Educação e Espiritismo
A sociedade contemporânea está vivendo grandes desafios,
entre os mais delicados encontra-se a educação das
crianças e jovens, cujos pais pela necessidade da
sobrevivência material são obrigados a sair para
trabalhar e poucos têm condições de dar a devida atenção
aos seus filhos, sendo obrigados a transferir para a
escola incumbências que caberiam aos genitores.
Não estamos tentando encontrar um possível responsável
pelas questões sociais que vêm eclodindo em vários
pontos da sociedade, pois hoje sabemos que existe um
conjunto de fatores, um verdadeiro combo de questões
sociais, responsáveis pelo grande desajuste e
desequilíbrio. Poderíamos até arriscar um palpite que a
questão tem sua matriz ou origem no plano espiritual. A
combinação desses elementos acaba se desdobrando em
desajustes sociais e familiares, amplificados pela falta
de oportunidade de trabalho e de condições dignas de
vida.
Esses fatores têm um peso considerável, porém não são
determinantes, quando existe por parte do espírito um
certo amadurecimento do senso moral e o empenho em
superar seus obstáculos.
Sabemos que todos estamos neste planeta com o objetivo
de promover nossa evolução espiritual. Em O Livro dos
Espíritos 1, encontramos a
resposta para uma pergunta que sempre nos fazemos: Com
que objetivo Deus favorece a encarnação dos espíritos? “...com
o fim de fazê-los chegar à perfeição”. Existe um
processo de superação de dificuldades, que será
particular para cada espírito ao reencarnar. Em outras
palavras, cada caso é um caso diferente, existem
situações que até se parecem, mas não são iguais.
Quando buscamos esclarecimento e ajuda na Casa Espírita,
admitindo a possibilidade de sermos portadores de um
processo de influenciação, dificilmente reconhecemos que
nossas crianças também possam estar sob um processo de
perturbação, e geralmente a atribuímos a outras causas –
excesso de energia ou hiperatividade, por exemplo –
mas nunca a um processo obsessivo.
Existem crianças que apresentam nas escolas um grau de
agitação que vai além de questões terapêuticas ou
psiquiátricas. Elas parecem estar sob influência
espiritual para interferirem no processo de aprendizagem
dos outros coleguinhas, de forma a perturbar o ambiente
escolar, como nos conta Eliane Macarini em sua obra
extremamente oportuna para o momento que estamos vivendo
no ambiente escolar e social, não só do nosso país, mas
de outras nações, chamada de Comunidade Educacional
das Trevas2.
Mesmo sabendo que esse livro é uma obra romanceada, a
lógica do seu pensamento está em total consonância com O
Livro dos Espíritos, pois a ideia de grupos humanos
revoltados ou degenerados que reencarnam no seio da
nossa sociedade, para evoluir em contato com os outros
grupos, passou a fazer muito sentido. Assim como
espíritos em um grau de desequilíbrio muito grande que
reencarnam para serem socializados na convivência uns
com os outros.
Somos professores e alunos ao mesmo tempo uns dos
outros, de forma a reparar faltas cometidas em outras
existências com espíritos que necessitem viver
experiências semelhantes às nossas. Aprendemos com o
próximo e com esse mesmo próximo ensinamos, trocamos e
evoluímos.
Como a Lei de Deus é perfeita, conduz cada indivíduo a
ser atraído para situações pelas quais precisa passar e
evoluir. Não é um descuido da espiritualidade, mas
dentro da visão espiritual uma oportunidade para alguns
avançarem mais depressa na sua caminhada evolutiva.
Emmanuel no livro A Caminho da Luz, psicografado
por Chico Xavier, deixa claro que o comprometimento que
coletivamente contraímos ao longo dos séculos por
negligência da nossa parte terá de ser corrigido
coletivamente, séculos depois.
O melhor exemplo que podemos dar em relação ao nosso
país é a escravidão africana e indígena que aconteceu no
Brasil, durante quase quatro séculos. Talvez um dos
países que por motivos econômicos e políticos manteve
mais tempo o trabalho escravo no continente americano.
Consequentemente, em pleno século XXI, precisamos ter
políticas públicas e sociais para contrabalançar uma
atitude socioeconômica tomada pelo nosso país ao longo
da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea, no que
diz respeito ao tráfico e trabalho escravo no Brasil.
Dentro da programação espírita existe o trabalho de
evangelização em diversas faixas de idade, que começam
com a infantil e chegam à mocidade espírita, finalizando
com a evangelização do adulto, pois o processo de
educação para a vida futura é linear e constante. As
palestras públicas que acontecem nas Casas Espíritas são
um trabalho de divulgação doutrinária, fundamentados na
evangelização, no esclarecimento e libertação para a
vida futura com base na prática do amor ao próximo, o
exercício da caridade para com o semelhante e lições de
cidadania, lembrando-nos sempre da máxima deixada por
Jesus e bem exemplificada por Kardec em O Evangelho
segundo o Espiritismo, no cap. XV, itens de 1 a 5,
em que ele deixa claro que “Fora da Caridade não há
Salvação” e explica o motivo dessa orientação.
Não basta saber a verdade, devemos dentro das nossas
possibilidades colocá-la em prática, de forma a tentar
construir uma sociedade mais justa e igualitária para
todos.
Referências:
1) Kardec,
Allan; O Livro dos Espíritos, cap. II - Objetivo
da Encarnação; FEB.
2) Macarini,
Eliane; Comunidade Educacional da Trevas – Cap.
12; Lúmen Editora.
3) Kardec,
Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV - Fora
da Caridade não há salvação, itens 1 a 5; FEB.
4) Wikipédia
(A Enciclopédia Livre).
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