De lá para cá
Ninguém julgue que a morte represente salvo-conduto para
a beatitude celeste.
Muitas existências em que o programa do bem padece
frustração pela nossa rebeldia ou indiferença somente
recolhem, depois do túmulo, a aflitiva purgação de
nossos erros deliberados.
O inferno mental estabelecido por nós, dentro de nossas
próprias almas, exige-nos o retorno à matéria densa para
que as chamas do remorso ou do arrependimento se apaguem
ao contato de novas lutas…
Aqui, é o usurário que deseja desvencilhar-se da
obsessão do ouro usando a túnica da pobreza.
Ali é o tirano que se propõe a aprender humildade nas
linhas do anonimato e da angústia.
Mais além, é o delinquente que suspira por reencontrar
as vítimas de ontem a fim de resgatar os débitos
contraídos.
Na conquista, porém, do recomeço, é indispensável se
esforcem com devotamento e renúncia, por alcançar a
reencarnação que os investirá na posse da oportunidade
pretendida.
Para isso, empenham-se em rasgos de sacrifício,
plantando entre os encarnados a bênção da simpatia, o
indispensável passaporte para a estação do lar humano,
em que se renovarão, à frente do progresso.
Eis por que a experiência na Terra não representa mera
aventura da alma e sim precioso tempo de aprendizado e
serviço que não devemos menosprezar.
Pela instrumentalidade do Plano Físico, reaproximamo-nos
de antigas dificuldades ou de passados desafetos para
que a obra do amor se reajuste e se consolide, conosco e
junto de nós.
Não menoscabes o ensejo de elevação que a atualidade te
confere.
A máquina fisiológica em que provisoriamente estagias
pode ser uma escada para a Esfera superior ou declive
sutil para regiões expiatórias, dependendo de ti fazê-la
degrau para a luz ou novo salto ao despenhadeiro da
sombra.
Valoriza a existência terrestre e caminha para diante,
convertendo a luta redentora em recurso de ascensão.
Recorda que o tempo é o mordomo fiel da vida e, se a
Bondade do Senhor te concedeu para hoje a riqueza do
corpo físico, a justiça d’Ele mesmo espera-te, amanhã,
para a conta imprescindível.
Do livro Atenção, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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