A morte existe?
Uma das maiores
crenças que os espiritualistas ou religiosos têm é que a
morte não existe.
Esta ideia tem-nos levado
à escolha dos caminhos errados, a escolha dos tesouros
que terminam com o tempo, que a traça rói.
Estes tesouros não são
apenas os bens materiais, mas todos os que o tempo
extingue, pois os do céu são eternos.
Sei que pode ser um
choque e que é assustador para a humanidade falarmos em
morte, mas esta faz parte de um ciclo natural.
Vou tentar explicar com
imagens, para se tornar mais simples.
Chegou a ver o filme
“Nosso Lar”?
Lembra-se do Lísias? Um
jovem que se tornou amigo do André Luiz e que estava
breve para reencarnar?
O que acontece quando
reencarnamos? Mantemos as memórias? Mantemos o eu que
fomos na vida anterior?
O corpo, da vida
anterior, já nem existe, morreu e retornou, através da
decomposição, ao movimento químico e biológico natural
do planeta.
A entidade que o
habitava, neste caso, o Lísias, está próximo de
desaparecer. Quando nascer, será uma nova entidade, com
nome dado pelos pais, uma educação diferente, uma
cultura diferente, alterada pela mudança geográfica e
temporal do novo nascimento, acumulando novas
experiências, influenciado pelas limitações ou
capacidades de seu corpo.
Resumindo, o Lísias
morreu.
Sei que o termo “morreu”
é aterrador para a maioria, por isso, nos dar sensações
de medo quando falamos ou ouvimos falar dele. Este só é
mau se não nos familiarizarmos com ele, se o tentarmos
entender, percebemos que não existe nada de mau neste,
pelo contrário, leva-nos a uma vida pacífica de amor.
Algo morrer significa o
final deste algo, uma nova época. Ou seja, a morte é um
movimento de nascimento. Quando existe morte, existe
nascimento.
No caso do Lísias, quando
este morre, o novo personagem nasce, ou podemos ver ao
contrário, quando o novo personagem nasce, o antigo
morre.
Durante a vida, a morte e
o nascimento acontecem muitas vezes, todos os dias, e
por vezes, várias vezes por dia.
Por exemplo. A Manuela
odeia a Carla. Quando a Manuela perdoa a Carla, aquele
ódio morre, nasce, em seu espaço mental, algo de
diferente que modifica a Manuela. O ódio deu lugar à paz
e a algum amor, nem que seja de diminuta dimensão.
Se eu sou uma pessoa
egoísta e entro na doutrina espírita, esta ensina-me a
caridade e eu aceito. Aprendo a ser caridoso, mato
aquele egoísmo em mim, torno-me diferente, pois no lugar
do egoísmo acontece o espaço para nascer paz e amor.
Conseguem perceber o
mesmo com todos as outras más tendências, como a raiva,
o rancor e por aí fora?
A maior dificuldade que
nós temos em ver a morte é com o ser psíquico que
construímos, no meu caso o Bruno. Mas na teoria, graças
ao ensinamento da reencarnação, podemos perceber
teoricamente que este personagem não existirá na próxima
vida, ele morre em algures.
Se perguntarmos a nós
próprios o que sobrou do da vida passada, a maioria não
sabe responder. Imagine que vivia no Egito, há duzentos
anos, o que imagina que sobrou?
Jesus Cristo tem uma
passagem na Bíblia, Lucas 9:59, que diz: “A
outro, disse: - Siga‑me. Ele, porém, respondeu: -
Senhor, deixa‑me ir primeiro sepultar o meu pai. Jesus
lhe disse: ― Deixe que os mortos sepultem os seus
próprios mortos; você, porém, vá e proclame o reino de
Deus
Esta passagem parece-nos
tão estranha, porque criamos a ideia de que ninguém
morre. Jesus se refere aos mortos, não só ao morto de
corpo, mas aos que estão vivos de corpo, ainda. Chama de
mortos aos que iriam morrer. Quem são estes que morrem?
A ignorância do que somos
leva-nos à crença de que somos este personagem. A
maioria dos espíritas já afirmam de forma convincente
que não são o corpo, mas continuam apegados ao
personagem da Terra que irá morrer. Isso leva-os à
escolha de uma vida em favorecimento a este personagem
limitado, amealhando tesouros da Terra, onde estão
incluídas formas de estar mentais.
Jesus, faz esta
afirmação: Deixai o morto enterrar os seus mortos,
porque aqueles que vivem a partir do personagem e em
favorecimento a este, construindo, seja materialmente ou
psicologicamente, estão a construir no que irá morrer.
A morte é extremamente
importante para a evolução do espírito, sem ela, não
existe evolução.
A forma como temos vivido
é: O corpo nasce, temos a oportunidade de voltar a ser
puros, pois é nosso o Reino de Deus. Cada vez que
renascemos, somos crianças terrenas, e logo, em pequena
idade, por influência da sociedade e hábitos enraizados
na humanidade, criamos um personagem, com uma enorme
força, um enorme caráter.
Este personagem é a
individualização terrena, a separação de todo o resto,
daí nascem todas as más tendências. O tal que está
condenado a morrer.
A pergunta que devem
estar a fazer é : Mas nós não morremos, pois não?
Quem somos nós? Esta é a
verdadeira questão que devemos fazer, pois, se
soubermos, estaremos a criar os tesouros certos.
Voltamos ao Lísias, para
termos uma visualização. O personagem morre, o bebé
nasce, não existe ainda um personagem, mas nós
existimos. Segundo Jesus, é nosso (das crianças) o Reino
de Deus.
O que realmente morreu?
Se soubermos o que
morreu, deixamos de dar importância e alimentar o ser
que morre. Passamos a dar importância ao que é eterno,
ao que passa de uma vida para outra.
O que passa de uma vida
para outra?
Não teorize, pois nenhuma
palavra ou pensamento passa, tudo isso se inicia
novamente.
“Por essa ocasião, os
discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram:
Quem é o maior no reino dos céus? — Jesus, chamando a si
um menino, o colocou no meio deles e respondeu:
Digo-vos, em verdade, que, se não vos converterdes e
tornardes quais crianças, não entrareis no reino dos
céus. — Aquele, portanto, que se humilhar e se
tornar pequeno como esta criança será o maior no reino
dos céus — e aquele que recebe em meu nome a uma
criança, tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que
recebe.” (S. Mateus, 18:1 a 5.)”
Como poderemos ser
crianças toda a vida se não abdicando de nós?
Bruno
Abreu reside em Lisboa, Portugal.
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