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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

O voo ainda rasteiro em busca da iluminação


Nos Dez Mandamentos, abundam as proibições – “não faças isto, não faças aquilo” – enquanto o único mandamento positivo é “amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a ti mesmo”. Cumprindo estes dois preceitos, evitaríamos o mal. Mas, como seres humanos e espíritos em contínua evolução moral, intelectual e espiritual, raramente alcançamos esse ideal, distanciando-nos das esferas sublimes e prendendo-nos aos apegos materiais e emocionais.

Surge então Jesus, que orienta: “Se me amais, guardai os meus mandamentos” e, por fim, o jovem que não envelheceu anuncia uma nova determinação de sabedoria: “Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.” (1)

Todavia, essa prática é difícil; poucos se elevam na arte do amor, pois amar é assumir uma responsabilidade desinteressada. Muitas vezes, buscamos a reciprocidade – maridos almejam o afeto das esposas, pais desejam o amor dos filhos, e no trabalho, ansiamos por reconhecimento – confundindo o servir com o querer receber.

O Espiritismo, por sua vez, nos ensina: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades estão contidas no cristianismo; os erros que nele germinaram são de origem humana. E eis que, além do túmulo, vozes clamam: Irmãos, nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade!” (2) Isso revela que as duas asas que elevam o pássaro humano rumo à sublimação são a caridade e a sabedoria.

Por vezes, somos afetuosos, mas apegados e controladores; noutras, detemos vasto conhecimento, mas faltam-nos o amor e a fé. No fundo, estamos aqui reencarnados para sepultar nossos defeitos de caráter, vícios e paixões – especialmente duas pragas que trazem desgraças: o egoísmo e o orgulho.

Que Deus nos cure por meio dos espíritos benevolentes e dos amigos verdadeiros, que não hesitam em nos apontar nossos erros e nos guiam pelo caminho generoso – embora, por vezes, árduo – da correção. Devemos compreender que a lei de causa e efeito exige equilíbrio: não se paga em excesso, nem se resgata de menos, mas o justo. Assim, aprender que errar não é pecado, mas uma lição, nos revela que não somos meros erros, mas um todo formado por boas ações, conhecimentos e virtudes, mesmo que modestas; permanecer no erro é, afinal, sinônimo de ignorância e sofrimento.

 

Referências:

1) Jesus (João 13:34)

2) Allan Kardec - ESE - EME (Espírito de Verdade. Paris, 1860.)


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita