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por Eder Andrade

Educação e Espiritismo


A sociedade contemporânea está vivendo grandes desafios, entre os mais delicados encontra-se a educação das crianças e jovens, cujos pais pela necessidade da sobrevivência material são obrigados a sair para trabalhar e poucos têm condições de dar a devida atenção aos seus filhos, sendo obrigados a transferir para a escola incumbências que caberiam aos genitores.

Não estamos tentando encontrar um possível responsável pelas questões sociais que vêm eclodindo em vários pontos da sociedade, pois hoje sabemos que existe um conjunto de fatores, um verdadeiro combo de questões sociais, responsáveis pelo grande desajuste e desequilíbrio. Poderíamos até arriscar um palpite que a questão tem sua matriz ou origem no plano espiritual. A combinação desses elementos acaba se desdobrando em desajustes sociais e familiares, amplificados pela falta de oportunidade de trabalho e de condições dignas de vida.

Esses fatores têm um peso considerável, porém não são determinantes, quando existe por parte do espírito um certo amadurecimento do senso moral e o empenho em superar seus obstáculos.

Sabemos que todos estamos neste planeta com o objetivo de promover nossa evolução espiritual. Em O Livro dos Espíritos 1, encontramos a resposta para uma pergunta que sempre nos fazemos: Com que objetivo Deus favorece a encarnação dos espíritos? “...com o fim de fazê-los chegar à perfeição”. Existe um processo de superação de dificuldades, que será particular para cada espírito ao reencarnar. Em outras palavras, cada caso é um caso diferente, existem situações que até se parecem, mas não são iguais.

Quando buscamos esclarecimento e ajuda na Casa Espírita, admitindo a possibilidade de sermos portadores de um processo de influenciação, dificilmente reconhecemos que nossas crianças também possam estar sob um processo de perturbação, e geralmente a atribuímos a outras causas –   excesso de energia ou hiperatividade, por exemplo – mas nunca a um processo obsessivo.

Existem crianças que apresentam nas escolas um grau de agitação que vai além de questões terapêuticas ou psiquiátricas. Elas parecem estar sob influência espiritual para interferirem no processo de aprendizagem dos outros coleguinhas, de forma a perturbar o ambiente escolar, como nos conta Eliane Macarini em sua obra extremamente oportuna para o momento que estamos vivendo no ambiente escolar e social, não só do nosso país, mas de outras nações, chamada de Comunidade Educacional das Trevas2.

Mesmo sabendo que esse livro é uma obra romanceada, a lógica do seu pensamento está em total consonância com O Livro dos Espíritos, pois a ideia de grupos humanos revoltados ou degenerados que reencarnam no seio da nossa sociedade, para evoluir em contato com os outros grupos, passou a fazer muito sentido. Assim como espíritos em um grau de desequilíbrio muito grande que reencarnam para serem socializados na convivência uns com os outros.

Somos professores e alunos ao mesmo tempo uns dos outros, de forma a reparar faltas cometidas em outras existências com espíritos que necessitem viver experiências semelhantes às nossas. Aprendemos com o próximo e com esse mesmo próximo ensinamos, trocamos e evoluímos.

Como a Lei de Deus é perfeita, conduz cada indivíduo a ser atraído para situações pelas quais precisa passar e evoluir. Não é um descuido da espiritualidade, mas dentro da visão espiritual uma oportunidade para alguns avançarem mais depressa na sua caminhada evolutiva.

Emmanuel no livro A Caminho da Luz, psicografado por Chico Xavier, deixa claro que o comprometimento que coletivamente contraímos ao longo dos séculos por negligência da nossa parte terá de ser corrigido coletivamente, séculos depois.

O melhor exemplo que podemos dar em relação ao nosso país é a escravidão africana e indígena que aconteceu no Brasil, durante quase quatro séculos. Talvez um dos países que por motivos econômicos e políticos manteve mais tempo o trabalho escravo no continente americano.

Consequentemente, em pleno século XXI, precisamos ter políticas públicas e sociais para contrabalançar uma atitude socioeconômica tomada pelo nosso país ao longo da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea, no que diz respeito ao tráfico e trabalho escravo no Brasil.

Dentro da programação espírita existe o trabalho de evangelização em diversas faixas de idade, que começam com a infantil e chegam à mocidade espírita, finalizando com a evangelização do adulto, pois o processo de educação para a vida futura é linear e constante. As palestras públicas que acontecem nas Casas Espíritas são um trabalho de divulgação doutrinária, fundamentados na evangelização, no esclarecimento e libertação para a vida futura com base na prática do amor ao próximo, o exercício da caridade para com o semelhante e lições de cidadania, lembrando-nos sempre da máxima deixada por Jesus e bem exemplificada por Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, no cap. XV, itens de 1 a 5, em que ele deixa claro que “Fora da Caridade não há Salvação” e explica o motivo dessa orientação.

Não basta saber a verdade, devemos dentro das nossas possibilidades colocá-la em prática, de forma a tentar construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

 

Referências:

1)  Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos, cap. II - Objetivo da Encarnação; FEB.

2)  Macarini, Eliane; Comunidade Educacional da Trevas – Cap. 12; Lúmen Editora.

3)  Kardec, Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV - Fora da Caridade não há salvação, itens 1 a 5; FEB.

4)  Wikipédia (A Enciclopédia Livre).

  

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita