Espiritismo
para crianças

por Marcela Prada

 

Tema: O bem 


O trabalho no bem


Gabriel era um menino muito correto. Respeitava a professora, cumpria seus deveres e as regras da escola. Mas não tinha muitos amigos. Era tímido e quieto. Passava o recreio lendo ou vendo os outros meninos jogar bola.

Ele tinha vontade de jogar com eles, mas nunca era convidado. Às vezes ele via os meninos divertindo-se juntos, dando risada, mas Gabriel estava sempre fora das brincadeiras.

Um dia, na saída da escola, os colegas estavam combinando alguma coisa e um deles falou:

– Gabriel, amanhã é sábado, não tem aula, mas a gente virá à escola; você quer vir com a gente?

O garoto sorriu satisfeito e respondeu:

– Tá bom!

Gabriel nem sabia o que iriam fazer, mas ficou tão contente por ter sido convidado, que aceitou, e no outro dia, de manhã, no horário combinado, estava lá, juntando-se ao grupo.

Os meninos estavam animados, cochichando, rindo, e carregando umas latas de tinta.

– Toma aqui uma, Gabriel, nós vamos pintar a escola – disse um deles.

– Tá bom! – disse Gabriel, pegando a lata, sem ainda entender muito bem o que iam fazer.

Gabriel, na sua ingenuidade, achou que iriam melhorar o aspecto da escola, mas não foi isso o que aconteceu. Os meninos começaram a pichar o muro com rabiscos feios e palavrões.

Quando percebeu a situação, Gabriel se assustou. Não queria fazer aquilo. Sabia que era errado e que ele deveria ir embora. Mas não conseguiu. Continuou ali parado, carregando as tintas, enquanto eles pichavam. Achava que os meninos ficariam bravos com ele se saísse. Além do mais, se ele ficasse, poderia ser aceito no grupo dali para a frente.

De repente, um carro veio com velocidade, parou ao lado deles e um homem desceu.

Era o diretor da escola, o professor Cláudio, que deu uma bronca nos meninos e mandou todos para casa, dizendo que marcaria reunião na escola, com os pais deles, na segunda-feira.

Gabriel ficou arrasado. Chegou a casa chorando e contou para sua mãe tudo o que tinha acontecido.

A mãe compreendeu a situação, deu alguns conselhos para o filho e também o acalmou, dizendo que tudo ficaria bem.

Gabriel parou de chorar, mas ainda se sentia mal. Já imaginava os professores e outros alunos olhando para ele com olhares de reprovação. Ele passou o resto da manhã triste, fechado em seu quarto.

Na hora do almoço, depois de comerem, sua mãe avisou:

– Filho, hoje é o dia da distribuição das cestas básicas para as famílias cadastradas no nosso centro espírita. Lembra que nós estávamos pedindo doações e arrecadando alimentos? Então, hoje será o dia da distribuição. A nossa casa espírita estará bem movimentada e contamos com a ajuda de voluntários. Você disse que poderia ajudar, então sairemos daqui a pouco, está bem?

– Não, mãe! Eu não posso ir! – disse Gabriel. – Tem gente lá que tem filho na minha escola. Já devem estar sabendo que eu estava no grupo da pichação. Como eu posso pichar a escola de manhã e querer fazer a caridade à tarde? Não dá, né? – disse Gabriel, ainda constrangido.

– Claro que dá! Jesus é tão bom, que nos aceita para o trabalho do bem, do jeito que estivermos, com aquilo que conseguirmos fazer. Basta termos disposição, que, em alguma coisa, sempre poderemos ser úteis. Vamos! Eu quero que você vá!

A mãe de Gabriel lembrou ainda o ensinamento evangélico: “o amor cobre a multidão de pecados”. É justamente o trabalho no bem que nos dá méritos para lidarmos com as nossas faltas e erros cometidos.

Ela insistiu e ele acabou indo.

Chegando ao centro espírita, encontraram muitas pessoas. Vários trabalhadores e uma fila enorme de assistidos, que esperavam as doações.

Havia muito trabalho a ser feito: conferir os nomes, carregar as cestas, arrumar as cadeiras no salão, onde as pessoas ouviriam a palavra do evangelho e a prece, e ainda colaborar na limpeza, na preparação do lanche, entre outras coisas.

Gabriel foi chamado a ajudar na cozinha. Ele tinha que cortar os pães e fazer os sanduíches que seriam servidos. Outras pessoas também trabalhavam ali. Eram pessoas simpáticas que o trataram muito bem, ensinando a ele o serviço. Elas estavam animadas, riam, elogiavam o que estava sendo feito.

Gabriel logo se identificou com elas e sentiu-se bem por estar naquele grupo. Aos poucos, ele esqueceu seus problemas, começou a conversar e, sem perceber, começou a sorrir também.

No final da tarde, depois de concluídas todas as tarefas, o dirigente reuniu os trabalhadores e agradeceu a participação de todos. Em seguida, fez a prece de encerramento e todos se despediram.

Gabriel sentiu-se satisfeito por ter participado daquela tarde na qual tantas famílias tinham sido beneficiadas com alimentos e carinho. Retornou para casa renovado, com outro ânimo. Ele voltou a se considerar uma boa pessoa. Estava encorajado e pronto para reparar seu erro e não voltar a cometê-lo.

Na segunda-feira houve reunião na escola. As câmeras de segurança haviam filmado tudo. Gabriel estava envergonhado, mas o diretor Cláudio que o conhecia bem apenas conversou com ele e fez algumas recomendações.

O episódio passou e com o tempo foi ficando até esquecido por Gabriel. Porém, ele não esqueceu a lição que aprendeu: que o trabalho no bem é um grande remédio para muitos males.

 


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