Que
fraqueza é esta, afinal?
Há em O Livro dos
Espíritos uma
questão, a de número
932, muito utilizada por
cronistas e palestrantes
espíritas em seus
trabalhos. Nela, os
Espíritos Superiores
dizem a Allan Kardec que
a influência dos maus
sobre os bons se dá pela
fraqueza destes últimos.
E que quando estes
quiserem, assumirão
a preponderância.
Que fraqueza é esta a
que se referem os
Espíritos? Fraqueza
moral, evidentemente.
Mas por que fraqueza
moral se são bons? São
bons, mas são tímidos,
dizem os Espíritos. E
que timidez é esta, dos
bons? No meu ponto de
vista, é a da convicção
sem ação.
Basta apenas querer para
assumir a preponderância
sobre os maus? Me parece
que o “querer” dos
Espíritos tem a ver com
atitude. É inegável que
é preciso contar com o
tempo, com a sucessão
das gerações, com ideias
renovadoras que chegam
para substituir velhas
concepções, e assim ver
o mal perder a
influência, mas enquanto
isso vai acontecendo,
como deveremos agir?
É possível implementar a
supremacia do bem sobre
o mal só com as
convicções bem
intencionadas? Parece
que não. Para os
Espíritos – eu entendo
assim – é preciso
misturar vontade e ação.
Nada se concretiza sem
essa mistura.
A moral espírita é
formidável. Mas ela não
tem sentido se não gerar
ações propositivas nas
relações humanas. Não
basta estar no mundo só
para si mesmo. Viver o
amor solidário, defender
a justiça e agir com
caridade, são
fundamentos da vida
social pacificada e
fraterna.
O respeitado ativista
indiano Mohandas Gandhi
disse sobre uma das mais
belas passagens do
ensino cristão: “Se se
perdessem todos os
livros sacros da
humanidade e só se
salvasse O sermão da montanha,
nada estaria perdido”.
Certamente se poderia
dizer o mesmo com
relação ao Livro
Terceiro de O Livro
dos Espíritos:
As Leis Morais. Trata-se
de um precioso estudo em
doze capítulos, com
perguntas, respostas e
comentários, realizado
por Allan Kardec e os
Espíritos.
É um documento
sociológico e ético que
“pode abranger todas as
circunstâncias da vida” *,
contemplando os direitos
naturais do homem na
Terra, bem como os
deveres de uns para com
os outros, balizados
pela mais pura moral
conhecida.
Caso não houvesse outra
fonte onde beber
conhecimento
moral/espiritual, esse
Livro Terceiro, As Leis
Morais, atenderia
plenamente à necessidade
do homem em buscar
conhecer-se a si mesmo,
amar o próximo e louvar
a Deus e à vida.
A exemplo do Cristo, o
homem bom e destemido,
deverá aplicar esses
princípios nas relações
mais cotidianas e verá,
sem espanto, o mal ir
perdendo seu poder de
influência no mundo.
*Questão
648, A lei divina ou
natural, O Livro dos
Espíritos, Allan
Kardec.
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