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Três obras-primas da humanidade
Há obras que não se contentam em existir – elas
acendem luzeiros na Humanidade. São como astros que
brilham mais intensamente com o passar dos séculos,
iluminando a estrada sinuosa do espírito humano. Nelas,
o homem encontra não apenas palavras, mas portos seguros
e faróis eternos, capazes de dissipar as trevas do tempo
e revelar, sob a pátina dos milênios, a flama imortal da
verdade. Assim como a brisa que, ao beijar nossa face,
recorda-nos de mares que nunca vimos, tais obras narram
e despertam, instruem e transfiguram, descortinando um
mundo novo ao nosso olhar.
Entre esses astros, nenhum é mais alto que a Bíblia
Sagrada. Nas suas páginas respira o sopro primevo
que desenhou mundos, e ressoa a voz que, nas madrugadas
eternas, chama cada alma pelo seu próprio nome. É livro
que não pertence a uma apenas, mas a todas as épocas;
que não é de um só povo, mas de todo o gênero humano.
Nele, o deserto floresce e a tempestade se acalma; o
lamento se converte em cântico e a cruz, em novo
arrebol. A Bíblia é mais que escrita: é uma ponte de luz
entre o humano e o divino, um rio que começa no Éden e
deságua no Infinito.
Também há, na história espiritual da Terra, encontros
que marcam uma era – e O Livro dos Espíritos é
um desses marcos. Como se o próprio Céu houvesse aberto
as janelas para projetar na Terra um dilúvio de
claridades, essa obra recolhe o clamor do mundo e
devolve-lhe respostas que não se apagam nem com a morte.
É o cântico do Espírito Verdade ecoando na mente humana
em notas de ciência, filosofia e religião, unificadas
numa única harmonia. Ali, cada página é um clarão que
não apenas dissipa dúvidas, mas convida o leitor a viver
mais livre, a voar mais alto e a caminhar mais
consciente do destino que o espera.
E há livros que são montanhas de píncaros acroceráunios:
não se conquistam de um fôlego, pois exigem ascensão,
persistência e sagrada reverência. A Grande Síntese,
de Pietro Ubaldi/Sua Voz, é desses altiplanos onde a
alma respira um ar estratosférico muito rarefeito. Nela,
a criação inteira parece condensar-se num cântico único,
onde matéria e espírito se fundem, ciência e mística se
abraçam, e o homem reconhece seu lugar nesse vasto e
desconhecido Cosmos que nos envolve. Quem chega a seu
cume descobre tanto um horizonte novo quanto um Sol que
nasce de suas entranhas. E, como todo verdadeiro
peregrino, já não deseja mais descer, pois ali, na
plenitude da resplandecência divina, percebe que
encontrou, muito além do que parecia ser o fim da
jornada, o começo de uma indescritível Eternidade.
Inspirado nessas três fontes da sabedoria humana,
escrevemos os sonetos desta Trilogia poética que
apresentamos a seguir, almejando harmonizá-los com os
sublimes ideais do amigo leitor, ao mesmo tempo em que
rendemos serena homenagem a essas obras que já nasceram
sob o signo da imortalidade.
A BÍBLIA – I
Almo Poder flameja sobre as águas:
Do imenso caos o Gênesis principia...
Soalhando a terra e o mar – ardentes fráguas –,
O albor primevo do primeiro dia...
A vida, a evolução, a espécie humana,
Força e prazer, misérias e ambrosias...
Impérios sob a lei da durindana,
Profetas augurando profecias...
Jesus, depois, ensandalando a brisa,
Na luz de Sua aerofaneidade,
A paz, num mundo em guerra, diamantiza.
Sofre, na cruz, do humano senso o eclipse,
Para exsurgir, em glória, à Humanidade,
Do incêndio universal do Apocalipse!
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – II
Assembleia no espaço. Alta falange,
À excelsa voz de O Espírito Verdade,
Traça novo roteiro à Humanidade,
Que, em volutas de dor, o mal constrange.
Das brotas virginais do Cristianismo,
Em jorros de cristal, aura divina
Empolga aquela plêiade peregrina
E inspira-lhe com amor: Espiritismo.
Comportas rompem-se... A luz espadana
Num dilúvio lustral, que a alma redime,
E, em cataratas, desce à mente humana.
Deus doa à Terra uma Nova Harmonia,
Centrada num complexo amplo e sublime
De Ciência, Religião, Filosofia.
A GRANDE SÍNTESE – III
Quantas vezes ao pé desta montanha
– Templo
de deuses, forja de avatares –,
Tangido pela fé que me acompanha,
Sonhei galgar seus cimos estelares.
Mas ao transpor silentes patamares,
Arrebatou-me esta visão estranha:
Mais fulgurante que os raios solares,
Havia um Sol brilhando em sua entranha!
Oh, Deus! como é infinito o panorama
Que destas grimpas Teu Poder proclama!
Só Tu, Senhor, e eu, nesses espaços...
E é tanta a luz que aqui minh’alma banha,
Que nunca mais descerei a montanha:
Feliz hei de viver entre teus braços!
Mário Frigéri é
poeta, escritor, autor e youtuber com a mente e o
coração voltados para o esplendor do Evangelho e da
Doutrina Espírita. Campinas-SP.
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