O voo ainda rasteiro em busca da
iluminação
Nos Dez Mandamentos, abundam as proibições – “não faças
isto, não faças aquilo” – enquanto o único mandamento
positivo é “amar a Deus acima de todas as coisas e amar
o próximo como a ti mesmo”. Cumprindo estes dois
preceitos, evitaríamos o mal. Mas, como seres humanos e
espíritos em contínua evolução moral, intelectual e
espiritual, raramente alcançamos esse ideal,
distanciando-nos das esferas sublimes e prendendo-nos
aos apegos materiais e emocionais.
Surge então Jesus, que orienta: “Se me amais, guardai os
meus mandamentos” e, por fim, o jovem que não envelheceu
anuncia uma nova determinação de sabedoria: “Que vos
ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também
vós uns aos outros vos ameis.” (1)
Todavia, essa prática é difícil; poucos se elevam na
arte do amor, pois amar é assumir uma responsabilidade
desinteressada. Muitas vezes, buscamos a reciprocidade –
maridos almejam o afeto das esposas, pais desejam o amor
dos filhos, e no trabalho, ansiamos por reconhecimento –
confundindo o servir com o querer receber.
O Espiritismo, por sua vez, nos ensina: “Espíritas,
amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o
segundo. Todas as verdades estão contidas no
cristianismo; os erros que nele germinaram são de origem
humana. E eis que, além do túmulo, vozes clamam: Irmãos,
nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os
vencedores da impiedade!” (2) Isso revela que as duas
asas que elevam o pássaro humano rumo à sublimação são a
caridade e a sabedoria.
Por vezes, somos afetuosos, mas apegados e
controladores; noutras, detemos vasto conhecimento, mas
faltam-nos o amor e a fé. No fundo, estamos aqui
reencarnados para sepultar nossos defeitos de caráter,
vícios e paixões – especialmente duas pragas que trazem
desgraças: o egoísmo e o orgulho.
Que Deus nos cure por meio dos espíritos benevolentes e
dos amigos verdadeiros, que não hesitam em nos apontar
nossos erros e nos guiam pelo caminho generoso – embora,
por vezes, árduo – da correção. Devemos compreender que
a lei de causa e efeito exige equilíbrio: não se paga em
excesso, nem se resgata de menos, mas o justo. Assim,
aprender que errar não é pecado, mas uma lição, nos
revela que não somos meros erros, mas um todo formado
por boas ações, conhecimentos e virtudes, mesmo que
modestas; permanecer no erro é, afinal, sinônimo de
ignorância e sofrimento.
Referências:
1) Jesus
(João 13:34)
2) Allan
Kardec - ESE - EME (Espírito de Verdade. Paris, 1860.)
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