Potências da Natureza – ocultas e ostensivas
Sim, a ação dos Espíritos – sobre a matéria e
sobre o pensamento – constituem uma das
potências da Natureza, causa de uma multidão de
fenômenos antes incompreendidos ou mal
explicados e até classificados de sobrenaturais,
o que não corresponde à verdade, já que também
são naturais. Apenas equivocamente
classificados. Mas agora explicados
racionalmente pelo Espiritismo.
Com outras palavras é o que encontramos no item
VI da Introdução de O Livro dos Espíritos.
Referida Introdução, composta de 17 itens, é
fonte riquíssima de informações, em leitura
indispensável para boa compreensão do
Espiritismo e seus desdobramentos doutrinários.
O item em destaque, com vários parágrafos, é um
resumo da Doutrina ditada pelos Espíritos e
compilada por Allan Kardec, o Codificador, ou
seja, o organizador desses ensinos na publicação
das obras.
No citado resumo encontramos, por exemplo, entre
outras informações:
a) Os Espíritos bons nos atraem para o bem, nos
sustentam nas provas da vida e nos ajudam a
suportá-las com coragem e resignação. Os maus
nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos
sucumbir e assemelhar-nos a eles;
b) As comunicações dos Espíritos com os homens
são ocultas ou ostensivas. As ocultas se
verificam pela influência boa ou má que exercem
sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo
discernir as boas das más inspirações. As
comunicações ostensivas se dão por meio da
escrita, da palavra ou de outras manifestações
materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes
servem de instrumentos;
c) Os Espíritos superiores se comprazem nas
reuniões sérias, onde predominam o amor do bem e
o desejo sincero, por parte dos que as compõem,
de se instruírem e melhorarem. A presença deles
afasta os Espíritos inferiores que,
inversamente, encontram livre acesso e podem
obrar com toda a liberdade entre as pessoas
frívolas ou impelidas unicamente pela
curiosidade e onde quer que existam maus
instintos. Longe de se obterem bons conselhos,
ou ensinamentos úteis, deles só se devem esperar
futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou
mistificações, pois que muitas vezes tomam nomes
venerados, a fim de melhor induzirem ao erro;
d) A moral dos Espíritos superiores se resume,
como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer
aos outros o que quereríamos que os outros nos
fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Nesse
princípio encontra o homem uma regra universal
de proceder, mesmo para as suas menores ações.
Notem que, propositalmente, selecionei trechos
parciais e não sequenciais do referido item da
citada Introdução, justamente para motivar o
leitor a buscar o exemplar e ler pelo menos o
item na íntegra, repleto de informações vitais
para o entendimento espírita, dentro da
grandiosidade da íntegra dos 17 itens da
introdução completa.
Percebe-se, com clareza, que apenas nos 4
destaques acima, há um universo de considerações
que podem ser extraídas. Por isso a riqueza do
conhecimento espírita. A obra de Kardec está à
disposição para constantemente ser buscada e
estudada. Os equívocos, dificuldades, decepções
e deturpações que surgem todo dia são
resultantes da ausência de um estudo mais
aprofundando, meditado, pesquisado e conhecido
em suas sutilezas. Cada frase, cada afirmação
abre um universo que precisa ser desbravado,
inclusive com exemplos do cotidiano. Justamente
para compreender quem são os Espíritos, o que
fazem, porque nos procuram...
E, claro, que leis regem esse contato entre o
mundo espiritual e o mundo físico. Como isso
ocorre? A variedade de circunstâncias e
ocorrências é outro ângulo importante da
questão, que não pode ser desprezada.
E não outro caminho para evitar distorções
dispensáveis senão o conhecimento. Este ilumina,
orienta, conduz e liberta de vícios e
condicionamentos que são introduzidos justamente
pela ausência de conhecimento.
Mediunidade, médiuns, espíritos são naturais na
vida humana. Paremos de inventar, de querer
introduzir práticas incoerentes. A prática
espírita caminha pela racionalidade e pelo bom
senso.