A escola
do coração
“O lar não é somente a
morada dos corpos, mas,
acima de tudo, a
residência das almas.”
(*)
Há alguns anos era fácil
falar de família. Um
homem e uma mulher se
uniam, recebiam os
filhos que, no dizer da
época, “Deus mandava”;
responsabilizavam-se
pela educação e
manutenção dessas
crianças, até que
atingissem a idade de se
manterem por si mesmas
e, assim, poderiam ter
suas próprias famílias,
seguindo suas vidas,
mais ou menos felizes.
As famílias eram
formadas pelos pais,
filhos, avós, tios,
primos e irmãos. Hoje,
já não podemos dizer que
a família começa com a
união de um homem e de
uma mulher. Melhor dizer
que são dois seres que
se unem, atraídos por um
grande afeto, e que faz
com que queiram estar
juntos para evoluir. E
como pretendem formar
uma família, adotam
crianças que não puderam
ser criadas pelos seus
pais. Como é grande o
número de casais que se
separam e que iniciam
uma nova união, surge o
enteado: filho de um dos
cônjuges, que passa a
morar com esse novo
elemento familiar e que
também começa a
participar da criação
dessa criança. Esse novo
relacionamento pode
provocar, ainda, o
aparecimento de um novo
membro dessa família: o
meio-irmão. Todas essas
pessoas, relacionando-se
entre si, transformam-se
em um grupo muito maior
do que o original.
É importante lembrarmos
de que todos os grupos
familiares, como hoje se
constituem, merecem
nosso amor, respeito e
aceitação. A Doutrina
Espírita nos ensina essa
atitude porque o
principal objetivo da
nossa existência na
Terra é o de aprender a
amar o nosso próximo se
quisermos evoluir
espiritualmente. Nesse
nosso aprendizado, a
importância do lar e da
família é fundamental,
pois o lar é a nossa
primeira escola de amor.
Podemos nascer em uma
família na qual haja
afinidade entre todos os
seus membros, ou
encarnar em um grupo que
poderá ter entre seus
membros alguns desafetos
com os quais precisamos
nos reajustar.
Precisamos estar juntos
a eles a fim de aprender
a aceitar os que não
pensam como nós e com os
quais, em algum momento
em existências
anteriores, foram nossos
cúmplices em atos
inadequados.
Allan Kardec, em O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
capítulo 4, itens 8 e 9,
afirma que as famílias
consanguíneas que
apresentam dificuldades
de reajuste entre seus
membros são muitas na
Terra, e que os membros
de nossa família
espiritual, aqueles que
têm afinidades conosco,
sempre viverão próximos
a nós para nos dar
suporte nos momentos
mais delicados. Vale
ressaltar que os
parentes difíceis podem
não ser fruto de
relacionamento em
existências passadas.
Muitas vezes, os
problemas enfrentados
por nós ocorrem ou se
agravam quando os
envolvidos (nós e os
outros) tentam fazer
prevalecer suas vontades
ou seus pontos de vista.
E nesses momentos de
embates, quem consegue
sustentar o bom senso e
o equilíbrio oferece ao
grupo sua contribuição
pacificadora.
Esbravejar ou impor sua
percepção às
divergências naturais
acabará provocando
desunião maior. É um
desafio difícil, mas que
temos condição de
enfrentar,
principalmente se
cuidarmos dos nossos
pensamentos, palavras e
ações. O conhecer-se
sempre se mostrou
eficiente nessas
situações.
Todos nós podemos estar
enfrentando neste
momento uma situação
desgastante com
problemas de difícil
solução, questões
pessoais ou familiares.
Vacilamos e perdemos um
pouco a nossa fé. Os
pensamentos ficam
negativos, as nossas
ações inseguras e quando
isso ocorre tudo nos
incomoda. As
imperfeições daqueles
que conosco convivem
ficam mais aparentes e
não enxergamos as
nossas. Sentimo-nos
perseguidos pela má
sorte, o que torna
impossível, naquele
momento, a prática da
tolerância, do perdão e
da benevolência. Mas, ao
contrário, quando
estamos em equilíbrio,
conseguimos encarar as
dificuldades com grande
otimismo. Assim, neste
contexto, é fácil
aceitar e perdoar todos
aqueles que conosco
convivem, especialmente
os nossos familiares.
No livro “A Vida em
Família”, Rodolfo
Calligaris afirma a
importância de
reconhecer e discernir
esses ciclos
temperamentais em nós e
no outro. No outro, para
podermos desculpar seus
comportamentos
intempestivos; e em nós,
para agirmos
equilibradamente. Dessa
forma, nenhum
relacionamento poderá
ser abalado, e nosso
ambiente familiar não
ficará desestruturado.
Cada membro desse grupo
precisa, pois,
empenhar-se em manter a
união, o amor e o
respeito no lar.
O Espírito Thereza de
Brito, no livro Vereda
Familiar, através da
psicografia do médium
Raul Teixeira, faz
algumas recomendações
para que a paz vigore em
todos os lares: aprenda
a dialogar para
solucionar problemas,
conversando
equilibradamente; faça o
possível para não exigir
do outro aquilo que você
não oferece; agradeça
coisas mínimas que o
beneficie em casa, e
seja gentil com todos
que o cercam, familiares
ou não; lembre-se sempre
de que, por mais
liberdade que tenha no
seu lar, ninguém precisa
suportar seus impulsos
negativos e sua falta de
carinho.
O lar é a nossa primeira
escola. A família é a
associação terrena que
foi concebida por Deus
como oportunidade de
aprendermos a amar o
próximo em ambiente
seguro, para praticarmos
o respeito, o perdão, a
compreensão, o carinho e
a compaixão, práticas
essas que nos ensinarão
a amar verdadeiramente.
Bibliografia:
(*)
XAVIER, F. C. Missionários
da Luz, ditado pelo
Espírito André Luiz, 39ª
edição – FEB, Rio de
Janeiro/RJ – 2004.
_______________ Seara
dos Médiuns, ditado
pelo Espírito Emmanuel –
19ª edição – FEB –
Brasília/DF – lição 53 –
2009.
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