O mal não é indispensável
A maldade, a injustiça e o egoísmo são naturais
na criatura humana? É preciso transitar pelo
mal, para se chegar ao bem? A inércia e a
timidez dos bons abrem caminho para os maus? Não
necessariamente. Podemos transitar pela
ignorância, mas não precisamos vivenciar e
permanecer no mal para evoluir. Quando já
detemos um mínimo de elementos para discernir o
mal do bem, o mal se torna escolha voluntária.
O que temos feito dos conhecimentos, mesmo
precários, das lições de Jesus? Uma coisa é
errar por desconhecer. Outra coisa bem diferente
é errar voluntariamente, mesmo conhecendo as
consequências dos erros.
Deus não cria espíritos maus, apenas ignorantes.
No limiar da jornada evolutiva, podem errar,
pois ainda não conseguem discernir o certo do
errado. Suas ações originam-se dos instintos e
da discreta condução de espíritos mais
adiantados. É natural esperar que se preocupem,
inicialmente, apenas com a própria
sobrevivência.
As dores, no entanto, decorrentes de atos
infelizes, vão criando o abençoado
condicionamento para que erros sejam evitados.
Logo o espírito descobre que o mal não lhe faz
bem. Resvalando, ora em espinheiros, ora em
escolhos, começa a procurar o caminho reto para
sofrer menos. O inexorável caminho para o
progresso traçado pelo Criador começa a surgir,
ainda que de forma incipiente e primária.
É nesse estratégico momento evolutivo que surge
a encruzilhada em que o espírito poderá optar
pela rebeldia ou pela submissão. Caso escolha a
prepotência e o egoísmo, logo surgirão
providências do Plano Maior.
Não nascemos para sofrer. O mergulho no planeta
Terra com o escafandro da carne tem por objetivo
a transformação, com vistas ao progresso. No
entanto, quando empacamos e nos recusamos
a adequar nossa vida ao preconizado pela
espiritualidade, as esporas se fazem
necessárias, para que aprumemos a nossa marcha.
Quem persiste na maldade e no egoísmo, fugindo
da empatia e da generosidade, submete-se à
pressão natural da vida, que aciona um
torniquete, cuja pressão vai se acentuando, até
que crie juízo e passe a trilhar o melhor
caminho de evolução, tendo como exemplo,
distante, é claro, a própria figura de Jesus.
Ainda estamos atrás de alguma chave mágica ou
atalho para as regiões alcandoradas da
espiritualidade? Ou já chegamos ao estágio dos
que estão dispostos a servir? Ou já estamos
dispostos a suar, trabalhar, estudar, concentrar
forças e energias para fugir do erro, promover a
mudança íntima e a diminuir más tendências?
Vivamos de tal forma que o sofrimento seja
adstrito ao desconforto de viver num mundo de
expiações e provas, para que ele seja necessário
tão somente nos momentos em que nos esqueçamos de
nossos compromissos. Com essa preocupação
constante, tornar-se-ão desnecessárias as esporas da
força bruta e as dores que alinham nossa
existência.