo e a
influência que a
doutrina tem
tido em sua vida
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Dagildo de Jesus
Rodrigues
(foto)
chegou ao
conhecimento
espírita aos 60
anos de idade.
Natural de Penalva (MA) e
residente em
Campinas (SP),
Administrador de
Empresas e
Técnico em
Contabilidade,
já aposentado,
vincula-se ao
Centro Espírita
Allan Kardec,
conhecida
instituição da
cidade onde
reside, e é
também
tesoureiro da
Casa
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de Apoio à
Vida. Nesta
entrevista ele
nos fala sobre a
experiência de
conhecer e viver
o Espiritismo.
Como se tornou
espírita?
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Por necessidade
de compreender o
porquê da
vida: de onde
vim, por que
estou aqui, para
onde vou. Já
tendo sido
católico e
presbiteriano
independente,
procurei e
encontrei
respostas a tais
indagações no
Espiritismo.
Quando
adolescente,
tive um vizinho
espírita, embora
não frequentasse
casas espíritas.
Era, contudo,
leitor de O
Livro dos
Espíritos, e
recordo de mais
de uma vez
dizer-me que
minha pouca
idade não me
permitia
compreender a
grandeza da
codificação kardequiana. Em
2004, juntamente
com minha esposa
Alice, passamos
a assistir às
preleções no
Centro Espírita
Allan Kardec. O
teor dos
ensinamentos de
Jesus ali
ministrados
satisfez minha
necessidade e me
fez compreender
que deveria
procurar
conhecê-Lo mais,
e assim tomei-me
assíduo às
reuniões, e à
medida que
melhor conhecia
a Doutrina,
concluí que era
aquilo de que
necessitava,
vindo a
tornar-me
espírita.
Que repercussões
teve o
conhecimento
espírita em sua
vida?
À medida que
conhecia o
aspecto
filosófico e
moral da
Doutrina
Espírita, fui
constatando a
necessidade de
mudança
comportamental,
de modo a que
pudesse
efetivamente
passar a
comportar-me de
acordo com o
recomendado por
Kardec no cap.
XVII, item 4, de
O Evangelho
segundo o
Espiritismo:
“Reconhece-se o
verdadeiro
espírita pela
sua
transformação
moral e pelos
esforços que faz
para vencer as
suas más
inclinações”.
Reconheço haver
sido esse
ensinamento um
aspecto de
grande
repercussão
íntima para
minha vida,
trazido pelo
conhecimento
espírita.
Quais as suas
impressões sobre
o movimento
espírita atual?
No que me foi
permitido
constatar, o
movimento
espírita teve, a
partir da
comemoração do
centenário de
nascimento de
Chico Xavier, em
2010, visível
crescimento. A
ampla divulgação
da efeméride,
com lançamento
de diversas
obras sobre a
vida e produção
psicográfica de
Chico Xavier,
palestras,
seminários,
conferências, a
exibição do
filme Chico
Xavier e outros,
em muito
contribuiu para
tanto. O
Espiritismo,
respaldado no
esforço em
mostrar os
verdadeiros
ensinamentos
pregados e
vivenciados por
Jesus,
continuará a
atrair novos
interessados em
conhecer o
verdadeiro
Cristianismo.
O que mais lhe
chama atenção no
Espiritismo?
A pureza
doutrinária
observada em
pregações em
todos os níveis.
De par com
isso, como a
definiu Kardec,
trata-se de uma
doutrina
filosófica, de
fundamento
científico e
consequências
morais, e não
apenas uma
religião, cuja
prática remete a
culto. No
Espiritismo
inexistem
dogmas, casta
sacerdotal,
hierarquia,
cerimônia,
privilégios e a
mistificação e
os abusos.
Aspecto
igualmente
relevante da
Doutrina é, como
frisei acima,
tornar melhor
aqueles que a
compreendem.
Nela não há
promessa de
milagres ou
salvação sem
reforma íntima.
De sua
experiência com
o Centro
Espírita Allan
Kardec (CEAK), o
que gostaria de
dizer?
Nos 11 anos de
convivência no
Allan Kardec de
Campinas,
aspecto digno de
registro, ao
lado da
divulgação
doutrinária, é a
preocupação com
o trabalho
assistencial e
de educação.
Educador nato,
o fundador do
CEAK criou o
Instituto
Popular Humberto
de Campos.
Hoje, além do
IPHC, tais
atividades são
desenvolvidas
pelo Educandário
Eurípedes, pela
Creche Gustavo
Marcondes, pelo
Núcleo Alvorada
de Cristo e pela
Casa de Apoio à
Vida.
O que mais lhe
sobressai no
cotidiano da
instituição?
A preocupação em
dar a melhor
acolhida àqueles
que a procuram,
orientando-os
para leituras
edificantes e o
trabalho
assistencial
necessário:
entrevistas,
passes, sessões
de desobsessão.
De seu tempo no
CEAK, o que
ficou mais
marcante nesses
anos todos?
A marca
indelével que me
ficará da
vivência no CEAK
será a dedicação
com que todos os
seus dirigentes
e voluntários se
dedicam às suas
atribuições, não
medindo esforços
para desempenhar
da melhor
maneira o que
lhes compete,
não raro em
detrimento de
suas atividades
profissionais e
familiares.
Algo mais que
gostaria de
relatar de sua
experiência com
a vivência
espírita?
Minha vivência
espírita é
pequena. Ainda
assim, reputo
digno de
registro que, a
partir de quando
me considerei
espírita, venho
redobrando
esforços para
domar minhas más
inclinações. A
leitura das
obras da
codificação e
outras
pertinentes, o
aprendizado
resultante das
preleções e
palestras a que
tenho assistido
muito
contribuíram
para minha
reforma íntima,
ainda carente de
muita
evolução. Dois
outros aspectos
basilares da
prática
kardecista são a
liberdade dos
seus adeptos de
pesquisar,
avaliar e
manifestar seu
entendimento
sobre o
conhecimento
adquirido, o que
me parece
fundamental para
o crescimento
doutrinário; o
outro aspecto
está contido em
A Gênese,
cap. I, 55: "O
Espiritismo,
caminhando com o
progresso, não
será jamais
ultrapassado,
porque, se novas
descobertas lhe
demonstrarem que
está em erro
sobre um ponto,
modificar-se-á
sobre esse
ponto; se uma
nova verdade se
revela, ele a
aceita".
E a convivência
com os livros?
Considero-me um
amante dos
livros, pois
desde a
adolescência sou
leitor
compulsivo de
todo tipo de
literatura,
sobretudo
autores
clássicos
nacionais. Um
dos primeiros
escritores lidos
foi o maranhense
Humberto de
Campos, cuja
obra completa
conheço. Cheguei
em certo período
da vida a ler 2
a 3 livros por
mês. Quanto às
obras espíritas,
leio-as
assiduamente.
Embora leia e
pesquise sobre
todos os
assuntos, o meu
preferido é
sobre a
reencarnação,
cujo
conhecimento foi
sendo
enriquecido
pelas obras de
diversos
autores. Estou
concluindo a
leitura de
Reencarnação e
Imortalidade,
de Hermínio
Miranda, e o
próximo será
As Vidas
Sucessivas,
de Albert de
Rochas.
Suas palavras
finais.
Lamento
profundamente só
haver conhecido
o Espiritismo
aos sessenta
anos. Se o
conhecesse
antes, estou
certo de que
muitos dos erros
cometidos teriam
sido evitados,
embora sem consequências
profissionais ou
familiares, mas
tão somente
morais. Minha
atuação há 10
anos na livraria
do CEAK tem-me
propiciado a
oportunidade de
orientar
recém-chegados
ao CEAK sobre a
indicação de
leitura que
atenda às suas
necessidades. É
corrente o
entendimento de
que se chega à
casa espírita
pelo amor ou
pela dor. Minha
avaliação final
sobre
Espiritismo
coincide
inteiramente com
a frase
atribuída a Léon
Denis: “O
Espiritismo não
é a religião do
futuro, mas o
futuro das
religiões”.