O Filho do Homem
Muitos confundem a personagem do Filho do Homem com Ego,
mas um não tem nada a ver com o outro.
Para podermos chegar e permanecer em consciência, temos
de descobrir a tramas do Ego, pois ele despeja
constantemente pensamentos, emoções, desejos, sensações,
em nós.
Reparem que separei o Ego de nós, por dois motivos,
apesar de muitos acreditarem que são o Ego, agarram-se a
toda a força a este ser mental que existe durante a
reencarnação:
1º. Nós nos lembramos das personagens ou Egos de outras
vidas? Não, se nos lembrássemos veríamos claramente que
são muito diferentes de nós hoje. Certamente falavam
outra língua, tinham outra cultura, tinham outra
religião etc. Para que o Espírito aprenda temos que
passar por todas as vicissitudes.
2º. Durante a própria vida, o Ego vai alterando-se a
cada dia. Nós não somos o ser psíquico de há um ano ou
de há 10 anos. Este vai sofrendo alterações com as
experiências, o aprendizado terreno, os problemas
enfrentado, em especial os mais complicados. Então, o
Ego é um ser psíquico que não tem realidade permanente,
que se altera nas mínimas situações, embora não nos
demos conta, e perecerá, o mais tardar, na próxima
reencarnação.
Dizemos que somos eternos, mas acreditamos ser este ser
psíquico limitado; esta é a maior causa de lutas e
sofrimentos na Terra. Irmãos lutam pela religião, pelo
país, pelas crenças e hábitos, honras, tudo em prol
desse personagem fictício.
O que é comum em todas as reencarnações é o Filho do
Homem, ou seja, o corpo, com toda a sua inteligência.
Este corpo responde à vida com uma inteligência
extrema. Se estivermos a ler um livro para um exame, o
cérebro está a gravar tudo o que lê na perfeição, a
mente coloca o pensamento sobre problemas, sobre o
passado, sobre o futuro, com os mais diversos conteúdos,
acabando por dificultar a tarefa. São dois personagens
diferentes, um está a ler, o outro está a importunar.
Se estivermos a trabalhar sem pensarmos em mais nada, o
Filho do Homem trabalha, mas se tiver em constante
pensamento, normalmente sobre assuntos que não têm a ver
com a tarefa, este é o Ego, a parte psíquica que avalia
tudo e cria o carácter. Está sempre a medir, comparar,
imaginar, criar o futuro, envolvido em problemas
mentais. O pensamento e todas as montagens deste, o
carácter ou personalidade e tudo o que vem daí, são
deste personagem. Como nós o vivemos atentamente e
apegadamente, acreditamos cegamente nele e vivemos como
se este fosse eterno. Passamos a vida na Terra a agradar
este barulhento personagem, barulhento porque é formado
pelo pensamento. Todos os seus caprichos se tornam em
desejos e aparecem das formas mais dissimuladas
possíveis.
Mateus 6:24:
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um
e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e a
Mamon.
Mamon é esse ser psíquico que vive fora do presente,
constantemente envolto em problemas e imaginações do
futuro. Quando estamos envoltos por este, não podemos de
forma alguma estar em consciência; um nos tira do outro.
Não confundam o Ego, como ser psíquico, com toda a
psique. O Ego é apenas uma parte, extremamente
barulhenta, que nos tem dirigido, mas sobra muito mais.
Sobram zonas da psique a que nem temos acesso por este
funcionar. É como se passássemos o dia com um chapéu de
chuva aberto por cima da cabeça; para onde formos, o sol
está tapado e aquele chapéu parece tudo, mas no dia que
o conseguimos tirar percebemos a imensidão sem ele.
Platão explica isto com a sua alegoria das cavernas.
Então temos três personagens na Terra:
- O Filho de Deus, de que nos podemos aproximar e
descobrir através do silêncio da oração e da vigia
constante. É a Busca do Reino de Deus.
- O Filho do Homem, que é o corpo com toda a sua
inteligência, onde se inclui a elaboração das tarefas e
a inteligência cerebral.
- O Ego ou Mamon, que são os desejos, os certos e os
errados, o carácter, o pensamento fora de tempo, as
doenças psíquicas mentais, não as físicas da alteração
da estrutura cerebral.
Parece-nos muito difícil a separação entre o Ego e o
Filho do Homem; até eles nos parecem o mesmo, mas,
através da amplificação da consciência, conseguida pelos
exercícios certos, vamos percebendo na prática qual é um
e qual é outro.
O Mestre e os outros Espíritos Evoluídos que passaram na
Terra não tinham Mamon ou Ego, viviam o presente sem se
preocuparem com o futuro ou serem perturbados pelo
passado.
Mateus 6:25:
Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida,
quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso
corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais
do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?
Se nos perguntassem
a que mais queríamos dar força, nós responderíamos: ao
Espírito.
Temos de convir: o corpo não tem futuro, envelhece a
cada minuto que passa até ao dia em que perece; a mente,
que é composta por todo o conhecimento desta vida e
influenciada pela moral que permanece ao longo das
reencarnações, também terá o seu fim. De reencarnação
para reencarnação, a mente sofre um apagão para que
possamos viver outro personagem. Este personagem tem um
objetivo temporário, acabando quando deixa de ser
necessário, o limite é a próxima reencarnação.
Sobra-nos o mais importante: o Espírito. Primeiro temos
que o conhecer, não por livros, como disseram os
Espíritos na resposta à pergunta 23-A, para nós nada é,
ou seja, não tem definição, mas podemos desenvolver,
através do desapego, sensibilidade suficiente para o
conhecer e perceber. Desapego do Ego ou Mamon.
Mantenham o exercício, Jesus vigiou com seus discípulos
para que eles conhecessem a verdade.
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