Vemos nesta passagem bíblica o Cristo admirado com a fé
manifestada pelo centurião de Cafarnaum, o qual
demonstrou que “não precisava ver para crer”. Tendo este
raciocinado logicamente a respeito da situação e também
daquilo que lhe acontecia, sabedor que era do imenso
poder de que O Mestre era possuidor, pediu ao Divino
Nazareno que curasse o seu criado que se encontrava
distante daquele lugar.
Esse centurião mostrou-nos que não tinha uma “fé cega”,
e sim uma “fé raciocinada”.
Este tipo de “fé” nós devemos sempre esforçar por tê-la,
por estar calcada na razão e na verdade suprema.
A “fé raciocinada” impele o homem a examinar mais aquilo
o que lhe é dito. Enquanto a “fé cega” o leva a não
examinar os fatos que lhe são mostrados, acreditando
inteiramente naquilo que lhe é falado, sem que seja
feito nenhum exame prévio desta fala.
Grandes vultos da história da humanidade disseram coisas
inverídicas.
Citaremos Lutero como exemplo. Certa vez, este fez a
seguinte asserção: “a fé só por si justifica”. Esta
afirmativa é frontalmente contrária à Bíblia.
Tiago mostra-nos, no Livro Sagrado, alguns trechos em
que as “obras praticadas pelos homens” são mais
importantes que a “fé” que estes possuem.
Vejamos alguns versículos sobre este assunto em questão:
Tg 2:14 - “Que proveito há, meus irmãos, se alguém
disser que tem fé e não tiver
obras?
Porventura essa fé pode salvá-lo?”
Tg 2:17 - “Assim também a fé, se não tiver as obras, é
morta em si mesma.”
Tg 2:18 - “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as
obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te
mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”
Tg 2:20 - “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé
sem as obras é morta?”
Tg 2:22 - “Bem vês que a fé cooperou com as tuas obras,
e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada.”
Tg 2:24 - “Vedes então que o homem é justificado pelas
obras, e não somente pela fé.”
Tg 2:26 - “Porque, assim como o corpo sem o espírito
está morto, assim também a fé sem obras é morta.”
Como vimos, a fé está relacionada diretamente às nossas
obras. Desta forma, uns possuem mais fé, e outros menos.
Isto é variável de pessoa para pessoa.
Na alegação luterana acima, constatamos claramente um
exemplo de “fé cega”, onde a “fé raciocinada” é
abandonada. Podemos concluir com certeza que a afirmação
do iniciador da reforma protestante está completamente
equivocada.
Vejamos o que Kardec nos fala logo abaixo a este
respeito, na terceira obra da Codificação Espírita:
“Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em
dogmas especiais, que constituem as diferentes
religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse
aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada
examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o
verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a
evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o
fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde
desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante
o futuro, porque nada tem a temer do progresso das
luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade,
também o é à luz meridiana. Cada religião pretende ter a
posse exclusiva da verdade; preconizar alguém a fé cega
sobre um ponto de crença é confessar-se impotente para
demonstrar que está com a razão”. – (O Evangelho segundo
o Espiritismo, capítulo 19, item 6.)
Comumente, vemos adultos como se fossem crianças dizendo
que serão “salvos” somente porque creem em Jesus. Se
isto realmente acontecesse, “satanás estaria salvo”,
pois ele acredita em Cristo.
Observemos a seguir, o que a Bíblia diz sobre isto:
Tg 2:19 - “Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também
os demônios o creem e estremecem.”
Para termos a certeza de que aquilo que acreditamos
corresponde à verdade, precisamos ter um raciocínio
lógico e compreensível. Do contrário, o que nós
externarmos não passará de uma crença cega, uma crendice
ou mesmo uma superstição. Antes de acreditar em uma
“verdade”, devemos passá-la pelo crivo da razão. Se esta
passar por este teste, poderá ser considerada como
“confiável”. Não devemos aceitar um determinado fato
somente porque este foi dito por uma certa pessoa. É
necessário que o examinemos rigorosamente para constatar
a sua veracidade, antes de crer nele.