Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Medo do escuro


A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor
. Pe. Antônio Vieira


O medo do escuro, também conhecido como nictofobia, é uma fase normal no desenvolvimento infantil, revelando um período em que a criança começa a descobrir e a entender o mundo ao seu redor. Este temor surge geralmente entre os 2 e 6 anos de idade, e de acordo com uma época em que a distinção entre a realidade e a fantasia ainda não está bem definida.

Na infância, o medo do escuro diz respeito a diversas causas psicológicas enraizadas nas experiências iniciais e na percepção de mundo da criança. Uma das causas mais apontadas é a ansiedade de separação, que se acentua durante a noite, pois a ausência de luz pressupõe uma separação simbólica dos pais e do ambiente conhecido. Em meio à escuridão, o limite entre o pensamento mágico e a realidade torna-se difuso, fazendo com que monstros ganhem vida no imaginário da criança.

Além disso, vivências negativas associadas à escuridão, como pesadelos, histórias assustadoras ou um evento traumático que ocorreu no escuro, podem deixar marcas duradouras. Por exemplo, uma criança que se perde dos pais à noite em um local público pode associar esse medo de perder-se e a sensação de vulnerabilidade à escuridão, fazendo com que o temor ganhe força mesmo em seu ambiente familiar.

Qual é o papel dos pais quando o filho pequeno tem medo do escuro?
As reações e o comportamento dos pais perante a própria escuridão ou ao medo manifestado pela criança podem influenciar diretamente como ela própria irá encarar o escuro. Por exemplo, quando os pais demonstram ansiedade ao verificar ruídos noturnos ou quando expressam medo através de contos e lendas associadas à escuridão, tudo isso pode validar (e reforçar) as preocupações da criança, ampliando sua percepção de que o escuro é, de fato, um estado a ser temido.

De outro lado, atitudes de enfrentamento positivas, como manter uma rotina confortável e segura antes de dormir, uso de luzes noturnas e o fortalecimento da independência da criança para demonstrar que ela é capaz de lidar com a escuridão, podem, por sua vez, mitigar a intensidade do medo.

Sem dúvida, a maneira como os pais enfrentam e desmistificam o medo do escuro provoca um impacto direto na capacidade da criança de superar suas inseguranças, oferecendo a ela um aprendizado  gradual de resiliência e compreensão frente a esse desafio comum na infância.

No dia a dia, atividades  estratégicas como criar juntos uma “lanterna da coragem”, que a criança pode acender quando sentir medo, ou a “guarda dos sonhos”, bonecos ou bichinhos de pelúcia escolhidos pela criança para “proteger” o sono, adicionam elementos de jogo às estratégias de enfrentamento.

Ao  lidarem com seus medos com o apoio dessas estratégias, elas estarão simultaneamente construindo alicerces importantes para o desenvolvimento de sua resiliência emocional, preparando-se para transformar outros momentos de medo em oportunidades de crescimento e aprendizado.

Por fim, ao abordar o medo do escuro como uma oportunidade para o desenvolvimento de habilidades emocionais importantes, pais podem ajudar as crianças a construir uma base sólida de confiança e segurança em si mesmas. Esse processo não só alivia o medo do escuro, mas também estrutura as crianças, sobretudo do ponto de vista emocional, para enfrentar desafios futuros de maneira mais segura e confiante.

Notinhas

A criação de um ambiente aconchegante no quarto é muito importante. Isso pode ser feito através da adição de itens que transmitam conforto emocional, como um abajur com luz suave ou brinquedos com os quais a criança tenha um vínculo afetivo. Muitas vezes, o medo do escuro está associado à sensação de solidão, logo tornar o quarto um espaço acolhedor pode diminuir essa percepção. Importante também criar uma rotina onde caiba ler uma história ou ouvir músicas suaves, que auxiliem na transição para o sono em um estado mais tranquilo.  
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita