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por Fernando Rosemberg Patrocínio

 

Evolução sem paralisação


Involução, como se sabe, trata-se de um movimento para trás, ou seja, de um retrocesso, uma espécie de volta a um estado mais primitivo, ou, dir-se-ia, de retrogradação.

O Espiritismo, como sabemos pelo Item 118 de O Livro dos Espíritos (1857-AK), do renomado codificador Allan Kardec, ministra que um Espírito pode até estacionar, mas não retrogradar! Ou seja: conquistando-se certo patamar de sua evolução pelos Mundos materiais, sua destinação é sempre para frente, não retornando jamais a um estado anterior, como dito, de involução.

Logo, conquanto um Espírito possa até estacionar em determinado estágio do seu progresso, o fato é que a evolução é sempre para a frente, para cima e sem possibilidade de retorno a um passado de menor expressão: intelectual e moral, salvo por expiação. Noutros termos: se abusei da inteligência prejudicando o próximo, posso retornar com debilidade cerebral e, óbvio que, puramente orgânica, e, pois, passageira, porquanto o Espírito, em si, não se debilita e segue avante, seja aqui, seja acolá.

Mas, como falávamos dantes, acerca do estacionar provisório do Espírito em sua jornada evolutiva, tal tema poderia, ainda, ser visto doutra forma, ou, melhor dizendo, de um aprofundar-se do tema, como se pode ver, por exemplo, num trabalho mui brilhante de André Luiz prefaciado por Emmanuel e intitulado No Mundo Maior, obra de 1947, psicografia de Chico Xavier.

Nele temos, no Capítulo 4, “Estudando o Cérebro”, e, a um certo ponto de sua longa e sábia apreciação, a seguinte abordagem do que hoje laboramos neste texto:

“Ainda que pareça aparentemente estacionária, a Mente prossegue seu caminho, sem recuos, sob a indefectível atuação das forças visíveis e invisíveis”. (Opus Cit.).

Por tal ensino, de tão respeitáveis autores, parece-nos que, completando O Livro dos Espíritos (1857-AK), a parada ou o estacionar-se do Ser, ou seja, do Espírito, em determinado degrau de sua evolução, não existiria, por assim dizer, de modo absoluto, mas, sim, relativo, ou seja, o Ser estaria “aparentemente estacionário”, porquanto estaria evoluindo mesmo que à sua revelia, conquanto não nos pareceria a uma primeira e superficial análise, pois que, mais a fundo, algo do eterno aprendizado se verifica, mesmo que não apreciável numa primeira análise.

Logo, dito estacionar-se do Espírito, não progredindo, seria, por tal ótica, e, apenas, de alguma parecença com tal situação, porquanto, mais a fundo, e, de modo mui lento, a evolução se faz, ou, se faria, pela dinâmica não paralisante de tudo e de todos nós!

Óbvio que dita questão do Chico, de André Luiz e de Emmanuel, pode ser contestada, preferindo-se, apenas, o que está em Kardec, o que, aliás, não discutimos, mas apenas, pensamos estar dando algum contributo do que, mais a fundo, poderia dar-se com o referido tema do estacionar-se do Espírito, fato que não ocorreria, assim, de modo absoluto, mas apenas relativo!

Afinal:

Estamos no limiar do Espiritismo, doutrina incessante e não paralisante, que, como “Ciência do Infinito”, não cessa jamais!


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita