A Lei de
Justiça
Inquestionavelmente,
todos os
espiritualistas,
reencarnacionistas ou
não, creem em Deus e
sabem que tudo o que
Dele vem reveste-se de
um caráter absoluto.
Sabedoria absoluta,
bondade absoluta, enfim,
todos os atributos que a
nossa mente,
absolutamente relativa,
imputa a Deus.
Atribuímos essa
relatividade à nossa
condição evolucional,
pois ainda estamos num
processo de aprendizado,
de crescimento
espiritual. E, por falta
de aprendizado, ainda
somos egoístas, presos
ao nosso ego,
responsável por todas as
ações que nos desviam
das leis naturais.
Desviando-nos dessas
leis naturais que marcam
a sua cadência e ritmo
de maneira perfeita,
somos compelidos,
através da Lei de
Justiça, a afinarmos
nossos instrumentos para
nos enquadrarmos ao
conjunto harmonioso. E é
aí, nesse momento, em
que necessitamos
proceder ao ajuste, é
que a Lei de Justiça se
manifesta através dos
sofrimentos, das dores,
das inquietações que
atormentam o nosso
espírito, qual uma
criança, que depois de
ter feito uma
travessura, recebe a
reprimenda dos pais e
chora, esperneia,
relutando em receber a
corrigenda.
Em O Livro dos
Espíritos, ao
indagar Kardec como se
poderia definir a
Justiça, recebeu como
resposta dos Espíritos
Superiores, que a
Justiça consiste no
respeito aos direitos de
cada um. Complementaram
dizendo que duas coisas
determinam esses
direitos: a Lei humana e
a Lei natural. Com
relação às leis humanas,
dada a nossa
relatividade, essas leis
são apropriadas para um
determinado momento da
humanidade e são
modificáveis conforme a
mudança de hábitos ou
valores que interessam
àquela sociedade ou
agrupamento humano.
Resta a Lei Natural e
aí, nós nos
perguntaríamos: Onde
encontrarmos a base da
Justiça fundada numa Lei
Natural? Como nos
mantermos afinados com
essa lei natural? A essa
pergunta feita por
Kardec na questão 876,
de O Livro dos
Espíritos, foi assim
respondido:
“O Cristo vo-la deu:
Desejai aos outros o que
quereríeis para vós
mesmos. Deus colocou no
coração do homem a regra
de toda a verdadeira
justiça, pelo desejo de
cada um ver respeitar
seus direitos. Na
incerteza do que se deve
fazer em relação ao seu
semelhante em dada
circunstância, o homem
se pergunta como ele
desejaria que se fizesse
para com ele em
circunstância
semelhante: Deus não
poderia dar-lhe um guia
mais seguro que a
própria consciência”.
Desse modo, o critério
da verdadeira justiça é,
com efeito, desejar para
os outros o que se
desejaria para si mesmo.
Respeitar o direito dos
semelhantes é uma
obrigação para o homem
que vive em sociedade.
Aquele que respeita os
direitos alheios será
sempre um homem justo,
pois a vida social nos
confere direitos, mas,
igualmente, somos
compelidos aos deveres
correspondentes.
Podem vocês imaginar a
paz que reinaria no
mundo se levássemos ao
pé da letra essa
instrução que vem do
Alto? Fazer ao próximo
somente aquilo que
desejamos para nós
mesmos? Por enquanto,
uma utopia, um sonho:
ver todos no mundo
praticando a Lei do Amor
e de Caridade, porque
também essas duas leis
complementam a Lei de
Justiça.
Não haverá justiça sem
que o homem aprenda a
viver no amor e pelo
amor.
A compreensão espírita
do mundo e do destino do
homem modificará a ordem
social. A certeza da
sobrevivência e o
conhecimento da Lei de
evolução arrancarão o
homem das garras do
imediatismo e ele
pensará no futuro. Assim
fazendo, verá as coisas
de mais alto e aprenderá
que o valor supremo e o
supremo bem estão nas
Leis de Deus, que são a
Justiça, o Amor e a
Caridade.