Nova exegese da Sociedade Bíblica do
Brasil
Quem está acostumado a ler estes meus artigos sabe das
alterações que as traduções novas da Bíblia têm sofrido
com o objetivo de tirar dos seus textos antigos a
Doutrina Espírita, o que, aliás, acontece também com a
respeitada Bíblia de Jerusalém.
O pretexto para isso é adotar uma linguagem de hoje,
mas, na verdade, o objetivo principal nos parece ser
mesmo de desestruturar o Espiritismo presente na Bíblia,
pois, desde a segunda metade do Século 20 para cá, com
seu grande crescimento, essa doutrina codificada por
Kardec passou a incomodar muito todas as outras
correntes que se consideram, também, seguidoras do
Mestre dos mestres. Inclusive, nas capitais e cidades
grandes e de porte médio, a grande maioria dos católicos
frequenta casas espíritas, o que acontece também, cada
vez mais, com boa parte dos protestantes e evangélicos.
Mas vamos à tradução da Sociedade Bíblica do Brasil que,
inadequadamente, com a sua exegese, coloca, como
tradução do adjunto adverbial de tempo “pali” o ‘ainda’.
Vamos ver esse caso, que é um desses exemplos das
alterações dos textos bíblicos antigos nas traduções
novas bíblicas, em mais um esforço conhecido de tirar
o Espiritismo da Bíblia ou difamá-lo. Os estudiosos dela
sob a ótica da reencarnação sabem que João Evangelista é
reencarnação do profeta Daniel (561-539 a.C.,
aproximadamente). Antes de seu arrebatamento em Patmos,
para psicografar o Apocalipse, ele não fez profecias nem
no seu Evangelho nem nas suas cartas. Mas quando ele era
o profeta Daniel, ficou famoso por suas muitas
profecias.
Para entendermos o assunto do Apocalipse 10:11, onde se
lê a frase: “É preciso que tu, ‘outra vez’ (de novo ou
novamente), profetizes”. Certamente essa frase é do
excelso Mestre. E a locução adverbial ‘outra vez’ e seus
sinônimos entre parênteses são adjuntos adverbiais de
tempo e são as empregadas corretamente nas traduções
bíblicas antigas da palavra grega “pali”. Mas a
Sociedade Bíblica do Brasil, cremos que de boa-fé, pois
é composta de pessoas idôneas, colocou no lugar de
‘outra vez’ a palavra ‘ainda’, que é também um adjunto
adverbial de tempo, mas que muito sutilmente muda o
sentido do contexto da passagem apocalíptica que estamos
abordando. É que o advérbio ‘ainda’ é de tempo
continuado, e no contexto não houve continuidade de
tempo nas profecias de João, pois já foi dito que, no
seu Evangelho e nas suas cartas, ele não fez profecias.
E repetimos, pois, que o certo é mesmo ‘outra vez’ e não
‘ainda’, já que não houve continuidade (sentido de
‘ainda’) das profecias danielinas em João. Somente em
Patmos, com João já bem velhinho, elas voltaram a surgir
‘outra vez’, tornando-se, então, “danielino-joaninas”!
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