Tema: O bem
O trabalho no bem
Gabriel era um menino muito correto. Respeitava a
professora, cumpria seus deveres e as regras da escola.
Mas não tinha muitos amigos. Era tímido e quieto.
Passava o recreio lendo ou vendo os outros meninos jogar
bola.
Ele tinha vontade de jogar com eles, mas nunca era
convidado. Às vezes ele via os meninos divertindo-se
juntos, dando risada, mas Gabriel estava sempre fora das
brincadeiras.
Um dia, na saída da escola, os colegas estavam
combinando alguma coisa e um deles falou:
– Gabriel, amanhã é sábado, não tem aula, mas a gente
virá à escola; você quer vir com a gente?
O garoto sorriu satisfeito e respondeu:
– Tá bom!
Gabriel nem sabia o que iriam fazer, mas ficou tão
contente por ter sido convidado, que aceitou, e no outro
dia, de manhã, no horário combinado, estava lá,
juntando-se ao grupo.
Os meninos estavam animados, cochichando, rindo, e
carregando umas latas de tinta.
– Toma aqui uma, Gabriel, nós vamos pintar a escola –
disse um deles.
– Tá bom! – disse Gabriel, pegando a lata, sem ainda
entender muito bem o que iam fazer.
Gabriel, na sua ingenuidade, achou que iriam melhorar o
aspecto da escola, mas não foi isso o que aconteceu. Os
meninos começaram a pichar o muro com rabiscos feios e
palavrões.
Quando percebeu a situação, Gabriel se assustou. Não
queria fazer aquilo. Sabia que era errado e que ele
deveria ir embora. Mas não conseguiu. Continuou ali
parado, carregando as tintas, enquanto eles pichavam.
Achava que os meninos ficariam bravos com ele se saísse.
Além do mais, se ele ficasse, poderia ser aceito no
grupo dali para a frente.
De repente, um carro veio com velocidade, parou ao lado
deles e um homem desceu.

Era o diretor da escola, o professor Cláudio, que deu
uma bronca nos meninos e mandou todos para casa, dizendo
que marcaria reunião na escola, com os pais deles, na
segunda-feira.
Gabriel ficou arrasado. Chegou a casa chorando e contou
para sua mãe tudo o que tinha acontecido.
A mãe compreendeu a situação, deu alguns conselhos para
o filho e também o acalmou, dizendo que tudo ficaria
bem.
Gabriel parou de chorar, mas ainda se sentia mal. Já
imaginava os professores e outros alunos olhando para
ele com olhares de reprovação. Ele passou o resto da
manhã triste, fechado em seu quarto.
Na hora do almoço, depois de comerem, sua mãe avisou:
– Filho, hoje é o dia da distribuição das cestas básicas
para as famílias cadastradas no nosso centro espírita.
Lembra que nós estávamos pedindo doações e arrecadando
alimentos? Então, hoje será o dia da distribuição. A
nossa casa espírita estará bem movimentada e contamos
com a ajuda de voluntários. Você disse que poderia
ajudar, então sairemos daqui a pouco, está bem?
– Não, mãe! Eu não posso ir! – disse Gabriel. – Tem
gente lá que tem filho na minha escola. Já devem estar
sabendo que eu estava no grupo da pichação. Como eu
posso pichar a escola de manhã e querer fazer a caridade
à tarde? Não dá, né? – disse Gabriel, ainda
constrangido.
– Claro que dá! Jesus é tão bom, que nos aceita para o
trabalho do bem, do jeito que estivermos, com aquilo que
conseguirmos fazer. Basta termos disposição, que, em
alguma coisa, sempre poderemos ser úteis. Vamos! Eu
quero que você vá!
A mãe de Gabriel lembrou ainda o ensinamento evangélico:
“o amor cobre a multidão de pecados”. É justamente o
trabalho no bem que nos dá méritos para lidarmos com as
nossas faltas e erros cometidos.
Ela insistiu e ele acabou indo.
Chegando ao centro espírita, encontraram muitas pessoas.
Vários trabalhadores e uma fila enorme de assistidos,
que esperavam as doações.
Havia muito trabalho a ser feito: conferir os nomes,
carregar as cestas, arrumar as cadeiras no salão, onde
as pessoas ouviriam a palavra do evangelho e a prece, e
ainda colaborar na limpeza, na preparação do lanche,
entre outras coisas.
Gabriel foi chamado a ajudar na cozinha. Ele tinha que
cortar os pães e fazer os sanduíches que seriam
servidos. Outras pessoas também trabalhavam ali. Eram
pessoas simpáticas que o trataram muito bem, ensinando a
ele o serviço. Elas estavam animadas, riam, elogiavam o
que estava sendo feito.
Gabriel logo se identificou com elas e sentiu-se bem por
estar naquele grupo. Aos poucos, ele esqueceu seus
problemas, começou a conversar e, sem perceber, começou
a sorrir também.
No final da tarde, depois de concluídas todas as
tarefas, o dirigente reuniu os trabalhadores e agradeceu
a participação de todos. Em seguida, fez a prece de
encerramento e todos se despediram.
Gabriel sentiu-se satisfeito por ter participado daquela
tarde na qual tantas famílias tinham sido beneficiadas
com alimentos e carinho. Retornou para casa renovado,
com outro ânimo. Ele voltou a se considerar uma boa
pessoa. Estava encorajado e pronto para reparar seu erro
e não voltar a cometê-lo.
Na segunda-feira houve reunião na escola. As câmeras de
segurança haviam filmado tudo. Gabriel estava
envergonhado, mas o diretor Cláudio que o conhecia bem
apenas conversou com ele e fez algumas recomendações.
O episódio passou e com o tempo foi ficando até
esquecido por Gabriel. Porém, ele não esqueceu a lição
que aprendeu: que o trabalho no bem é um grande remédio
para muitos males.