Resignação
Um elegante conceito de resignação foi apresentado pelo
Espírito Lázaro e colocado por Kardec no cap. IX de O Evangelho
segundo o Espiritismo: “a resignação é o
consentimento do coração”.
Consentir é
o mesmo que permitir, dar licença, não opor resistência.
Óbvio que esse conceito necessita de adequada
compreensão, pois permitir a dor ou acomodar-se a ela
não é virtude, mas um comportamento patológico, que
necessita de terapia adequada.
Tudo devemos fazer em busca de alívio, saúde e bem-estar
íntimo, no entanto, quando todos os recursos se
findarem, quando nada mais puder ser feito para
dissolver o sofrimento, aí é que se impõe a resignação,
como um sentimento de pacificação consigo mesmo. Como se
disséssemos em um diálogo imaginário:
- Olha só, “Dona Dor”, eu não gosto de você, queria você
bem distante de mim, mas como não vai ter jeito, veremos
o que pode ser feito daqui pra frente.
Consentir a dor é dissolver qualquer atitude de revolta
e de desespero; pacificar-se por dentro e compreender
que precisamos prosseguir apesar de tudo.
A dor não deixará de existir, mas será vivenciada de
forma mais leve, mais serena e mais compassiva.
André Luiz sintetiza esse conceito com os seguintes
dizeres: Quando
a nossa dor não gera novas dores e nossa aflição não
cria aflições naqueles que nos rodeiam, nossa dívida
está em processo de encerramento. (Ação
e reação, cap. 17.)
A resignação promove a serenidade, que Kardec considerou
o maior preservativo contra a loucura e o suicídio
(E.S.E. cap. 5) e convida à paciência, como sendo uma
espera esperançosa.
Na tradução de João
Ferreira de Almeida dos evangelhos, só uma única vez
encontramos a palavra paciência – Lucas 21:19: Na
vossa paciência possuí as vossas almas.
Relevante considerar, segundo essa citação de Jesus, que
somos donos de nós mesmos, ou seja, absolutos
controladores de nossa vida quando nos enriquecemos da
paciência, da serenidade e da resignação.